Filmes

Entrevista

Omelete Entrevista: Guy Ritchie

Diretor fala da cena de luta, 3D e as novas tecnologias

07.01.2010, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H57

Steve Weintraub, nosso correspondente em Los Angeles, e editor do Collider.com, esteve em Londres para acompanhar o lançamento de Sherlock Holmes. Aproveitando que estava por lá, conseguiu um tempinho na agenda de Guy Ritchie para conversar sobre o filme, o boato de que Brad Pitt faria uma participação especial, o medo do cineasta pelo seu filme estrear perto do Avatar, o futuro do cinema e o que ele tem pela frente.

Ah, sim, Steve estava usando uma camiseta com uma estampa do Woody Allen, o que levou à primeira pergunta:

Sherlock Holmes

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Você é fã do Woody Allen?

Guy Ritchie: Sabe, eu não sei muito sobre o Woody Allen para ser fã dele.

Ok, você não assistiu Manhattan ou Annie Hall?

Eu era muito novo quando assisti a esses filmes para poder comentar sobre eles de maneira eloquente.

Ok, então vou falar sobre o seu filme. Eu adorei. Ótimo desfecho, ótimo roteiro, ótima química. Quando você entra no set no primeiro dia de filmagem, você fica nervoso? Especialmente algo como este, por causa do nome e do elenco?

Eu acho que não. Eu costumava ficar. Quero dizer, o mais nervoso que eu já fiquei foi num videoclipe de orçamento de 250 libras, que foi a primeira coisa que eu fiz. E eu entrei lá com um parceiro de direção, para que eu pudesse jogar a culpa nele caso desse tudo errado. Mas desde então meu nervosismo tem diminuído, então não sou mais assombrado pelo mesmo tipo de nervosismo de antes.

Tem dois filmes grandes que serão lançados com uma semana de intervalo entre um e outro nos Estados Unidos. Tem o seu filme e um certo filme de ficção científica que não vou mencionar o nome.

É, eu nem sei de que filme você está falando.

É, eu não sei que filme é esse. Existe uma grande expectativa em relação ao seu filme. Você costuma olhar as outras estreias próximas ao seu filme e aí pensa "Estou um pouco preocupado"? Ou você pensa "Eu fiz o melhor filme que eu poderia ter feito, o que é para ser, será"?

Eu penso um pouco dos dois, nesse caso. Quer dizer, eu tenho certeza de que existem pessoas que sabem muito mais sobre essas coisas do que eu, mas esse outro filme claramente está vindo com alguns músculos, músculos estes que em vários aspectos são muito, muito maiores que os nossos. Então, quem sabe? Mas não dá para fingir que isso não é um pouco intimidante, de certa maneira.

Eu acho que você vai se dar muito bem nessa. Parece que filmes de ficção científica têm uma certa coisas que aliena certo segmento da população e eu acho que as pessoas vão gostar muito do Sherlock.

Eu espero que você esteja certo.

Eu estou confiante nessa.

Está mesmo?

Sim. Mas o que eu realmente quero falar é sobre a sequência de luta da arena. Você obviamente tem muita experiência em filmar cenas de ação, mas essa sequência de luta e a maneira como ela foi criada, com ele pensando sobre as coisas, dá à plateia uma perspectiva de como é o Sherlock Holmes. Você poderia falar sobre quanto de pré-produção foi usada nessa cena, ou efeitos ou como você preparou essas sequências de luta?

Por incrível que pareça, teve pouquíssima preparação. Muito pouca mesmo. Suponho que a cena da briga foi uma ideia que eu tive em dez segundos e essa foi toda a preparação que foi usada nela. Depois ela foi ganhando destaque conforme as pessoas foram ficando empolgadas com isso, mas realmente não foi um cenário grandiosamente preparado. E as falas com o pensamento do Sherlock que são narradas em cima, eu escrevi em mais ou menos um minuto ou dois. Foi só depois de ter gravado, quando estávamos montando a cena na sala de edição, que eu realmente escrevi tudo, como eu queria que ficasse, sabe, a surdez parcial na orelha direita no primeiro ponto de ataque. Quebrar as costelas rachadas, você sabe, todas essas coisas. Provavelmente não dediquei mais de cinco minutos à coisa toda. Eu já sabia o que eu queria quando entrei no set. Esse tipo de coisa é simples. É engraçado que elas parecem ser complexas, mas não são.

Eu te dou muitos pontos por essa cena. É uma sequência incrível e eu acho que a plateia vai adorar, e realmente parabéns para o jeito como ela foi montada.

Obrigado. Você é um cara muito educado. Valeu.

Isso é interessante porque eu achava que esse tipo de coisa deveria estar no roteiro, mas obviamente eu estava completamente enganado. Então, como é trabalhar com o Robert Downey Jr., porque ele é conhecido por... digamos, improvovisar ou mudar diálogos ou acrescentar coisas aos personagens. Como é isso, quando você tem uma direção clara de onde a história deve ir? E como foi com as improvisações no set, os ajustes de cada dia e as mudanças de diálogo?

Bom, eu sou basicamente da mesma opinião que o Rob nesse aspecto. Eu acho que tanto eu como ele sabíamos que se uma ideia pudesse ser melhorada, ele deveria melhorá-la, ou eu ou qualquer outra pessoa. Se nós conseguíssemos superar o que estava na página, então ótimo. Então inevitável e invariavelmente nós tentávamos melhorar o que já estava lá. Não me importa de onde a ideia veio. E eu com certeza estou aberto a ideias, mas só se tivermos tempo para nos divertirmos. O Rob tem muitas ideias e ele é um cara muito esperto, que é uma das razões que escolhemos ele para ser o Sherlock.

