Justin Lin dirigiu seu primeiro filme da série Velozes e Furiosos em 2006, Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio. O resultado agradou os produtores, que o convidaram a dirigir o próximo capítulo, Velozes e Furiosos 4. A responsabilidade é grande, já que este filme marca o retorno do personagem mais marcante da série, Dominic Toretto, interpretado por Vin Diesel, além das outras integrantes do elenco original, Michelle Rodriguez e Jordana Brewster. Paul Walker, que conduziu sozinho a primeira continuação, + Velozes + Furiosos, também retornou. Conversamos com Lin em Los Angeles sobre sua volta, a greve de roteiristas, o universo da série, os desafios da produção... Confira!
Por que retornar à franquia?
Velozes e Furiosos 4
Velozes e Furiosos 4
Velozes e Furiosos 4
Velozes e Furiosos 4
JUSTIN LIN: Eu só voltaria se conseguíssemos reunir o elenco - e conseguimos. Foi difícil, especialmente porque esses personagens são muito importantes para os atores. Foram fundamentais naquele momento de suas carreiras. Então foi um desafio interessante, criar algo que tivesse apelo para que todos retornassem.
Por causa da greve de roteiristas não houve como mexer no roteiro antes das filmagens. Já que você também é um roteirista, como foi esse desafio durante as gravações?
Eu comecei como roteirista e resolvi dirigir para encarar novos desafios - e foi justamente o que aconteceu. Não foi fácil fazer a pré-produção sem poder mexer no texto - mas como integrante do sindicato respeitei a greve e isso me deixou ainda mais focado no texto que tinhamos e como extrair dele o melhor possível. Acho que ficou ainda melhor por conta disso - eles carregaram muita coisa nas atuações.
Mais do que simplesmente trazer o elenco original de volta, o filme tem conexões com todos os filmes da série, incluindo o mais recente, Desafio em Tóquio. Existe uma mitologia do universo de Velozes e Furiosos então?
É engraçado. Quando as pessoas ouvem o nome Velozes e Furiosos imediatamente pensam em carros velozes, gatas gostosas e coisas como essas. Mas há uma razão pela qual os fãs querem ver mais desses filmes - e essa razão extrapola esses três itens. São os personagens e o tema. Mais do que esses elementos superficiais, essa é realmente uma franquia que explora a ideia de uma família não-tradicional. Neste filme, o que estamos tentando é explorar a ideia de sacrifício.
E onde esteve Dominic Toretto entre o fim do terceiro filme e início deste?
Isso é parte da diversão. Eu cresci nos subúrbios na década de 1980, então adoro os filmes de Hollywood, mas uma coisa que nunca consegui entender é como eles pegam franquias antigas e as recomeçam. O objetivo aqui foi justamente mostrar que o tempo passou. Quando essas caras retornam à cena das corridas de carros clandestinas eles parecem um pouquinho velhos para aquilo tudo. Eles cresceram e amadureceram - isso é parte da mitologia, assim como a amizade entre Dom e Han. Da maneira que a apresentamos, cabe ao público tentar imaginar o que houve. É parte da diversão.
Como se alcança um equilíbrio entre dirigir algo repleto de ação e conseguir criar uma relação emocional poderosa com os personagens?
O desafio é não achar que o resultado está garantido. Quer dizer, criar as corridas e perseguições é até fácil, especialmente por conta do orçamento que temos. Então o que tentamos fazer o tempo todo é parar e pensar o que estamos tentando dizer com o filme. Há poucas cenas para relaxar e desenvolver os personagens, então você tem que usar as cenas de ação para dizer alguma coisa. Eu gosto muito disso.
Vin e Paul têm estilos completamente diferentes de trabalho. Você os tratou de maneira diferente no set?
Paul é muito intuitivo. Entra na cena e a refaz quantas vezes precisar, a encontra conforme trabalha. Vin é metódico. Gosta de conversar horas sobre a cena, para fazer direito uma vez. Então sempre que possível é melhor colocar Paul em cena primeiro, para que ele encontre o caminho, e depois colocar Vin, quando ele já discutiu suficientemente o que pretendemos com a sequência.
No primeiro Velozes e Furiosos as cenas de ação eram basicamente em linha reta. A ação evoluiu para escorregar sob um caminhão rolando e outros truques pirotécnicos. Como vocês chegam a essas soluções?
Isso também é parte do amadurecimento. O que fez o primeiro funcionar foi a introdução a um grupo que nunca havia sido retratado no cinema. Mas por causa do filme, essa cena underground acabou ganhando tanta força que hoje tem corridas legalizadas, feiras, convenções enormes... virou uma febre. Tudo muito seguro e organizado. Então as pessoas que gostam do aspecto marginal da coisa se afastaram - foram para o deserto e coisas assim. A cena evoluiu e a franquia seguiu junto, assim como os personagens.
Se você for realizar o quinto filme, o que espera trazer de novo?
O que quer que seja apropriado. Eu estou começando a aprender a gostar desses carros, a curtir o processo de sentar com os diretores de arte e escolher as cores, os modelos... então a cada filme vou refinando isso, apreciar os designs e colocá-los dentro de um contexto.
Qual foi a cena mais exigente do filme em termos de ação?
A sequência dos túneis foi difícil porque nunca havia sido tentada antes. Eu fui a vários túneis no México e analisei um por um - eu queria certos ângulos e consegui-los beira o impossível já que um túnel é um túnel... não dá pra tirar uma parede do lugar para colocar uma câmera, por exemplo. Ao mesmo tempo, não dá pra fazer isso em estúdio, já que carros têm uma reflexão específica na lataria, nos vidros Então o que tivemos que fazer foi encontrar um depósito extremamente longo e construer um túnel inteiro, realizado em quarto seções. Foi insano, mas pudemos garantir alguma segurança nesses cenários, já que as paredes não era sólidas e quando um carro batia nelas ninguém saía ferido. Mas o processo todo foi muito árduo.