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Filhos adotivos, cedo ou tarde, podem ter aquela vontade louca de descobrir quem são (ou foram) seus pais biológicos. Afinal, saber de onde viemos faz parte da própria formação do ser humano. Alguns podem ter sorte e ganhar novos amigos ao descobrir aqueles que os geraram. Outros, no entanto, podem ter a decepção de verificar que a vida não é um conto de fadas, ao perceber que pais de verdade são aqueles que criam e dão amor.
Em busca desta verdade, Buddy (Will Ferrel) deixa o Pólo Norte em direção à Manhattan.
Desde o dia em que saiu do saco do Papai Noel, Buddy foi criado por duendes como se fosse um deles. Claro que sua estatura (três vezes maior que os outros) e a falta de jeito na hora de fabricar os brinquedos o tornavam um pisca-pisca fora da árvore (algo como um peixe fora d´água, neste contexto natalino). Mas sua ingenuidade é tamanha que ele demora 30 anos para descobrir que na verdade é um humano. Agora que ele descobriu a verdade, só lhe restar rumar ao sul. Tudo o que ele sabe é que seu pai se chama Walter (James Caan), trabalha numa editora de livros infantis sediada no Empire State Building e que ele está na lista negra do Papai Noel, pois não tem sido uma boa pessoa e não carrega consigo o espírito natalino!
A partir deste momento, começam as situações constrangedoras e engraçadas. As cenas em que aquele "duende" de 1,80m aparece andando pelas ruas de Nova York foram todas filmadas na própria cidade e a reação das pessoas era espontânea, captada por câmeras espalhadas pela região. O diretor Jon Favreu (o "Foggy" Nelson do filme do Demolidor) usou também um pouco de computação gráfica e muitos truques de perspectiva para encaixar Buddy nas casas e oficinas dos duendes. Tudo simples, mas que funciona muito bem na tela.
Aos que têm preconceito contra o comediante Will Ferrel, por suas participações no programa de TV Saturday Night Live ou de filmes escrachados como Zoolander, vale dar uma trégua. Não que ele mereça um Oscar, mas sua atuação como um molecão com corpo de 30 anos e mentalidade de 10 rende boas gargalhadas.
Para bem apreciar Um duende em Nova York, a grande dica é: entre no clima do filme. Volte a acreditar em Papai Noel por 97 minutos. Você vai ver como o trenó do velhinho batuta vai te levar lá para cima! E você ainda vai aprender muito sobre a cultura dos duendes. Foi neste filme que eu fiquei sabendo que tentaram usar outros seres na oficina do Papai Noel, mas "os Orcs não usam banheiro e os Gnomos bebem muito". Onde mais você aprenderia tudo isso? Num filme da Xuxa é que não seria, né? ;-)