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O Lobo | Crítica

<i>O lobo</i>

23.06.2005, às 00H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 16H05

O lobo
El Lobo, 2004
Espanha/Argentina
Drama - 123 min

Direção: Miguel Coutois
Roteiro: Antonio Onetti

Elenco: Eduardo Noriega, Silvia Abascal, Patrick Bruel, Mélanie Doutey, José Coronado, Jorge Sanz, Aitor Mazo, Antonio Ferrera, Javier Tolosa, Manuel Zarzo, Cristina Perales, Santiago Ramos

Biografias cinematográficas quase sempre tendem a ser parciais. Ainda por cima quando contadas pelo ponto de vista do biografado. O Lobo (El Lobo, 2004) é mais um exemplo nas diversas produções que preferem romancear a se ater aos fatos protagonizados por todos os envolvidos. Até porque já aprendemos que em história não existe verdade absoluta. Só por meio dos depoimentos de todos é que se poderia chegar a alguma conclusão. Isso não quer dizer que o filme seja ruim, mas como testemunho histórico fica aquém da realidade. Sua maior qualidade é presentear o público com diversão carregada no suspense e drama psicológico.

A narrativa é inspirada na vida de Mikel Lejarza, o agente secreto espanhol, que na década de 70, infiltrou-se no movimento separatista ETA. Seu codinome era o Lobo. Ele foi responsável pela queda de um quarto dos ativistas terroristas da organização, representando 150 colaboradores - incluindo alguns membros das forças especiais e algumas figuras do grupo. A operação Lobo é a mais bem sucedida já feita pela polícia espanhola contra o ETA. Como conseqüência disso, a organização terrorista condenou Lejarza à morte cobrindo todo o país basco com cartazes de busca pelo traidor.

Nos anos 80, o jornalista Melchor Miralles, produtor executivo do filme, encontrou Lobo e o convenceu a contar a sua história. Foi baseado nesse depoimento que Antonio Onetti escreveu o roteiro. Como Onetti acaba retratando os fatos só pela ótica de Mikel Lejarza, ficamos com a impressão que Lejarza é uma vítima do sistema.

Ele não concorda com a ditadura de Franco, mas ao mesmo tempo não partilha das idéias do ETA, em que a violência é a única forma de se construir uma nação basca. Ao ser pego pela polícia numa das ações do grupo separatista, torna-se um informante para a polícia secreta. Nesse momento o espectador tem a clara impressão que Lejarza é um peão nas mãos de ambos os lados do conflito. Ele precisa tomar cuidado para não cair nas ciladas de interesses dos chefes das duas organizações. Fica difícil engolir que um simples trabalhador possa arquitetar tantas manobras de dissimulação.

O diretor Miguel Courtois constrói o típico herói romântico, consciente de que fazer a coisa certa está muito acima do seu bem estar. Lejarza perde a sua família, seu trabalho e seus amigos. Em suma, perde a sua própria vida. Acompanhando esse raciocínio, o diretor ainda comete uma gafe ao colocar a canção "Highwaystar", clássico da banda de hard rock Deep Purple, no momento em que Lejarza descobre que não pode mais confiar em ninguém. A música ainda volta na conclusão da mesma cena, no momento da perseguição. Destoa das imagens e cria uma alusão ao cinema espetáculo. Esses jogos cênicos despertam curiosidades, mas corrompem a idéia embrionária do projeto e a veracidade acaba sendo contaminada.

O filme concorreu ao Goya 2005, uma espécie de Oscar espanhol, para melhor ator, atriz coadjuvante, produção, edição e efeitos especiais. Saiu vencedor nas duas últimas categorias, confirmando que sua proposta de entretenimento foi alcançada. Espectadores famintos por informação acurada, porém, vão se sentir desamparados.

Nota do Crítico
Bom
O Lobo
El Lobo
O Lobo
El Lobo

Ano: 2004

País: Espanha

Classificação: 14 anos

Duração: 125 min

Direção: Miguel Courtois

Roteiro: Antonio Onetti

Elenco: Eduardo Noriega, Patrick Bruel, Fernando Cayo, Jorge Sanz, Manuel Zarzo, Juan Fernández, José Luis García Pérez

Onde assistir:
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