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Pintar ou Fazer Amor | Crítica

Pintar ou Fazer Amor

12.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 02H00

Pintar ou Fazer Amor
Peindre ou faire lamour
França, 2005
Comédia - 100 min

Direção e roteiro: Arnaud Larrieu / Jean-Marie Larrieu

Elenco: Sabine Azéma, Daniel Auteuil, Amira Casar, Sergi López, Philippe Katerine, Hélène de Saint-Père, Sabine Haudepin, Roger Mirmont, Jacques Nolot, Marie-Pierre Chaix, Florence Loiret, Thiago Telès

Pintar paisagens fora de Paris é o hobby de Madeleine (Sabine Azéma). Um dia, ela está diante do campo que lhe serve de inspiração, quando conhece o prefeito do vilarejo, Adam (Sergi López, de Coisas Belas e Sujas). É ele quem apresenta Madeleine a uma casa antiga, colocada à venda na região. A construção é admirável - mesmo cego, Adam sabe que o lugar tem mesmo algo de muito especial. Madeleine convence o seu marido, o aborrecido William (Daniel Auteuil, de Caché), a se mudar para lá. Nasce aí o conflito que dá nome a Pintar ou Fazer Amor (Peindre ou faire lamour, 2005).

Conflito esse que está claro não apenas no título, mas também na atmosfera de normalidade efêmera, daquelas prontas a se desmanchar, que os irmãos diretores Jean-Marie e Arnaud Larrieu imprimem ao começo da história. Seja a inércia de William, seja a curiosidade com que Madeleine se aproxima da debilidade de Adam, seja o embaraço da nova amizade e da nova vizinhança... A verdade é que se anuncia com o vento uma mudança das grandes na vida dessas pessoas.

O fato de Adam - ou Adão - dominar o seu terreno, esse Jardim do Édem, valendo-se dos apurados sentidos que lhe restam, e de ter uma esposa chamada Eva (Amira Casar) já o coloca na condição de catalisador das descobertas. A citação bíblica vem de brinde, para arredondar o simbolismo. Mesmo sem essa facilidade não seria complicado entender o personagem do prefeito como símbolo das transformações, de um tempo que se abre aos frutos proibidos da vida. O deus que breca a mudança, no caso, são os preceitos sociais vigentes não apenas na França, mas em todas as bem estabelecidas sociedades ocidentais, burguesas e monogâmicas, que podem se ver representadas em Pintar ou Fazer Amor.

Não é fácil, aqui ou na França, livrar-se do deus impregnado nos nossos costumes. E é essa ruptura que se apresenta diante de Madeleine e William e que norteia boa parte do filme.

Se à certa altura, lá pelos dois terços da duração, os irmãos Larrieu desmontam o conflito, isto é, adiantam uma resolução, isso não significa, exatamente, que todas as respostas foram encontradas. Especialmente pela maneira apaziguante com que os dilemas se resolvem - diluindo o suspense, anulando as diferenças, enfim, encontrando a saída mais ao alcance da mão. Do jeito que tudo se soluciona, parece escapismo. Muito próximo, exacerbando um pouco, da fuga que Auteuil experimenta em Caché. E não deixa de ser um escapismo confortável, ainda mais quando falamos de um mundo repleto de problemas como Paris e arredores: o escapismo idílico.

Fica a sensação de uma esquiva, como se Jean-Marie e Arnaud Larrieu evitassem bater-se contra aquilo que propuseram. Fecham a fatura com um filme despudorado, e só.

Nota do Crítico
Regular
Pintar ou fazer amor
Peindre ou faire l´amour
Pintar ou fazer amor
Peindre ou faire l´amour

Ano: 2005

País: França

Classificação: 16 anos

Duração: 100 min

Onde assistir:
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