Homem de Ferro 2 (Iron Man 2), um dos filmes mais aguardados de 2010, chega em menos de quinze dias ao Brasil. O Omelete agora começa uma contagem regressiva com entrevistas e artigos exclusivos comemorando a estreia da nova adaptação das histórias em quadrinhos da Marvel Comics.
Pra começar, como não poderia deixar de ser, uma conversa com Jon Favreau, diretor do primeiro Homem de Ferro e também desta continuação. Conversamos com o cineasta - que também atua na série como o ajudante Happy Hogan - na Comic-Con do ano passado e ele trajava uma camiseta engraçadíssima, em que se liga "Istar Guars" na tipografia de Star Wars. Favreau explicou que ganhou a camiseta de um integrante mexicano de sua equipe depois de elogiá-la no set. A maneira errada da grafia emula o jeito, carregado de sotaque, como os mexicanos falam o título da saga criada pro George Lucas.
Favreau, como sempre, foi muito solícito e - apesar da brevidade da entrevista - respondeu nossas perguntas sobre o filme, a dinâmica entre Tony Stark e Pepper Potts, a contratação de Mickey Rourke, os avanços tecnológicos e como ele chegou à ideia da trama da sequência. Divirta-se!
Tony Stark e Pepper Potts
Homem de Ferro
Homem de Ferro 2
Jon Favreau
Mickey Rourke
Jon, qual é o grande desafio para o segundo filme já que o primeiro foi um enorme sucesso de público e crítica? Por onde você começou?
Jon Favreau: Começamos no ponto em que o primeiro filme termina, mostrando, seis meses depois, o que aconteceu com Tony Stark (Robert Downey Jr.) depois que ele revelou ser o Homem de Ferro. Desta forma, nos distanciamos de Homem Aranha, Batman e outros filmes em que o super-herói tem uma identidade secreta.
Ele, Tony, já era famoso, mas agora está ainda mais conhecido do que antes. Ele também já era extremamente ocupado e agora está mais ainda. Assim mostraremos como é ser, ao mesmo tempo, Tony Stark e o Homem de Ferro e como tudo isto irá afetar a relação dele com Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e com ele mesmo.
Além disso, mostraremos todo um contexto de cotidiano pessoal, mas nas proporções de um super-herói.
Nestes dois anos entre uma produção e outra, como a tecnologia avançou em termos de cinematografia e pós-produção?
Os efeitos de computação gráfica melhoraram, mas eu ainda prefiro filmar algumas coisas com efeitos práticos para dar mais veracidade e realidade às sequências. É importante saber onde e quando posso e não posso usar CG. Algumas cenas que eu filmei com Robert foram completamente naturais, pois a computação não daria o efeito que eu queria.
Confio muito na minha equipe de filmagem e nos atores para me ajudar a dar veracidade às cenas, como nos momentos de luta e tudo que as envolve, desde a coreografia e a captação até a pós-produção. Aprendi a utilizar a tecnologia de uma forma muito melhor para que este filme seja ainda maior que o anterior. Mas, no geral, a tecnologia melhorou bastante, como vemos em Transformers e no próprio Homem de Ferro.
Como Mickey Rourke foi parar no filme?
Assim que vi O Lutador eu quis Mickey no elenco. Antes mesmo das indicações e premiações, eu achei que ele estava ótimo no papel. Ele também estava ótimo em Sin City, apesar do mainstream lembrar mais dele por conta de O Lutador ao invés de considerar o seu ressurgimento em Sin City. Mickey estava cotado para uma sequência de Demolidor, o que acabou não acontecendo.
Precisávamos de alguém com presença de cena e que despertasse uma sensação de perigo que antagonizasse bem com a figura de Tony Stark, alguém que dividisse a cena com a força que a presença do Robert tem - e ao mesmo tempo representasse uma versão sombria do herói. E Mickey tinha exatamente este perfil, com seu visual, suas tatuagens, o dente de ouro... ele foi para Rússia conversar com pessoas que viviam no submundo daquela sociedade, ficou um tempo numa prisão russa, aprendendo muito para o papel.
Ele fez isso sozinho ou teve acompanhamento?
Nós tivemos um bom instrutor para guiá-lo e auxiliá-lo nos diálogos em russo, o que resultou em boas cenas para o filme. Havia uma preocupação por parte dele para que o personagem não parece uma caricatura de Rocky V. Por conta disso, procurei trazer para o personagem a humanidade e dimensão que é tão comum nos vilões da Marvel, em que sempre há uma razão, um motivo para eles agirem de determinada maneira. No confronto entre herói e vilão cada um tem suas motivações, mas a diferença é que o vilão ultrapassa o limite da moralidade, indo longe demais com isso, mesmo que o motivo seja justificável.
No primeiro você apresentou a origem do herói. E agora? Como você escolheu entre anos e anos de histórias em quadrinhos para esta continuação?
O Homem de Ferro não tem tantas boas histórias assim para que pudéssemos escolher apenas uma, então fizemos uma fusão de ideias de várias aventuras. Infelizmente, ele não é como Batman ou Demolidor, com suas minisséries por Frank Miller ou fases elogiadas. As histórias do Homem de Ferro são muito repetitivas e datadas, com uma visão de mundo bastante limitada. O que faz de Homem de Ferro único e empolgante é Tony Stark, os outros personagens e o uso da tecnologia. Afinal ele se mantém vivo graças a transístores (risos).
No primeiro filme também já exploramos de maneira satisfatória a tecnologia, além de introduzir questões políticas nesta relação. Agora, com a presença do vilão Whiplash (Mickey Rourke) pudemos ir além da exploração da questão tecnológica do traje que ele usa. E também não era interessante reduzir o clímax a dois caras de uniforme lutando, algo que já tinhamos feito no final do primeiro filme. É legal, claro, mas eu não queria mais fazer só isso. Preferimos mudar essa dinâmica e torná-la única e diferente! Outra premissa foi manter Robert em cena o maior tempo possível, algo que, para mim, é o aspecto mais interessante do filme, algo muito maior do que um uniforme que construímos usando pixels.
E como ficam Tony e Pepper?
Para mim este é o aspecto mais importante do filme. Queremos mostrar novos personagens e uma nova tecnologia, mas, como cineasta, este relacionamento é a coisa mais importante para ser mostrada. A introdução de Scarlett Johansson (Viúva Negra) é justamente para interferir e mudar a dinâmica desse relacionamento. A trama do filme tem muito da jornada do casal.
Gwyneth, que tem uma presença maior neste filme, é uma excelente atriz e tem uma grande química com Robert. Em várias cenas eu colocava os dois, mais duas câmeras, fazia umas observações e marcações e deixava a coisa rolar. Muita coisa que estava no script não foi exatamente igual para a tela por conta disso.
Homem de Ferro 2 estreia em 30 de abril no Brasil, uma semana antes do lançamento nos Estados Unidos.
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O filme também teve inaugurado o Homem de Ferro 2: Especial do filme