Em novembro do ano passado, o Omelete foi convidado para visitar o set de filmagens de Resident Evil 4: Recomeço em Toronto, no Canadá. Nós pudemos assistir à filmagem de uma cena e entrevistar todos os atores do elenco principal que estavam trabalhando naquele dia. E mesmo participando de todas as cenas rodadas naquele dia, Milla Jovovich veio conversar conosco. Duas vezes! O que foi bastante generoso da parte dela.
No bate-papo, ela falou da falta de familiaridade que tinha com o 3-D antes de Resident Evil 4: Recomeço, quais as novidades na vida da Alice neste quarto filme, quanto ela conseguiu inserir na história por ser casada com o roteirista/diretor Paul W.S. Anderson, os desafios destas filmagens e muito mais. Se você é fã da franquia Resident Evil você vai adorar a entrevista.
Resident Evil 4: Recomeço
Resident Evil 4: Recomeço
Resident Evil 4: Recomeço
Resident Evil 4: Recomeço
Resident Evil 4: Recomeço
Resident Evil 4: Recomeço
Quais são suas impressões sobre o 3-D?
Bem, eu não sei. Na verdade eu nunca vi um filme 3-D, então... Eu já vi algus trechos do que filmamos aqui e aquilo me deu uma dor de cabeça. (risos). Mas parece realmente legal.
Quando era criança, você nunca usou aqueles óculos com as lentes azuis e vermelhas? Você não teve infância.
Não tive, eu realmente não tive infância. Tudo que fiz foi trabalhar.
Você pode nos contar quais as novidades sobre Alice neste filme?
Bem, sem revelar muito, eu acho que Alice está uma pessoa definitivamente mais feliz. Ela tem mais controle sobre ela mesma. Eu acho que ela está um pouco mais leve por conta de coisas que não posso falar. Mas, ela está mais centrada do que nunca, pronta para começar a se relacionar com as pessoas, pronta para voltar ao mundo normal.
Jeremy [Bolt, o produtor] nos adiantou que talvez a Alice tenha algum interesse romântico neste filme?
Potencialmente. (risos).
Estava me perguntando o quanto você interferiu no roteiro já que você estava morando com o roteirista enquanto ele escrevia.
Com certeza o mundo de Resident Evil é grande parte do nosso dia-a-dia já que Paul é o roteirista e estamos trabalhando nestes filmes há quase 10 anos. Há várias idéias que vão e voltam. Vamos dizer que... o primeiro tratamento [do roteiro] nunca será visto. Ele levou um belo balde de água fria da sua esposa quando mostrou para ela.
Você nunca disse "Eu quero uma cena em que eu chuto nesta forma?"
Ah, sim. Com certeza eu estive muito envolvida nas seqüências de ação. Eu amo fazer isto, então eu tenho idéias instintivas sobre coisas que meu personagem faria ou até pensamentos legais ou sonhos que eu tenho e coisas como: "ok, então este será em 3-D. Vamos realmente tirar vantagem desta mídia e fazer coisas como isto ou aquilo."A cena que acabamos de filmar, estávamos ensaiando há alguns dias para conseguir estes chutes e tentando entender a física dos golpes que estou dando. Nós temos estes movimentos bem legais a serem trabalhados. Eles escolheram o Dead, o dublê que está fazendo as cenas de ação no lugar do Kim Coates, e, sabe, parecia que o chute não condizia com a reação dele e eu disse "Tem alguma coisa errada com isso". Eu falei com a Joanne, minha dublê, e também disse mais algumas coisas que podíamos fazer, como talvez tentar algo como um chute frontal sobre ele que vai jogá-lo para cima da mesa porque fisicamente ele tem que ir pra cima da mesa. O chute de lado o jogava pra cima da mesa de um jeito que estava ficando estranho. Então, eu acho que funcionou muito bem.
Fale sobre as coisas que você teve que fazer neste filme que não tinha feito antes?
Bem, na minha opinião eu acho que este é um dos filmes da série Resident Evil com visual mais inacreditável que já filmamos. As cenas de ação tiram vantagem do 3-D, mas nós mantivemos o 2-D em mente porque sabemos que muitas pessoas não terão condições de comprar o ingresso para 3-D ou talvez elas não tenham um cinema 3-D em suas cidades. Então estamos bem conscientes que não importa o que estejamos filmando, nós não queremos fazer um filme apenas em 3-D. Queremos fazer um filme que fique ótimo na TV, que fique legal na casa de qualquer um.
Mas será maior?
