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Uma aventura no tempo (2007), estrelada pela Turma da Mônica é mais uma prova do amadurecimento do setor. A nova produção supera o calcanhar de aquiles das animações recentes da turma, o roteiro, e alia uma história esperta a uma excelente animação. O resultado é um filme que não deve nada aos clássicos dos anos 80, período áureo da Mauricio de Sousa Produções, como A Princesa e o Robô (1983) e A estrelinha mágica (1988).
Como não podia deixar de ser, a história começa com Cebolinha (Angélica Santos) contando seu novo plano infalível para o Cascão (Paulo Cavalcante). Após deixar a Mônica (Marli Bortoletto) furiosa, eles acabam causando um acidente no laboratório do Franjinha (Sibele Toledo), que estava trabalhando numa máquina do tempo. O acidente coloca o mundo em risco e, para salvá-lo, cada personagem deve viajar a um lugar e período da história em busca dos quatro elementos. Mônica vai até a pré-história em busca do Fogo, Cebolinha para o futuro em busca do Ar, Magali (Elza Gonçalves) visita os tempos em que era um bebê atrás da Terra e Cascão, logo ele, precisa buscar a Água no tempo dos Bandeirantes.
É aí que a verdadeira diversão começa. Qualquer fã dos gibis da Mônica já sonhou com um encontro da turma com personagens do segundo escalão da Mauricio de Sousa Produções como Horácio, Piteco, Astronauta e Papa-Capim. A máquina do tempo torna esses improváveis encontros uma realidade, e nos presenteia com cenas hilárias como os diálogos entre o Cebolinha e o Astronauta. Também dão o ar da graça o Chico Bento, Rolo e os novatos, Luca e Dorinha.
Para apresentar tantas situações e personagens, a trama exige um pouco mais das crianças menores, mas em compensação deve satisfazer e muito as mais velhas. A caracterização dos personagens é um dos pontos fortes. Cebolinha é de longe o melhor do filme. O "careca" (como é chamado pelo Cascão) está mais perverso do que nunca, com segundas intenções em praticamente todas as suas falas. Já o pavor de água do Cascão não só rende boas risadas mas também o torna o personagem mais humano e realista da turma. Ele sente medo o tempo todo, tenta fugir da raia várias vezes e sempre se deixa levar pela influência do seu amigo que fala "elado".
O filme tem lá seus defeitos, mas nada que deva incomodar os fãs da turma. Alguns cenários são tão coloridos e detalhados que acabam chamando mais atenção do que deveriam, ofuscando os astros principais. A história também tem alguns problemas de ritmo, já que a Mônica acaba aparecendo muito mais que todos os outros personagens. Não que nós esperássemos algo diferente da "dona da lua" nesse retorno triunfal aos cinemas.