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Crítica: Solomon Kane – O Caçador de Demônios

Criação de Robert E. Howard andava esquecida - e filme não ajuda

09.09.2010, às 17H58.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 01H00

Antes do bárbaro Conan, em 1929, o escritor Robert E. Howard (1906-1936) criou o aventureiro puritano Solomon Kane. Nas aventuras pulp da revista Weird Tales, com seu chapéu e trajes negros, o personagem vagava pela Europa do fim do século 16, início do 17, armado de espadim, adaga e duas garruchas, combatendo o mal em todas as suas formas - que geralmente envolviam algum tipo de feitiçaria.

O herói teve certa notoriedade no Brasil em sua versão em quadrinhos, que foi publicada aqui em revistas como Espada Selvagem de Conan, da editora Abril, nas décadas de 1980 e 90, mas nunca decolou de verdade nem aqui, nem no mundo. Agora, chega adaptado aos cinemas em Solomon Kane – O Caçador de Demônios (Solomon Kane, 2010).

Solomon Kane

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Infelizmente, a fama do personagem refletiu-se na escolha do diretor. Para o trabalho foi chamado o inexpressivo Michael J. Bassett.

Para a adaptação, com dois filmes de terror britânicos de baixo orçamento no currículo, Bassett limita-se a repetir, ainda que com alguma competência, imagens e situações comuns do gênero, que hoje parecem completamente datadas. Há os obrigatórios momentos em que o protagonista perde aqueles que o acolheram, o ataque dos monstros ao vilarejo inocente, o climax em que o herói precisa encarar os erros do passado... enfim, nada de novo em conteúdo. A situação não é diferente em termos de estilo, já que as filmagens em locações na República Tcheca e a paleta acinzentada limitam-se a reproduzir visuais já conhecidos e a ação não traz novidade alguma. Pior, não consegue seguer seguir direito as regras que se propõe a acompanhar. Note como é apresentado, com toda a pompa, o demônio do primeiro ato - espadão em punho - para que passemos o filme todo aguardando um confronto final entre criatura e herói... que jamais acontece! Para o clímax surge um demônio novo, um genérico de Balrog de O Senhor dos Anéis - e o anterior é inexplicável e completamente esquecido.

Na trama, Solomon Kane (James Purefoy), outrora um capitão ganancioso, passa a temer por sua alma depois de encontrar-se com um emissário infernal. Sua chance de redenção chega na forma de uma garota, cuja família é assassinada, que é sequestrada pelo feiticeiro Malachi (Jason Flemyng). Solomon parte então para resgatá-la - e o destino o leva até as terras de seu pai, um lugar que ele abandonou há décadas e que esconde seus próprios segredos do passado.

James Purefoy (Coração de Cavaleiro, série Roma), à vontade como o herói do título, foi cercado de bons atores como Pete Postlethwaite, Max von Sydow e Jason Flemyng. Mas ainda que o elenco se esforce, é desperdiçado em papéis inexpressivos.

Solomon Kane também desafia lógicas de mercado ao tentar incompreensivelmente aproximar-se do infame Van Helsing - O Caçador de Monstros, fracasso de público e crítica. O figurino, ainda que fiel às ilustrações do puritano, é parecidíssimo com o usado por Hugh Jackman no péssimo filme de 2004 e os cartazes dos longas são semelhantes. Alguma originalidade seria interessante para afastar a produção desse tipo de comparação, mas até a distribuidora brasileira abraçou essas semelhanças com o título nacional, que limitou-se a trocar a palavra "monstros" por "demônios".

Ao tentar pegar carona em um fracasso, ao menos alguma intenção de Solomon Kane foi bem-sucedida.

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Nota do Crítico
Regular
Solomon Kane - O Caçador de Demônios
Solomon Kane
Solomon Kane - O Caçador de Demônios
Solomon Kane

Ano: 2009

País: França, Inglaterra

Classificação: 14 anos

Duração: 104 min

Direção: Michael J. Bassett

Elenco: James Purefoy, Pete Postlethwaite, Alice Krige, Mackenzie Crook, Max von Sydow, Jason Flemyng, Rachel Hurd-Wood, Patrick Hurd-Wood, Anthony Wilks, Isabel Bassett, Mark O'Neal, Robert Orr, Richard Ryan, Frantisek Deak, Christian Dunckley Clark, Ian Whyte, Thomas McEnchroe, Andrew Whitlaw, Robert Russell, James Babson, Marek Vašut, Geoff Bell, Lucas Stone

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