Uma das coisas que eu também gostei foi como você preparou o caminho para uma continuação. Você plantou algumas sementes que aparecem no fim do filme. Como você trabalhou com o Lionel [Wigram] e os roteiristas para inventar maneiras de plantar essas pistas para uma continuação?

Bom, eu não tenho muita certeza de como te responder essa. Porque o roteiro me veio em uma condição que era... Eu suponho que quando você se envolve com o Sherlock Holmes, é inevitável sentir que existe uma outra história a ser contada, porque simplesmente existem muitas histórias a serem contadas. Então o roteiro já veio com sementes intrínsecas, então eu suponho que nós poderíamos ou aumentar a premissa do filme ou então pelo menos deixar que algumas dessas sementes florescessem. Mas eu acho que é inerente ao próprio material fazer alusão a mais narrativas.

Está se falando muito na internet, uma coisa que todos estão tentando descobrir, é se um certo astro muito famoso gravou ou não gravou uma cena para esse filme. Há muitos boatos de que talvez haverá uma sequência que será acrescentada depois do lançamento do filme, para que ninguém veja antes. Você poderia...

Esclarecer essa questão?

É.

Não. [risos]

Existe a possibilidade de alguma coisa ser acrescentada ao filme depois que os críticos tenham assistido? Para o público geral? Ou a versão que a imprensa assistiu já é a versão final?

É a versão final, sim.

Com todos os cineastas com quem eu converso, eu pergunto sobre o que estará no DVD/Blu-ray. Teve muitas coisas que você cortou que poderiam estar, digamos, em uma versão estendida, ou foi tudo para o cinema?

Foi tudo para o cinema. É engraçado, na verdade, porque passamos por isso algumas semanas atrás - três semanas atrás - quando estávamos procurando por cenas deletadas. Não havia nenhuma, nem uminha. Está tudo lá, o que é meio decepcionante se você quer ver cenas excluídas, mas nós fomos bem eficientes nesse aspecto. Usamos tudo.

Um dos grandes acontecimentos da indústria neste momento é a gravação em 3D. Como cineasta, você está pensando em usar isso para alguma coisa que você quer fazer?

Claro. Eu já venho falando sobre 3D desde antes dele se tornar a coisa do momento. Quer dizer, eu gosto de toda essa... Eu simplesmente gosto de inovações em filmes, então qualquer coisa que quebre os paradigmas, esses são os filmes que me interessam.

Muitos cineastas falam sobre como o 3D é perfeito para certos gêneros, mas não para outros. Quando você pensa em algo como o Sherlock Holmes, o 3D é algo que você consideraria, se fizesse uma continuação? Você consideraria usar para todos os seus próximos filmes, ou você acredita que o 3D é ótimo só para certos gêneros?

Eu não sei a resposta para isso. O que eu penso é: nunca diga nunca. E nesse caso acho que é o caminho certo a escolher, porque você simplesmente nunca sabe. Uma narrativa poderia usufruir muito do 3D e, como eu disse, não me oponho a qualquer tipo de mudança radical. Eu simplesmente não sou contra isso. Eu me lembro quando a película estava gradualmente sumindo, eu mal podia esperar para me envolver com o digital em alguns dos comerciais que eu estava fazendo, sabe? Porque foi nessa época, uns dez anos atrás, que o digital começou a se parecer com o filme analógico. E eu me lembro que muitas pessoas ficavam muito emotivas sobre a questão de manter as gravações em película e de certa maneira eu também fico apegado, mas eu gostaria de conquistar qualquer coisa, qualquer tecnologia. E uma das coisas interessantes e empolgantes do meu trabalho é assistir o pioneirismo do campo tecnológico.

Chris Nolan subiu o patamar de qualidade com Batman - O Cavaleiro das Trevas, fazendo algumas sequências em IMAX. Isso é algo que você consideraria fazer, em algum projeto futuro?

Bom, claro. Quer dizer, suponho que isso é apenas uma extensão do que eu estava dizendo. Eu consideraria usar qualquer coisa que eu achasse que ajudaria o processo criativo. Então estou disposto a considerar tudo.

Ok, só mais uma coisa. Isso foi filmado digitalmente ou em película?

Película.

Você pensou em fazer isso em alguma das câmeras digitais?

Claro. Eu teria feito isso, mas o Philippe Rousselot (diretor de fotografia) gosta de trabalhar com película e eu não sou contra trabalhar com película. Mas meu último filme, RocknRolla, filmei com digital.

Antes que acabe meu tempo, eu gostaria de saber sobre os boatos dos seus próximos projetos. Há muitos rumores de que a Warner Bros. já quer começar direto a continuação desse filme. Como cineasta, você já está pensando sobre o que fazer, se você quer fazer mais um... já supondo que Sherlock Holmes seja um sucesso? Você já está pensando "Eu quero cair de cabeça nisso de novo"? Ou você quer meio que descansar e fazer outra coisa?

Eu não sei, seria a resposta. Sinceramente eu não pensei muito sobre isso. Eu colecionei alguns ovos nos últimos meses, e estou sendo meio que igual a uma galinha, estou sentado nos ovos e meio que esperando pra ver qual vai automaticamente chocar primeiro.

Eu tenho que encerrar com você. Muito obrigado por seu tempo hoje.

O prazer é todo meu.

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