Ah sim... As coreografias de luta estão acima da média. Coisas muito legais. E obviamente conseguimos tirar proveito do chroma key porque algumas coisas são fisicamente impossíveis. Por exemplo, construir um cenário para dar certos saltos de uma grande altura custaria muito caro. Então estamos definitivamente fazendo o orçamento render o máximo possível e pegando o que temos e multiplicando. E acho que estamos conseguindo. É muito empolgante acompanhar as filmagens. É muito divertido. Eu acho que neste filme os personagens estão mais fortes. Trabalhamos para que todos tivessem destaque neste filme. É engraçado porque eu vejo todo o elenco reunido e estamos muito unidos neste filme e fico pensando: "Não posso acreditar que vocês vão morrer. Isto é uma merda. Desculpe." Mas esta é uma das coisas que não é muito comum em um filme como esse, que você se sente mal com a contagem dos corpos. Deus, somos muito mais do que um monte de cadáveres.
Foi triste quando Oded morreu. Você o queria de volta, certo?
Sim, ele é fantástico, mas que forma sensacional de morrer, né? Foi uma ótima cena de morte.
Você vai voltar a usar o vestido vermelho?
Não, não. (risos) Mas nunca se sabe. Não, nós temos um novo estilo neste.
É você que faz a parte dos clones também ou eles digitalizaram dublês?
Eu faço os clones. Eu já disse aos produtores que eles deveriam me pagar por clone também e não só por mim. (risos) Eu tenho interpretado todos os clones, o que tem sido muito interessante e um pouco desconcertante porque na maior parte do tempo você está interpretando naquela direção e depois tem que ir para o outro lado e tem que fazer tudo em dobro e tem que inserir algumas diferenças entre os clones, algo que reflita uma mudança de personalidade e outros quesitos pessoais. Às vezes eu digo: "Seria engraçado que os clones olhassem um para o outro e dissessem 'Ok, vamos!'"...
Como é estar de volta a Toronto? Deve ser um alívio depois do calor sufocante do México.
É um grande alívio (risos). É ótimo. Eu amo Toronto. É uma cidade muito legal e é ótimo estar em um lugar com todas as vantagens de uma grande cidade. Mas o México definitivamente tem seu charme. Pegue o charmoso hotel em que ficamos hospedados, a pequena piscina no meio e todos os quartos dando pra ela e podíamos tomar margaritas no final do dia. Foi divertido.
Você mencionou ter trabalhado um pouco no roteiro com o Paul. Você pode falar um pouco disso e o que teremos de volta ou não?
Nós falamos muito sobre o roteiro e a história e, sabe, com certeza nós falamos sobre todas as coisas que gostávamos em primeiro lugar e também abordamos coisas das quais não tínhamos tanta certeza. Ou ele explicava porque tal coisa era legal e eu dizia "Ok" ou, se era uma coisa que eu gostava bastante, ele ia lá e escrevia.
Tem alguma coisa que você sugeriu e ficou grata por ele incluir?
Algumas coisas eu não quero muito revelar. Eu acho que vocês não teriam permissão para ouvi-las... Eu estava esperando muita que a ação se superasse, especialmente no 3-D. Eu sempre tenho algum tipo de experiência quando vou ao cinema... Eu não lembro o que é, é uma propaganda... Não uma propaganda, mas um anfiteatro que você passa por baixo quando vai ao cinema...
Você está falando da vinheta das salas de cinema Pacific?
Sim, sim, sim. Eu sempre adorei aquilo. Era como sentir que estava embarcando naquela jornada. Eu realmente acho que se você vir algo assim em 3-D, vai perceber como aquilo é fantástico, aquela impressão de que você está voando. Por isso nós temos a Alice voando neste filme, o que será bem legal, e você vai ter o sentimento de que está viajando muito perto das coisas. E eu também vou dar um pulo, especialmente para o 3-D, para que você realmente sinta como se estivesse despencando de um elevador de um arranha-céus.
Por isso eu ficava o tempo todo perguntando para ele: "E aí você escreveu o lance dos elevadores? E aí você escreveu o lance dos elevadores?" Então ele escreveu esta grande cena durante a seqüência dos clones em que elas se jogam numa grande janela de vidro e mergulham de cabeça uns 50 andares da Umbrella. E eles acharam o lugar perfeito para isso. É na universidade daqui, onde eles têm algo como uma cafeteria, eu acho, para os professores. E o outro é uma área de estudo. Os estudantes e professores daqui são muito sortudos. Então aquilo será o centro dos prédios do quartel general de Wesker Umbrella. Então eu faço este mergulho realmente surpreendente, os dois clones atirando nas pessoas à medida que caímos. Será neste átrio com todo o balcão em volta, os guardas estão vindo e atirando [ela faz barulho de tiros].
E foi filmado no local?
