Filmes

Entrevista

La Vingança | “É difícil, mas fazemos porque gostamos”, diz Daniel Furlan sobre comédias no Brasil

Ator protagoniza nova produção nacional ao lado de Felipe Rocha

16.03.2017, às 11H00.

Imagine que você está prestes a se casar com o amor da sua vida, e descobre que ela está te traindo com um charmoso chefe de cozinha argentino. O que você faz? Vai para o país dos hermanos e resolve se vingar ficando com várias pessoas, claro. Essa é a trama de La Vingança, coprodução entre Brasil e Argentina que já está em cartaz nos cinemas.

Felipe Rocha e Daniel Furlan protagonizam o longa fazendo, respectivamente, o homem traído e o amigo que tem a ideia de vingança. Mas o caminho para a produção não foi fácil. Em entrevista ao Omelete, ambos explicam que vários atores passaram pelo projeto antes dos dois serem escolhidos: “No meu caso, o Danton Mello não teve agenda para fazer o filme [risos]. Não sei, acho que umas dez pessoas não tiveram agenda para fazer o filme, ai o convite veio pra mim”, diz Furlan.

Como a sinopse revela, o longa trata bastante da rivalidade entre Brasil e Argentina, mas Rocha considera que grande parte disso faz parte apenas do folclore entre os dois países:[...] Para mim é algo totalmente alegórico, a gente mais fala disso do que vive. Nós fomos muito bem recebidos na Argentina e tenho a impressão que isso também acontece quando os argentinos chegam no Brasil. Para mim é igual carioca e paulistano, brasileiro e português, a gente inventa umas fantasias que, de fato, a gente não vive”. Grande parte das piadas do filme envolve também o futebol, que é combustível para várias discussões clássicas como: quem é melhor, Pelé ou Maradona? “Acho que isso vem muito do brasileiro admirar o futebol argentino, por mais que o nosso futebol seja tão vitorioso. Acho que tem uma admiração/invejinha sim, e de lá para cá também”, completa Furlan.

Mudanças no humor

Com um texto mais ácido e irônico, La Vingança se difere de outras comédias nacionais, constatando uma mudança que acompanha uma linguagem mais parecida com a internet. Para Rocha, a TV já percebeu que o público quer algo diferente e aposta em inovações, como o programa Tá no Ar, da Rede Globo“A gente assiste ao programa e pensa ‘como esses caras estão falando isso na Globo?’. Tem também o Amor e Sexo, que mostrou várias trans cantando e foi afirmativo dizendo ‘que legal isso que você está fazendo’. Acho que isso acontece na televisão porque os caras percebem que, se não for feito, eles vão morrer, porque a internet vem com muita força. Todo o trabalho de pessoas como o Porta dos Fundos, e o Daniel [Furlan] também, é diferente porque não há tanta pressão financeira, existe uma liberdade muito grande e isso chega diretamente no público”.

Fazer comédia é bom?

Como atores, ambos também têm suas próprias opiniões quando se trata de fazer comédia no Brasil. Felipe Rocha diz que há alguns anos havia uma grande distorção do público em achar que apenas os filmes americanos eram bons. Ele acredita que, hoje, a comédia é um dos caminhos mais garantidos na área: “Se alguém quiser ganhar dinheiro fazendo cinema no Brasil, a pessoa tende a fazer uma comédia, muito mais do que um drama. Tem um lado também de comédias muito populares, que não é o caso da nossa. Óbvio que queremos muitos espectadores, acho que é o desejo de todo artista, mas não estamos abrindo concessões e fazendo piada de peido, etc. Fizemos o filme que nós acreditamos ser bacana e torcemos muito que seja um mega sucesso”.

Questionado sobre o cenário da comédia nacional, Daniel Furlan é enfático ao dizer que sim, é difícil, mas que o melhor a fazer é apostar em projetos que você acredita: “É difícil, mas fazemos porque gostamos, porque queremos. As próprias dificuldades são legais também. Não vejo espaço para a gente se queixar. Queremos que todo mundo veja o filme, mas o melhor que podemos fazer é produzir algo que a gente acredite. Quando você vê alguém fazendo um filme, ou qualquer outra coisa, e você percebe que ela não acredita naquilo, ela está fazendo burocraticamente um trabalho, isso é a pior coisa que pode acontecer. Acho que tivemos sucesso em não deixar isso acontecer com esse filme. Nosso maior mérito é esse”.

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