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Crítica

Crítica: O Garoto de Liverpool

Falta criatividade à cinebiografia de John Lennon adolescente

30.09.2010, às 12H55.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H08

Em uma visita guiada por Liverpool são obrigatórias passagens por Strawberry Fields, Cavern Club, o Liverpool Concert Hall e inúmeros outros lugares que se tornaram turísticos principalmente depois que quatro garotos nascidos ali naquela cidade portuária no norte da Inglaterra ganharam o mundo e ficaram conhecidos como os Beatles. Passados quase cinquenta anos do início do seu sucesso, não deve mais haver fatos sobre as vidas de John, Paul, George e Ringo que os fãs já não saibam. Mesmo assim continuam sendo lançados livros e filmes sobre eles.

O mais recente é O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, 2009), que biografa a adolescência de John Winston Lennon (1940-1980), entre seus 15 e 20 anos, época em que descobriu o rock n' roll, formou sua primeira banda (The Quarrymen) e conheceu Paul McCartney e George Harrison.

O Garoto de Liverpool

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O Garoto de Liverpool

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Mas o foco central da trama não está no relacionamento de Lennon com os colegas de banda, ou a criação de músicas que os tornaram famosos. A diretora Sam Taylor Wood prefere arriscar uma abordagem mais pessoal e traumática para o garoto, mostrando o relacionamento com Julia e Mimi, respectivamente a mãe que abandonou o menino e tia que o criou. Julia, que virou versos até que amorosos na época dos Beatles, também foi tema na carreira solo de Lennon, quando ele escreveu de forma bem direta a sua crítica: "Mother, you had me, but I never had you / I wanted you, you didn't want me" (Mãe, você me teve, mas eu nunca tive você / Eu queria você, mas você não me quis). Já Mimi é referenciada em qualquer obra sobre a história dos Beatles como a mulher que deu a Lennon a sua primeira guitarra.

Mas isso não quer dizer que a vida do garoto sempre foi rosas com a tia e espinhos com a mãe. O filme mostra justamente o contrário no seu começo. Assim que Lennon descobre que sua mãe biológica mora perto de sua casa, ele vai bater à sua porta. Antes de mais nada, ele quer entender o que aconteceu, solucionar o quebra-cabeças criado pela sua memória de criança. Passado o choque inicial, os dois começam a sair juntos, e Julia o ensina a tocar os primeiros acordes no banjo e o significado de rock 'n roll ("quer dizer sexo", ensina). A relação é bastante estranha, com sinais de depressão e até insinuações incestuosas. Do outro lado, Mimi sofre com a perda do marido e a possibilidade de ver o menino que criou como seu próprio filho voltar a sofrer quando sua impulsiva irmã o abandonar de novo.

Paralelo a tudo isso, o rock 'n roll vai entrando na vida de Lennon. Primeiro com disquinhos de vinil, depois com seu violão e por fim com suas bandas e um dos mais importantes ingredientes para um bom roqueiro: o sofrimento.

Não encare o filme como uma obra definitiva sobre a vida do futuro Sr. Yoko Ono, mas use-o como atalho para entender quem é aquele garoto que alguns anos mais tarde diria que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo. Aaron Johnson (o Kick-Ass) tem momentos em que consegue reproduzir o jeito metido e o sotaque de Lennon, mas não consegue dar ao filme o diferencial que o afastaria de inúmeros outros filmes biográficos apenas corretos. O Garoto de Liverpool parece um verbete de enciclopédia: apresenta os fatos, as datas, mas lhe falta criatividade artística, algo que John sempre teve de sobra.

Assista ao trailer

Nota do Crítico
Bom
O Garoto de Liverpool
Nowhere Boy
O Garoto de Liverpool
Nowhere Boy

Ano: 2010

País: Inglaterra, Canadá

Classificação: 14 anos

Duração: 98 min

Direção: Sam Taylor-Johnson

Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Kristin Scott Thomas, David Morrissey, Anne-Marie Duff, Sam Bell, Kerrie Hayes, Thomas Sangster

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