|
||||
Foi mais que revoltante saber que o romance de estréia de Nick Hornby seria transformado em filme pela segunda vez e que agora a paixão por um time de futebol seria trocada pelo fanatismo por uma equipe de baseball. Febre de bola (Ed. Rocco) é um de meus livros favoritos. Hornby é um dos autores que mais gosto. O futebol é o meu esporte preferido. E quando morei em Londres, aprendi a torcer para o Arsenal - com direito a ver um jogo em Highbury Park!
E então, como mexer em algo que já está perfeito sem estragar tudo? A resposta, a princípio, parecia impossível. Mas os irmãos diretores Peter e Bobby Farrelly e os roteiristas Lowell Ganz e Babaloo Mandel conseguiram. Com restrições, claro!
Tudo o que eles fizeram foi utilizar a idéia de que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O filme não é melhor do que o livro. Ele é apenas o filme inspirado no livro. Os dois não estão aqui para competir, mas sim para atuar cada um no seu universo. Ao redor deles há um elemento em comum: a paixão por um esporte. A cegueira que faz corinthianos e palmeirenses se odiarem é a mesma que existe na rivalidade entre os Red Sox de Boston e os Yankees de Nova York.
Mais até do que isso. Conhecendo bem o livro que originou o filme, é possível até mesmo fazer paralelos entre o time de baseball de Boston, paixão de Ben (Jimmy Fallon), e o Arsenal de Hornby. Ambos tiveram passados gloriosos, mas passaram por épocas difíceis. A equipe norte-americana ficou quase 100 anos sem vencer um título, batendo na trave várias vezes. Já os londrinos ficaram conhecidos na década de 60 como um dos times mais enfadonhos de todos os tempos, com placares que não passavam de sonolentas vitórias por 1x0, incolores empates sem gols e vexaminosas derrotas. O que os une também é que durante estes longos e difíceis anos de estiagem de títulos, lá estavam eles, religiosamente em seus lugares, torcendo, xingando, vibrando.
É incrível como a emoção de ir pela primeira vez ao estádio pode mudar a vida de alguém. Os dois, assim como milhões de outras pessoas ao redor do mundo, não resistiram ao charme das cores, das vozes, da vibração de toda uma multidão unida torcendo por um mesmo time. A diferença é que no livro, as garotas passaram pela vida do autor (com diferentes interesses e intensidades), mas não são o assunto principal. Já para Hollywood, o que interessa é contar a história de uma relação que parecia impossível. Por isso eles transforam o relato da dura vida de um fã em mais uma comédia romântica.
No papel do interesse feminino de Ben está Lindsey (Drew Barrymore), uma bem-sucedida executiva que começa a se preocupar com a possibilidade de ficar para titia. Ao seu lado estão as amigas que vão dar alguns conselhos certos e outros tantos errados e, claro, os pais, que aparecerão para um embaraçoso primeiro jantar juntos. O final, bom, você já sabe como vai ser, né? Se tudo o que você precisa é uma desculpa para ficar passar algumas horas do sábado à noite bem pertinho da pessoa que você ama, pode ir tranquilo, pois este jogo já está ganho. Mas lembre-se: domingo é dia de jogo! ;-)
Ano: 2005
País: EUA
Classificação: 10 anos
Duração: 103 min
Direção: Peter Farrelly, Bobby Farrelly
Elenco: Jimmy Fallon, Drew Barrymore, Jack Kehler, KaDee Strickland, Evan Helmuth, Brandon Craggs