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Crítica

Longe do Paraíso | Crítica

<i>Longe do paraíso</i>

03.07.2003, às 00H00.

Os créditos iniciais já situam o expectador no tempo e espaço: anos 50 no interior dos Estados Unidos. Mais especificamente, na cidade de Hartford, no Estado de Connecticut - 1957. Os Whitaker são a família perfeita. Não é à toa que aparecem na propaganda da Magnatech, empresa onde o pai, Frank (Dennis Quaid), é um executivo bem sucedido. As festas organizadas por Cathy (Julianne Moore) são badaladas e os filhos do casal são tão educados quanto obedientes.

À primeira vista, parece até um episódio de Pleasantville - a série favorita de Tobey Maguire no filme Pleasantville - A Vida em preto e branco. Uma diferença, porém, é a paleta de cores, que vai muito além do "chiaro-escuro". O outono filmado pelo diretor Todd Haynes tem vermelhos, verdes e laranjas fortíssimos que pulam da telona como nos velhos filmes da época da Technicolor.

Mas depois de todas as cores e sorrisos do começo, há um drama que, embora esteja ambientado lá no passado, continua acontecendo hoje em dia. Cathy sofre por tentar desenvolver uma amizade inter-racial com o seu jardineiro (Dennis Haysbert). Ambos vêem suas vidas tomarem rumos inesperados com o inicio da relação. Há hipocrisia por todos os lados. É difícil dizer se era (é?) mais difícil ser um negro num mundo de brancos ou branco no mundo dos negros. O filme mostra os dois lados da moeda e nenhum deles é brilhante.

Porém, há uma certeza: em qualquer epoca da sociedade ocidental, ser homem branco e rico nunca foi um problema. Que o diga Frank, que recebe ajuda de todos para dar um jeito no amor proibido que aparece no meio do caminho.

O filme foi produzido pela Section Eight (Confissões de uma mente perigosa, Solaris) - empresa de Steven Soderbergh e George Clooney - e tinha tudo para conseguir pelo menos um dos quatro Oscar a que foi indicado. Seria a glória para um filme barato (custou 13,5 milhões de dólares), mas acabou "Longe do Paraiso", de mãos abanando. Uma tremenda injustiça! Longe do Paraiso é um dos filmes mais bonitos do ano, tanto pelo seu visual, quanto pela história que conta.

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