Foi filmado contra o fundo verde. Na primeira vez que filmamos, eu queria ver o resultado o tempo todo porque eu gostaria de fazer ajustes. Quando eu revejo a cena fica mais claro para mim o que está errado. Ou então que está ótimo, que eu adorei. Mas na maior parte do tempo é "O que não está certo com isso?" (risos) Quando eu vi o vídeo eu estou no ar presa neste tipo de gancho, sabe, eu apenas estou ali flutuando e parecia que tinha alguma coisa de errada com a cena. Então eu entendi que à medida que eu mergulhava e o vento batia em mim não parecia que eram grandes movimentos, mas você realmente sentia a resistência do ar. E aí eu disse "Eu acho que está faltando mais resistência do ar para dar mais realidade à queda". Digo, estava tão estranho, toda a seqüência da queda parecia surreal. Primeiro, porque estávamos filmando à noite e tínhamos umas ideias loucas às 3h da manhã, mas para filmar a minha queda eu precisava estar de pé, para que meu cabelo estivesse voando na direção certa. Então eu ficava tentando fazer umas coisas para passar a impressão de que tínhamos a questão da resistência do ar. E aí meus clones vinham e se jogavam pela janela, um vem de um jeito e o outro está do outro lado. Então é como se ela estivesse caindo para um lado tivemos que ajustar a forma como o cabelo dela ia aparecer. Nós realmente temos que filmar desta perspectiva. Se ela cai deste lado, o rabo de cavalo dela vai voar por causa do vendo. Então temos que filmar de ponta cabeça por conta do rabo de cavalo e a outra que está caindo tem o cabelo de um outro jeito e daí temos que filmar de acordo... E sabe... Fazer isto às 3h da manhã e ficar pensando "em que direção que o rabo de cavalo ficou?" É realmente difícil para todos, e fácil de ficar de saco cheio. Eu falo uma coisa e o Paul discorda, e daí eu falo "Ok, eu não disse nada, mas ainda acho que o rabo de cavalo não está voando na direção certa."
Os novatos do elenco estão se aclimatando a todas estas minúncias em filmar as cenas de ação?
O Kim é super bagunceiro. Ele é um ator fantástico e tem sido muito divertido trabalhar com ele porque ele improvisa bastante.
E as pessoas são encorajadas a fazer isso?
Sim, claro. Tudo que possa dar vida ao personagem é válido. Mas às vezes ele vai tão longe que falamos "Você está brincando?". Teve uma vez que ele falou "Temos que sair porque eles estão vindo e vão nos comer vivos. Nós somos a única carne fresca em toda Costa Oeste. Eles vão arrancar cada pedaço de nosso esqueleto, a carne, o sangue e comer" e à medida que ele ia falando aquilo a gente dizia "Você tá falando sério?" (risos). Está virando Todo Mundo em Pânico, ou algo assim... É hilário. E Wentworth é um cara maravilhoso. Nós tivemos algumas experiências realmente divertidas. Tenho certeza que se vocês acompanham o Twitter vocês leram sobre a cena que ele atirou na orelha do Boris, que foi uma seqüência muito louca. Eu acho que Wentworth nunca tinha usado uma arma de fogo antes deste filme.
Nem mesmo em Prison Break? Eu acho que ele usou.
Eu acho que não porque ele dizia "Eu nunca apontei uma arma, eu nunca atirei". E eu dizia "Ok, ok!" Foi engraçado, então fomos e praticamos por alguns minutos antes da cena para estarmos prontos para atirar. Demorou muito para entrarmos no ambiente e em 5 minutos ouvimos "Ok, ação". Ele foi com tudo. Ele é realmente muito bom. Tivemos momentos legais entre as filmagens e nos divertimos um com o outro. Nos divertimos imitando o personagem um do outro. Foi muito legal.
Como está Alice com relação a seus poderes. Vamos ver mais disso?
Sim, um pouco mais, o que eu acho que vai ser bem interessante neste filme... Foi essa uma das discussões que eu tive com o Paul. No começo do processo de escrever o roteiro ele me convenceu da forma como deveria ser este lance, o que foi muito legal. Agradeço por você ter me lembrado disso. Ela perde os poderes dela neste filme e se a torna humana de novo, que é o que ela queria. E eu acho que isso a iluminou também no sentido de alívio em ser malvada de novo e não apenas uma super heroína. Eu acho que isso vai aparecer pelo filme de uma forma estranha, como uma recompensa em ser ela mesma de novo, o que é ótimo.
Esta coisa que você tem enrolado no cotovelo, o que é?
Tem um propósito funcional. A) costumava ser a minha camiseta, que eu rasguei. B) No filme eu tenho umas armas no estilo Travis Bickle por baixo do meu casaco, então isto protege os meus braços. E também tem uma grande utilidade quando estou rastejando pelos túneis. (risos).
Resident Evil 4: Recomeço estreia em 17 de setembro