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Crítica

Crítica: Amelia

Cinebiografia exagera ao transformar a aviadora em ícone caricato

25.03.2010, às 18H31.
Atualizada em 15.11.2016, ÀS 09H01

Cinebiografias de figuras históricas famosas são verdadeiros caça-Oscar. O público, os atores e os votantes da Academia adoram esse tipo de produção, que costuma sair laureada de premiações quando bem realizada. Frequentemente, porém, a certeza de sucesso é tão grande que parece que todos os envolvidos se deslumbram com as vidas retratadas e transformam pessoas normais - ainda que de destaque em suas épocas - em versões um tanto caricatas de quem elas devem realmente ter sido.

É o caso com Amelia, filme sobre a vida da aviadora e ativista dos direitos da mulher Amelia Earhart (1897-1937).

Amelia

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Duas vezes premiada com o Oscar de melhor atriz, Hilary Swank assume o papel principal. Seus traços pouco convencionais para uma atriz hollywoodiana são perfeitos para a estranha piloto masculinizada que desafiou a sociedade às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Seria um casamento perfeito, não fosse o péssimo roteiro de Ron Bass (Rain Man) e Anna Hamilton Phelan (Na Montanha dos Gorilas) que despeja sem dó frases clichê a cada diálogo. Para os autores, Amelia não é uma pessoa, mas uma ideia.

Era de se esperar que a diretora indiana Mira Nair (Feira das Vaidades, Nome de Família) não deixasse que o roteiro engessado dominasse a produção, mas ela parece atarefada demais com a reconstituição de época para dar a atenção devida aos atores. Richard Gere pela enésima vez sendo Richard Gere é outro ponto falho. Seu George Putnam, o editor dos livros de Amelia e futuro marido da aventureira, é limitado às três caras que o ator se limita a fazer quando opera no automático. Com frases feitas e inexpressividade, simplesmente não há sensualidade alguma na interação dos dois, nem quando um terceiro elemento forma um triângulo amoroso, o especialista em aviação Gene Vidal (Ewan McGregor).

Mas se Nair realmente se empenhou em dirigir a reconstituição, ao menos algo ela fez direito. Os figurinos, a pesquisa dos aviões e os cenários são perfeitos, retratos realistas dos tempos de Amelia Earhart. As cenas aéreas, fotografadas por Stuart Dryburgh, são igualmente empolgantes. Mas é como dizem... quando o que salta aos olhos é o trabalho de outros e não o do diretor, algo está muito errado...

A trama acompanha o auge da carreira de Amelia. De sua bem-sucedida viagem sem escalas através do Atlântico a bordo do Friendship até o inédito primeiro vôo ao redor do planeta. No meio, a criação da associação de mulheres piloto, o interesse por George e Gene, a atenção da mídia, os preparativos para a última missão e a sua transformação em figura inspiradora para a nação na era pessimista da grande depressão.

Mas se o desenvolvimento é falho e caricato, ao menos o clímax é carregado de tensão. De qualquer forma isso é fácil de explicar, afinal, todo o desfecho quase não tem diálogos, o grande problema do filme. É interessante também a opção da cineasta em não se concentrar nas derrotas de Amelia (a primeira tentativa da volta ao mundo é mostrada apenas indiretamente), o que aumenta a emoção do final, que evita ainda todas as teorias da conspiração sobre a aviadora. Um fim digno para uma cinebiografia apenas medíocre.

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Nota do Crítico
Regular
Amelia
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Amelia
Amelia

Ano: 2009

País: Estados Unidos/Canadá

Classificação: 12 anos

Duração: 115 min

Direção: Mira Nair

Roteiro: Susan Butler, Mary S. Lovell, Ronald Bass, Anna Hamilton Phelan

Elenco: Hilary Swank, Richard Gere, Aaron Abrams, Ewan McGregor, Christopher Eccleston, Joe Anderson, Cherry Jones, Mia Wasikowska, Dylan Roberts, Scott Yaphe, Tom Fairfoot, Jeremy Akerman, Ryann Shane

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