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Sex And The City - O Filme

Quatro anos se passaram, mas as quatro amigas conseguiram retroceder em maturidade emocional

05.06.2008, às 18H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 07H07

"Labels and Love". Marcas e Amor. Para os roteiristas de Sex and The City, o Filme, são essas as duas prioridades da mulher moderna. Então, se você concorda com eles, tem tudo para amar o longa-metragem mais esperado pelos fãs da série de TV que retrata a vida de quatro amigas na cidade de Nova York. Mas, se você acha que a premissa é um tanto reducionista, bem... prepare-se para passar um pouco de raiva e revirar os olhos aqui e acolá, especialmente durante as cenas de imaturidade emocional explícita - que não são poucas.

Antes de prosseguirmos, acho importante esclarecer: fui uma fã escancarada da série, exibida pela HBO entre os anos de 1999 e 2005. No ano passado, tomada pela saudade, cheguei a assistir no DVD a todas as temporadas, em mini-maratonas de final de semana. Por isso, é dolorido ter de admitir que o suado projeto de Michael Patrick King e Sarah Jessica Parker, que levou quatro anos para sair, simplesmente não funciona. Transposto para a tela grande, Sex and the City perdeu boa parte de seu charme e conseguiu o que parecia impossível: ficou chato.

E não é porque, como suspeitaram alguns críticos e espectadores, as protagonistas envelheceram e se transformaram numas caretas. Apesar das rugas, dos quilos a mais e das novas responsabilidades, Carrie (Sarah Jessica Parker), Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall) agem como se tivessem acabado de completar 20 anos. Isso não seria um grande problema se elas se contentassem em levar a vida de uma garota dessa idade. Ao contrário do que ocorria na série, as "meninas" não querem mais saber de sair todas as noites e ficar com o maior número de caras possível. Elas querem casar, ter filhos e comprar apartamentos de milhões de dólares. Mas não se comportam à altura de suas ambições.

No lugar das mulheres independentes, poderosas e (é preciso reconhecer) com roupas incríveis pelas quais nos apaixonamos na TV, encontramos no cinema criaturas infantis e birrentas, que lembram meninas de seis anos tentando se equilibrar nos sapatos de salto de suas mães, com os rostinhos transformados por batom borrado. Não surpreende, portanto, que o papel melhor resolvido seja o da novata Jennifer Hudson, que é contratada como assistente de Carrie. Esse tipo de comportamento se reflete diretamente no dos personagens masculinos. Embora Mr. Big (Chris Noth) esteja ótimo como o destruidor de corações canastrão e Steve (David Eigenberg) seja cada dia mais adorável, incomoda vê-los tão acuados. Eles têm pouquíssimas falas, nenhuma delas de grande relevância para a trama. Foram reduzidos quase que a figurantes, o que torna ainda maior a incongruência do filme. São esses bobões que as mulheres buscam tanto? Por que alguém com a cabeça no lugar lutaria pelo amor de indivíduos tão insossos?

Mas nem tudo está perdido. Há as tradicionais tomadas de lugares espetaculares em Manhattan, que nos fazem ter vontade de embarcar no primeiro vôo para lá. Uma ou outra cena romântica abandona o tom forçado e nos faz suspirar com gosto, como a que se passa na Ponte do Brooklin. Mas o principal atrativo é também o elemento que a série tinha de mais encantador, e que permanece a salvo no fime: o retrato da amizade entre mulheres, quase sempre tão frágil. É impossível não se embevecer em algumas cenas que nos fazem pensar nas nossas próprias amigas e em como a vida seria impossível sem elas. Por isso, leve as suas amigas mais queridas ao cinema. Só mesmo a companhia delas pode transformar as excessivas duas horas e vinte minutos numa ocasião memorável.

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