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Crítica

Crítica: Caso 39

Renée Zellweger ganha papel ingrato em terror tosco de 2007

08.04.2010, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H00

Ainda na ressaca da Nardonimania, estreia por aqui o filme de 2007 Caso 39 (Case 39). No suspense, Renée Zellweger interpreta Emily, uma assistente social que consegue impedir que um casal desnaturado mate a filha de dez anos, Lilith (Jodelle Ferland). Qualquer semelhança oportunista com a realidade, porém, para por aí.

A ficção tem suas reviravoltas, e a de Caso 39 não é difícil de adivinhar. Nem se trata de spoiler. O espectador que não suspeitava antes - as referências religiosas, a começar pelo nome da menina, são marteladas ostensivamente desde o momento em que a câmera enfoca a ficha do caso 39 - rapidamente descobre que Lilith não é exatamente uma criança comportada.

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A revelação precoce potencializa a vocação de Caso 39 para o humor involuntário. O primeiro filme dirigido em Hollywood pelo alemão Christian Alvart (que depois faria Pandorum), também o primeiro terror com Zellweger desde que ela atuou em The Return of the Texas Chainsaw Massacre em 1994, é uma trasheira só.

Zellweger colabora bastante - com o cabelo molhado ela fica a cara de John Travolta em A Reconquista - mas a comicidade vem, antes, da forma como o roteiro estabelece a personagem. Em suspenses desse tipo, a protagonista é sempre influenciável - por isso vem habitualmente acompanhada de "contrapesos", dois coadjuvantes que personificam pensamentos opostos, como o cético e o crente, aqui representados por Ian McShane e Bradley Cooper. O problema em Caso 39 é que Emily é muito mais influenciável do que o normal.

Repare na velocidade com que ela, primeiro, decide que o melhor é morar com Lilith. Depois, dentro da trama, não deve passar um dia inteiro, e Emily já está convencida de que a menina é do mal. Ao mesmo tempo, basta para a protagonista assistir ao depoimento em vídeo dos pais homicidas (pressume-se que a assistente social já deveria ter feito isso) para mudar de ideia e aderir ao ponto de vista deles.

O sucesso de um suspense (e de filmes em geral) depende, antes de mais nada, da nossa identificação com o drama do protagonista. Mas quem iria se identificar com uma personagem sem personalidade como Emily? Há heróis de ficção que tomam decisões erradas - eles não deixam de gerar empatia por isso - mas até mesmo para tomar uma decisão errada é preciso fazê-lo com convicção.

O filme tem uma cena boa, justamente a única que consegue inverter nossa expectativa: quando o celular toca abafado debaixo do colchão e imaginamos ser o rosnado dos cães da cena anterior. De resto, Caso 39, em cenas que deveriam causar medo, não vai além da sessão de sadismo. A diversão é acompanhar Renée Zellweger fazendo caras e bocas porque, afinal, uma boçal como Emily merece mesmo todo tipo de castigo.

Saiba onde o filme está passando

Nota do Crítico
Bom
Caso 39
Case 39
Caso 39
Case 39

Ano: 2008

País: EUA, Canadá

Classificação: 16 anos

Duração: 109 min

Direção: Christian Alvart

Roteiro: Ray Wright

Elenco: Renée Zellweger, Jodelle Ferland, Ian McShane, Kerry O'Malley, Callum Keith Rennie, Bradley Cooper, Adrian Lester, Cynthia Stevenson, Alexander Conti, Philip Cabrita, Vanesa Tomasino, Mary Black, Domenico D'Ambrosio, Benita Ha, J. Winston Carroll, Michael Bean, Lesley Ewen, David Patrick Green, Dee Jay Jackson, Taya Calicetto, Alisen Down, Darryl Quon, Suzanne Bastien, Jane Braithwaite, Colin Lawrence, Dagmar Midcap, Fran Gebhard, Bill Mondy, Andrew Airlie, Sarah-Jane Redmond, Charles Zuckermann, Yvonne Valdez, Paul Duchart, Daniel Bacon, Darren E. Scott, Dalias Blake, Phillip Mitchell, Camille Atebe, Linden Banks, Georgia Craig, Terence Dament, Jillian Fargey, Ryan Harder, Adrian Hough, Tiffany Lyndall-Knight, Hal Myshrall, Kate Robbins, Michael Ryan, Sadie, Norm Sherry, Cindy Sungu, John Andrew Vaas, Ian Wallace, Ian A. Wallace, Danny Wattley, Fulvio Cecere

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