Sucker Punch - Mundo Surreal é o novo filme do diretor Zack Snyder, seu primeiro a partir de uma história original. O Omelete fez uma visita o set de Sucker Punch em novembro de 2009, quando conversamos com o cineasta e boa parte do elenco. Leia agora como foi a primeira dessas entrevistas, realizada dentro do cenário de uma das sequências do filme, um bunker da Primeira Guerra Mundial com soldados zumbis steampunk alemães ao redor.
Este é seu projeto definitivo? Aquele que você sempre esperou?
Sucker Punch - Mundo Surreal
Sucker Punch - Mundo Surreal
Sucker Punch - Mundo Surreal
Sucker Punch - Mundo Surreal
Sucker Punch - Mundo Surreal
Zack Snyder: Eu tenho mais alguns, mas é... as coisas vão acumulando, o tempo vai passando, e pensei que estava na hora de trabalhar na minha ideia. Tem mais algumas coisas que estamos desenvolvendo, mas esse foi um filme que eu tinha que fazer, do contrário eu seria aquele cara que só sabe falar daquilo que não fez.
O que realmente me empolga pra ir filmar alguma coisa é o senso de aventura, alguma coisa sobre o projeto que me faz ter vontade de acordar e ir trabalhar. Talvez seja por isso que meus projetos são atuais, eu sempre me pergunto os mistérios das coisas, os "porquês". São essas coisas em que eu não consigo não pensar.
Já que você disse isso, pode nos dar um exemplo de algum "porquê" que já tenha sido respondido?
Quando eu fiz Madrugada dos Mortos, o "porquê" era "será que eu posso fazer um filme?" [risos] E também porque eu gosto de zumbis, mas eu também queria saber se conseguiria corromper a ideia do filme, mas sem que ninguém soubesse que eu havia feito isso. Queria fazer um filme que não fosse só um filme, mas que tivesse um significado para mim. E sim, eu posso. O "porquê" em 300 foi - sendo um grande fã de Frank Miller por um bom tempo - se eu conseguiria passar a loucura dele para o cinema... e eu acho que eu consegui. Com Watchmen foi, para mim, um daqueles textos bíblicos que eu precisava transformar em realidade e eu acho que foi por isso que Watchmen foi tudo aquilo. Quando você lê os livros, eles estão em sua mente e é ali que a ironia se revela - quando filmamos, eu aprendi mais sobre tudo aquilo do que quando eu li. Sinto que sei praticamente tudo sobre Watchmen. Mas isso é bom, ninguém é pago para estudar aquilo que você ama. Eu sei que isso soa estranho, mas essas coisas são difíceis.
Isso não é uma adaptação, é uma história original sua. Você ficou intimidado com isso?
Uma vez que está escrito, os desenhos estão prontos e a coisa toda existe conceitualmente, o projeto acaba se tornando meio que uma adaptação para mim. Eu posso até ter escrito o roteiro, mas quando você o transforma em um filme é mais ou menos o mesmo processo de uma adaptação. Na minha opinião, quando você começa a desenhar e tem o texto e começa a visualizá-lo, essa parte é igual. Exatamente a mesma coisa. Eu trato do mesmo modo, não sei como outras pessoas fazem.
Quando você teve a ideia para o filme?
Eu já estou trabalhando nele por mais ou menos seis anos, mas foi nos últimos dois anos que realmente ele começou a sair do papel.
Parecem seis filmes em um.
Meio que é isso mesmo. Cada uma das aventuras é bem direta, eu tentei fazer as aventuras bem simples - não simples no visual; mas na história. Eu tento fazer a parte visual bem complicada, mas a história é simples e direta. Ninguém fica perdido no filme, não existem grandes complicações.
E você filmou os segmentos de maneira diferente?
Um pouco, cada um tem seu estilo.
Como elas jornadas das garotas se conectam na tela?
Eu acho que cada uma tem sua própria identidade e trajetória no filme, as necessidades, os objetivos, encontrar o próprio caminho. Cada um desses fatores é um reflexo de quem elas são. Todas elas têm jornadas individuais.
A conexão delas acontece como aconteceria na vida real. Se você está numa jornada emocional e quer chegar a algum lugar, você pode buscar alguém para facilitar isso ou acidentalmente conhecer essa pessoa. É assim que essas garotas interagem umas com as outras. Sozinhas elas não são tão fortes, mas juntas elas se ajudam a alcançar o fim. Amizade é uma grande parte de tudo isso - o filme é sobre essas garotas, estando presas onde estão, e essa outra pessoa entra em cena e muda a dinâmica e as força a fazer alguma coisa, a reagir.
Como você fez para escrever pelo ponto de vista feminino?
Eu tentei me manter nas linhas da experiência humana e continuei daí. Eu tive várias garotas em minha vida, então... [risos]
E que algumas das garotas estavam dizendo que esse é um filme de ação sob a perspectiva feminina e é interessante ver que foi um cara que escreveu. Acho que foi Jena [Malone] que disse "foi bem corajoso da parte dele", então, como foi que você fez para entrar na perspectiva feminina?
Eu não acho que dá para tentar entrar na perspectiva feminina, acho que isso é errado. Eu tento me manter afastado e penso no que é verdadeiro e interessante para mim. Quando as garotas entravam em cena para tornar essas coisas reais, esse processo deu-se mais por conta delas - foram elas que tornaram tudo mais feminino. Eu não posso fingir ser uma mulher, mas eu espero poder usá-las para fazer aquilo que eu escrevi mais consistente com o modo que veem o mundo.
Esse filme gira em torno de uma obsessão pessoal. Você ficou surpreso quando disseram que poderia fazer o filme?
Sim e não. Claro que fico surpreso toda vez que alguém diz que posso fazer um filme, mas por outro lado - apesar do filme ser fetichista e pessoal, também é... Eu gosto de pensar que meus fetiches não são tão obscuros.
Nos dê um exemplo.
Quem não quer ver garotas correndo nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial?
Os filmes na tela ficam tão bons quanto na sua mente?
Eles são diferentes, mas tão divertidos quanto. Tem muito mais ironia neles quando estão na tela do que na minha mente.
Por quê?
Acho que é porque eu - talvez o processo de transformá-los em realidade é ligeiramente absurdo. Então eu sempre fico bem consciente quando filmo e eu gosto de ser ridículo, então acaba sendo divertido.
A trama acompanha Babydoll (Emily Browning), garota confinada a um hospício por seu padrasto, que deseja lobotomizá-la. Babydoll cria um mundo de fantasia para se proteger, e ali, com a ajuda de suas amigas, precisa reunir cinco itens imaginários para escapar de seu destino real. Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens e Jamie Chung fazem as amigas. Scott Glenn, Jon Hamm, Carla Gugino e Oscar Isaac também estão no elenco.
Sucker Punch - Mundo Surreal estreia em 25 de março no Brasil. Aguarde mais entrevistas e material exclusivo e fique de olho na página especial do filme. Acesse-a clicando no link abaixo!