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Crítica

Em Má Companhia | Crítica

As piadas de Chris Rock tomam conta de um filme que, a princípio, leva-se a sério demais.

29.08.2002, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 21H02

O diretor Joel Schumacher já se enveredou pelo thriller em Garotos perdidos (The Lost boys, 1987) e em 8mm (1999). Optou pelo drama em Tudo por amor (Dying young, 1991), pela polêmica em Um dia de fúria (Falling down, 1993) e pela guerra em Tigerland (2000). Arriscou-se até entre os super-heróis, com Batman eternamente (Batman forever, 1995) e com Batman & Robin (1997).

Agora, no filme Em Má Companhia (Bad company, 2002), Schumacher mescla duas correntes numa só: mistura uma típica trama de espionagem com os chamados buddy movies, aquelas produções policiais com duplas explosivas, o novato e o experiente, o paspalho e o sisudo.

No papel, a química inusitada entre os atores parece iminente. De um lado, um ganhador do Oscar, o paradigma do britânico discreto, de poucas palavras, Sir Anthony Hopkins. Em contraste, um comediante de sucesso, o norte-americano histriônico e falastrão, Chris Rock. Como cenário, as construções belíssimas e a atmosfera charmosa de Praga, na República Tcheca, hoje devastada por terríveis enchentes. E de complemento, os tiroteios, as perseguições e as explosões grandiosas, características do produtor Jerry Bruckheimer.

A trama começa com um desastre. Durante uma missão no Leste Europeu, o agente secreto Kevin Pope (Rock), disfarçado de requintado negociador de relíquias, acaba assassinado por extremistas russos. Como Pope era a única pessoa capaz de administrar o disfarce, Gaylord Oakes (Hopkins), seu mentor na CIA, precisa arrumar uma maneira de manter a missão de pé.

E descobre, nas ruas de Nova York, um malandro vendedor de ingressos de Beisebol, desbocado e revoltado, Jake Hayes (Rock, de novo), exatamente o irmão gêmeo que Pope nunca conhecera.Oakes tem nove dias, até a retomada do contato com terroristas, para fazer de Hayes um gentleman, sommelier, expert em raridades, fluente no idioma tcheco - um legítimo James Bond.

Filme sério

A química entre os atores custa a acontecer. Num papel atípico, Hopkins não se sente à vontade. O panorama complica-se ainda mais com a mão pesada de Schumacher, que não sabe equilibrar as piadas e o desenvolvimento da ação, exatamente como aconteceu nos dois últimos filmes do Morcego. Logicamente, nesta mistura, ganham espaço as tiradas de Chris Rock, muitas delas de improviso, declamadas teatralmente como num monólogo cômico. Aliás, por que os comediantes sempre esperneiam e se desesperam quando estão num tiroteio ou numa perseguição?

Cabe aqui fazer uma comparação. Em Má Companhia parece-se muito com o falado (Triplo X- Triple X, de Rob Cohen, 2002). Ambos foram filmados em Praga, dizem-se inovadores, apresentam um agente secreto diferente, empregado a contragosto, e vilões insanos e nucleares. No entanto, existe uma diferença aparentemente simplória: enquanto Triplo X assume abertamente uma vocação trash, descompromissada e divertida, Em má companhia procura sempre parecer um filme sério, em que os clichês e as situações inverossímeis tornam-se um problema. E as piadas de Chris Rock tomam conta de um filme que, a princípio, leva-se a sério demais.

Nota do Crítico
Regular
Em Má Companhia
Bad Company
Em Má Companhia
Bad Company

Ano: 2002

País: EUA, República Thceca

Classificação: 12 anos

Duração: 117 min

Direção: Joel Schumacher

Elenco: Anthony Hopkins, Chris Rock, Gabriel Macht, Peter Stormare, Kerry Washington, Adoni Maropis, Garcelle Beauvais, Matthew Marsh, Dragan Mićanović, John Slattery, Brooke Smith, Daniel Sunjata, DeVone Lawson Jr., Wills Robbins, Marek Vašut

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