Call of Duty: Modern Warfare tirou a série de games de guerra da década de 1940 e a trouxe para o dias atuais. O resultado superou todas as expectivas da Activision Blizzard e o jogo tornou-se o mais vendido da história do Xbox 360 e Playstation 3. Uma sequência, portanto, era inevitável e a expectativa pelo título, altíssima.

Geralmente quando uma continuação tem tanto a provar, é quase impossível que entregue o nível de qualidade que se espera dela. Não é o caso com Call of Duty: Modern Warfare 2, que supera em quase todos os quesitos de avaliação o original.

Na trama, uma sequência direta ao primeiro, depois da morte de Imran Zakhaev é revelado um novo superterrorista para ameaçar a balança de poder no planeta: Wladimir Makarov. Personagens conhecidos surgem o tempo todo, juntamente com novos protagonistas, e a ação salta entre eles, em vários fronts. Do Afeganistão vamos ao Rio de Janeiro, Rússia e Estados Unidos.

Call of Duty

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Apesar de contada de maneira preguiçosa, através de cutscenes que simulam mapas e telas de controle, e dos saltos entre cada personagem prejudicarem boa parte da relação emocional do jogador com eles, a história é corajosa. Trata da queda do império dos Estados Unidos, vítima, enfim, das guerras que trava ao redor do globo - quando o conflito chega ao país. São poucas as produções que ousaram mostrar os norte-americanos e seus heróis com tal fragilidade. O normal é que as ameaças sejam rechaçadas antes de acontecerem, mas Modern Warfare 2 segue a linha de filmes como Amanhecer Violento (Red Dawn, 1984) e a retratação de cidades como Washington chega a ser chocante.

Aliás, choques não faltam no jogo. A fase do aeroporto russo, criada com o intuito de estabelecer a maldade do vilão, é assunto para discussões inflamadas sobre a violência nos jogos eletrônicos. Nela, um agente infiltrado da CIA precisa acompanhar seus camaradas terroristas em uma chacina. E se você passou a vida toda defendendo os inocentes nos games deve encontrar dificuldade em abrir fogo na multidão que grita e corre tentando escapar. É muito diferente de um Grand Theft Auto IV, por exemplo, em que você sabe que não será penalizado contanto que consiga escapar dos policiais. Em Modern Warfare 2 você está ali, sem saber como escapar, com medo de ter seu disfarce revelado, sentindo a responsabilidade da missão. Enfim, sem saída. A violência torna-se muito mais brutal dessa forma. Tanto que a produtora Infinity Ward dá até a opção de pular essa fase.

Polêmicas à parte, Modern Warfare 2 é tão grandioso que jogá-lo é como estar dentro de um blockbuster de Hollywood, da fotografia à direção de cenários, passando pelo realismo e a trilha sonora do compositor indicado seis vezes ao Oscar Hans Zimmer (Batman - O Cavaleiro das Trevas). As fases também auxiliam nessa impressão, já que são bastante amplas. É possível navegar por eles e pensar em estratégias diferentes para cumprir os objetivos. Só que os inimigos têm a mesma vantagem - e a utilizam o tempo inteiro, flanqueando e atacando de posições inusitadas.

Exemplo mais significativo dessa preocupação é a fase da favela carioca. Não dá para se descuidar um momento sequer: os traficantes e terroristas atacam dos telhados, de dentro das casas, em grupos ou isoladamente. A imprevisibilidade é constante e os caminhos diversificados. Mas aí, em um determinado momento, tudo se afunila para uma cena singela, em que uma viela tem que ser caminhada em direção do topo do morro... e o Cristo Redentor surge ensolarado ao fundo.

É ótima a variação de missões e objetivos. Ora o caos impera em batalhas absurdas. Ora o silêncio é aliado em operações especiais de infiltração. Pequenas variações de modo de jogo durante as fases também agradam, como os momentos em que é necessário explodir paredes para invadir refúgios.

Com gráficos bastante realistas e ambientação dramática, o título emprega todo o poder de processamento dos consoles desta geração. Algo que, por um lado, é um tanto triste, pois nos deparamos - ao lado de Uncharted 2 - com o máximo de qualidade que o Xbox 360 e Playstation 3 conseguirão obter. A taxa de quadros por segundo, por exemplo, mantém-se estável mesmo quando o caos explode à sua frente, com dezenas de inimigos atuando e cenários detalhadíssimos. Como único problema gráfico estão as sombras dinâmicas, que ficam serrilhadas em diversos momentos. Mas duvido que você tenha tempo de apreciá-las enquanto seus inimigos partem sobre sua posição, sedentos de sangue.

Infelizmente, tudo passa muito rápido. São apenas cerca de 7 horas de jogo single player. Empolgue-se e o game termina. Não tem jeito. Multiplayer é mesmo o foco - ainda que um tanto velado - da atual geração. Pelo menos não faltam opções aí: são mais de 50 mapas pra jogar em grupos online e também um modo cooperativo para duas pessoas, em que um localiza inimigos no chão e outro dispara do ar. De novo, como nos blockbusters de Hollywood, a ação tem sempre preferência sobre a história. Mesmo assim, um game memorável.

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Call of Duty: Modern Warfare 2
  • Lançamento

    28.10.2022

  • Publicadora

    Activision

  • Desenvolvedora

    Infinity Ward

  • Censura

    18 anos

  • Gênero

    Ação/Tiro

Nota do crítico