Semana passada falei aqui de Ponte para Terabítia, um filme infantil que não menospreza as crianças com situações forçadas e piadas gastas. Imagina-se que um diretor de renome internacional, como Luc Besson, responsável por projetos acima da média, como O profissional e O Quinto Elemento, tivesse essa mesma visão, partindo assim para algo criativo. Mas não é o que se vê em Arthur e os Minimoys (Arthur et les Minimoys, 2007).
A aventura começa com a avó de Arthur (Mia Farrow) procurando seu neto pela fazenda onde mora. Arthur (Freddie Highmore) não responde ao chamado da avó porque caiu no sono, lendo o livro do seu avô, cheio de aventuras e invenções. Longe do mundo dos sonhos, porém, os problemas reais o atormentam. No dia do seu aniversário, o garoto só tem a avó e seu cachorro para ajudá-lo a assoprar as velinhas do bolo. Os pais, ausentes como sempre, estão viajando. E o avô está desaparecido. Para piorar a situação, a hipoteca da casa está atrasada e um inescrupuloso empresário não vê a hora de colocar suas mãos na propriedade. A única alternativa é achar as pedras preciosas que o avô enterrou no seu gigantesco quintal.
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Preocupado e sedento por aventuras, Arthur começa a vasculhar as anotações do seu avô e acha pistas que o levam à terra dos Minimoys. Eles são pequenos seres que moram abaixo da terra, espécies de gnomos.
Não se espante se você tiver a certeza que já conhece os Minimoys. O seu visual e suas histórias não têm nada de inovador, lembrando qualquer outro minisser do mundo de fantasia. Eles são criação de Celine e Patrice Garcia. Sua idéia inicial era usá-los em programas para a TV, mas Besson achou que eles eram maiores que isso e decidiu levar este universo para a telona. Como aquecimento, o cineasta francês escreveu uma série de livros, que já vendeu mais de 1 milhão de exemplares só na França e tem traduções para outros 34 idiomas, inclusive o português.
A soma das duas primeiras edições, Arthur e os Minimoys e Arthur e a Cidade Proibida, serviu de guia para este longa-metragem, que tem trechos live-action e outros criados por de computação gráfica 3D.
A história, como já adiantamos acima, não é um primor de criatividade. Da lenda do Rei Arthur eles pegam a idéia do "escolhido de puro coração", que consegue tirar uma espada mágica fincada de uma pedra e parte para combater o mal supremo. Jà os momentos mais visuais, como as batalhas contra insetos, a fuga dentro de um carrinho de brinquedo, as lutas "aéreas" no lombo de marimbondos, lembram muito outros filmes, de Star Wars e Toy Story ao óbvio Vida de Inseto.
A única cena um pouco mais diferente acontece em um bar subterrâneo onde os pequeninos vão se divertir ao som da melhor música e beber alguma coisa gosmenta, mas aparentemente refrescante. É uma cena claramente feita pensando nos adultos que levarão as crianças para ver o filme. E ficamos por aqui. De resto, sobram clichês, personagens caricatos e, nas cenas live-action, um pastelão raso e vazio, como não se vê nem na pior feira de rua por aqui.
Há um tempo, Luc Besson disse em uma entrevista que seria uma pessoa feliz se conseguisse fazer dez filmes. Arthur e os Minimoys foi justamente o seu décimo projeto como diretor, o que despertou o interesse da mídia sobre uma possível aposentadoria. Brincando com a idéia de se afastar do cinema, ele disse que gostaria de parar antes que as pessoas se desinteressassem pelo seu cinema. Talvez a hora seja agora. A tempo de poupar o tempo dele e o nosso das já prometidas continuações Arthur e a Vingança de Maltazar e Arthur e a Guerra dos Dois Mundos.