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Crítica

Crítica: Coco Antes de Chanel

Uma bem vestida história da carochinha

27.10.2009, às 15H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H54

O que você sabe sobre Coco Chanel? Se não tiver curiosidade por estilistas nem recebeu criação francesa, onde a moda é patrimônio nacional, provavelmente ligará o nome a um perfume, uma bolsa ou a um corte de cabelo. Ou ainda à figura vaga de uma estilista imponente e com fama de importante - que você não sabe explicar exatamente de onde vem.

Mas sua importância não é gratuita, nem restrita a iniciados. Trabalhando com moda a partir dos anos 1910, Chanel construiu um império e revolucionou o pensamento do século XX. A estilista liberou as mulheres da silhueta firme e conservadora de então, marcada pelo corselete, e introduziu roupas inspiradas no vestuário masculino. Uma explicação simplificada, mas que dá o tom da quebra de conceitos que ela provocou.

Coco Antes de Chanel

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Coco Antes de Chanel

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Não espere, porém, nenhum escândalo de Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel, 2009), novo filme de Anne Fontaine. Como o título promete, o enredo enfoca os anos pré-império da moda da protagonista. Quem está ali, retratada por Audrey Tautou, não é a poderosa estilista. E, sim, a moça órfã e de família humilde, que costura de dia e canta em cabarés de noite.

É nesse meio tempo que Gabrielle, seu nome real, tem seus primeiros (de muitos) romances poderosos e ganha seu acesso à alta roda parisiense. Primeiro através de Étienne Balsan, com quem constrói uma relação esquisita de submissão às avessas. Em seguida vem "Boy" Capel, amigo de Balsan, que se torna seu grande amor e ajuda Chanel a transformar seu hobby de criação de chapéus no embrião da maison que conhecemos hoje.

O figurino, como é de se esperar, é bem cuidado e dá o tom sutil na evolução de pensamento da personagem. Vale destaque também a caracterização de Tautou, que consegue reproduzir a carranca ranzinza de Chanel, com o cigarro na boca caída. Nada tão marcante quanto Marion Cotillard em Piaf, mas funciona. E, infelizmente, é uma das poucas coisas que realmente funcionam.

De um ícone francês para outro, a comparação com Piaf é válida. Apesar de mergulhado em sentimentalismo, a biografia da cantora cumpre, com louvor, a missão de apresentar sua história do começo ao fim. Coco Antes de Chanel, por outro lado, não consegue nem mesmo manipular as emoções do espectador.

Chanel, pobrezinha, ganhou uma biografia insossa, que não vai, nem vem. É apenas um filme OK, que não conquista quem não está por dentro da história pós-cenas finais. A estilista é reduzida a uma mulher de romances, que soube tirar proveito dos seus homens. Suas motivações e personalidade avant garde ficam para fora, mostrando uma Chanel rasa e entediante.

Assim, limando as arestas mais polêmicas, Coco Antes de Chanel serve para uma campanha velada de limpeza da reputação da estilista para os novos tempos politicamente corretos. Omite-se cada vez mais seus movimentos mais polêmicos. Como seu envolvimento com nazistas, que lhe rendeu uma prisão por crimes de guerra, um exílio de uma década e o ódio dos franceses. Tudo isso vai para sob o tapete, e a biografia da estilista ganha, cada vez mais, ares de história da carochinha. Uma carochinha muito bem vestida, aliás.

Assista aos clipes do filme
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Nota do Crítico
Bom
Coco Antes de Chanel
Coco avant Chanel
Coco Antes de Chanel
Coco avant Chanel

Ano: 2009

País: França

Classificação: 14 anos

Duração: 110 min

Direção: Anne Fontaine

Roteiro: Edmonde Charles-Roux

Elenco: Audrey Tautou, Benoît Poelvoorde, Alessandro Nivola, Marie Gillain, Emmanuelle Devos

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