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Corpos Celestes | Crítica

Depois de cinco anos de desenvolvimento, filme de Marcos Jorge e Fernando Severo sai com muitos deslizes

10.03.2011, às 19H08.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 06H14

Corpos Celestes (2009) foi realizado em 2006 por Marcos Jorge, que mais tarde despontaria com o elogiado Estômago (2007), ao lado de Fernando Severo, em seu primeiro longa-metragem. Severo destacou-se com curtas-metragens na década de 1980 e, desde então, vem dirigindo documentários e programas educativos para televisão. Os inícios de carreira tornam-se nítidos quando assistimos a Corpos Celestes, que transpira a inexperiência e insegurança de seus cineastas.

O filme começa contando a história de Chiquinho, garoto de oito anos que faz amizade com um homem estrangeiro. Richard (Antar Rohit), nascido nos EUA, mora em uma das maiores casas da cidadezinha do interior do Paraná em que a história se passa. Isolado por escolha própria e tachado de louco pelos habitantes da cidade, Richard nutre uma paixão por astronomia, transmitindo ao garoto seu conhecimento sobre o cosmo.

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Passados bons 36 minutos de trama (!), descobrimos que as cenas da infância eram apenas a introdução de Corpos Celestes. Entram então - enfim - os letreiros e créditos iniciais. Uma ruptura na estrutura não seria problema, caso este alongamento na introdução tivesse uma função narrativa. Ao invés disso, esticar-se por tanto tempo na infância de Chiquinho, que ainda retorna em vários flashbacks, parece mais uma dificuldade de desapegar-se daquelas cenas na sala de edição, do que escolha consciente. Ao menos salva-se a atuação do garoto, vivido por Rodrigo Cornelsen, que é o destaque de todo o segmento.

Em seguida, somos apresentados a Francisco (Dalton Vigh) já adulto, professor de astronomia de uma universidade de Curitiba. E tome aulinha sobre planetas e constelações! O didatismo dos diálogos se estende por todo o longa. Neste segmento, no entanto, o ponto central é o complicado relacionamento de Francisco com Diana (Carolina Holanda).

Corpos Celestes tem como problema principal seu roteiro, que é uma adaptação de duas histórias para curta-metragem, escritas por Marcos Jorge. A primeira delas é O Telescópio, centrada na amizade de um garoto e um aficionado por astronomia; o segundo é o autoexplicativo O Astrônomo e a Prostituta. Na junção das duas histórias, falta coerência. Apesar dos diretores terem encontrado elementos de ligação entre as tramas, as relações entre os personagens estão mal trabalhadas. Por que Francisco se importa com aquela namorada, que não lhe demonstra nenhum sinal de afeto? Qual o propósito do filho de Richard?

Incomoda também a invasiva trilha sonora, com seus agudos e chorosos violinos, denunciando cada cena dramática. Seria tão melhor optar pelo silêncio, deixando que as emoções se desenvolvessem aos poucos nos personagens. Corpos Celestes busca sensibilidade em muitas cenas e enquadramentos, mas a sufoca com música alta quando está prestes a se manifestar genuinamente.

No entanto, entre problemas de roteiro e montagem, há cenas interessantes, que demonstram potencial. A fotografia, a direção de arte e os figurinos estão bem desenvolvidos, especialmente no segmento de época. Assim, depois de cinco anos de espera entre filmagens e lançamento, valeria gastar mais alguns meses na sala de edição para solucionar os (muitos) deslizes do filme.

Corpos Celestes | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Ruim
Corpos Celestes
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Corpos Celestes
Corpos Celestes

Ano: 2009

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 91 min

Direção: Fernando Severo, Marcos Jorge

Elenco: Dalton Vigh, Luiz Adelmo, Luciana Albuquerque, Hélio Barbosa, Jeff Beech

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