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Planeta Terror

Os zumbis tóxicos de Robert Rodriguez finalmente chegam ao Brasil

21.09.2007, às 12H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H29

Quando Grind House ainda era dois longas-metragens pelo preço de um, antes do esquartejamento para o lançamento fora dos Estados Unidos, um crítico de lá fez o comentário fundamental: em seu segmento, À Prova de Morte, Quentin Tarantino filma como quem passou a adolescência inteira frequentando as grindhouses, os cinemas setentistas com sessões duplas de filmes trash-malditos, enquanto Robert Rodriguez filma o seu Planeta Terror (Planet Terror, 2007) como quem só ouviu falar de grindhouse.

Não há, essencialmente, um demérito aí, mas uma constatação. Como diz Marley Shelton a Rose McGowan em cena de Planeta Terror, todo talento inútil um dia serve para alguma coisa. E o talento inútil de Rodriguez é justamente o da mimetização. Ele não precisava ter assistido a nenhum film noir para reproduzir o porte de uma mulher fatal em Sin City - o mundo de signos do noir já é parte do imaginário popular, como também é o universo do faroeste revisitado pelo cineasta na trilogia do mariachi. Da mesma maneira, Rodriguez pode até ter ignorado a era de ouro dos exploitations, mas isso não o impede de saber como se alastra um contágio zumbi.

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A saber: os zumbis canibais de Planeta Terror não são desmortos propriamente ditos (pelo menos não todos eles), mas pessoas infectadas por um gás tóxico que o exército dos Estados Unidos utilizou sem medida nas campanhas no Oriente Médio. Por um acaso, o gás se alastra em uma cidadezinha, daquelas com dançarina go-go, xerife e dinner de beira de estrada. O grupelho de sobreviventes, que tem alguns cartuchos para gastar com a horda de alvos lacerados, é mais eclético do que o de costume: tem babás gêmeas, amante latino, anestesista com filho a tiracolo e a já famosa moça com a perna calibre .45.

Se o cinema de Tarantino é o da homenagem, o de Rodriguez é o da reciclagem, frequentemente pela via da paródia. O primeiro infectado a surgir na tela ainda não desenvolveu nenhum sinal visível de alteração física; daí o médico pede para ele abrir a boca e o cara está com a língua cheia de pústulas. Depois, o próprio Tarantino aparece em cena, como um militar sádico que pretende estuprar a heroína - o problema é que o gás transformou seu pênis em um mingau.

É da colagem dessas pequenas sacadas, com fio dramático mínimo e muita borracha, sangue falso e maquiagem, que Planeta Terror tira a sua força. O problema é que piada, especialmente paródica, tem vida curta. E a obra de Robert Rodriguez, definitivamente, não foi feita para durar. (A não ser que você seja fã de carteirinha do cineasta - daí tem citações e auto-referências a se encontrar em Planeta Terror por um loooongo tempo, sem contar as ligações com À Prova de Morte.)

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