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Alice Cooper em São Paulo 2011

Banda retorna ao Brasil com show de rock teatral, carregado de horror trash

06.06.2011, às 18H39.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 20H03

Em sua quarta visita ao Brasil, Alice Cooper trouxe a turnê No More Mr Nice Guy - The Original Evil Returns, que na última semana passou por Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar do raro cancelamento do show em Santiago, por motivos de saúde, na última quinta-feira, 2 de junho, o artista já demonstrava ótima forma física e sem perder em qualidade sonora.

Em São Paulo, o setlist seguiu os moldes dos demais shows na América do Sul, trazendo 22 músicas, entre clássicos marcantes de seu repertório - que conta com 25 discos de estúdio -, uma canção nova e um cover de Jimi Hendrix.

Alice Cooper

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Fotos: Rafael Koch Rossi (T4F)

Alice Cooper

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Fotos: Rafael Koch Rossi (T4F)

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Fotos: Rafael Koch Rossi (T4F)

Antes de começar o show, um telão de pano com a imagem do cantor escondia o cenário do palco. Às 22h, depois de um atraso de trinta minutos, a ansiosa plateia pode ouvir a inconfundível voz de Vincent Price, ícone dos filmes de terror entre as décadas de 1940 e 60. A casa permanecia às escuras durante toda a narração. Em seguida, cai o telão e o espetáculo começa com "The Black Widow".

O palco, montado como um cenário de teatro trash de horror, trazia quatro plataformas, grandes murais imitando paredes de caverna, cheias pixações e teias de aranha, além de uma máquina de madeira, usada para criar o monstro Frankenstein, e um boneco morto. Sempre maquiado, Alice Cooper, nome de palco de Vincent Furnier, entra em cena no topo de um andaime, trajando um casaco com três pares de patas que, somadas aos seus braços, formam as oito pernas de uma viúva negra. Os demais músicos da banda, formada por Damon Johnson (guitarra), Chuck Garric (baixo), Glen Sobel (bateria) e Tommy Henriksen (guitarra), acompanham Cooper em grande estilo.

Teatralidades a parte, a banda seguiu "The Black Widow" com "Brutal Planet", do álbum homônimo de 2000, que marcou a volta de Alice Cooper depois de seis anos sem gravar, trazendo uma sonoridade mais pesada ao show. "I’m Eighteen", terceira música do setlist e hino para muitos jovens (e adultos), fez boa parte das pessoas acompanharem a letra, algumas até emocionadas. “’Cause I’m eighteen, I get confused every day; Eighteen, I just don’t know what I want [...] I’m a boy and I’m a man”, cantava Cooper, contagiando a plateia com o sentimento retratado na canção.

Em "Under My Wheels", o artista de 63 anos demonstra sua vitalidade e criatividade, e confirma o entusiasmo de seus fãs. Na sequência, a performance de "Billion Dollar Babies" traz o vocalista brandindo uma espada e jogando notas falsas de dólar na platéia. A cada canção, fica nítido que a interpretação é o forte de Cooper, seja usando bastão, muleta feita de microfone ou faca. Segue-se então "No More Mr. Nice Guy", "Hey Stoopid", que não era tocada ao vivo desde 1997, e "Is It My Body", em que o vocalista começa a dançar, despertando gritos de algumas mulheres da pista.

"Halo Of Flies" evidenciou ainda mais os talentosos guitarristas e baixista, enquanto Cooper estava ausente do palco. O baterista Glen Sobel também aproveitou o momento para um solo com seus bumbos duplos, divertindo-se e girando as baquetas entre uma batida e outra. O vocalista retornou ao palco para cantar uma nova música, anunciada com letras em sangue nas costas de sua jaqueta. "I’ll Bite Your Face Off" fará parte do próximo disco da banda Welcome 2 My Nightmare, ainda sem previsão de lançamento.

Em seguida, "Muscle Of Love", tocada também com um par de chocalhos pretos e a balada "Only Women Bleed", para acalmar o público. Neste momento, Cooper dança e abraça uma boneca de pano de seu tamanho. Logo mais, em "Cold Ethyl", a espanca e extravasa sua raiva. Na clássica "Feed My Frankenstein", o cantor veste um avental branco leva Frankenstein até sua máquina. Depois de efeitos pirotécnicos, surge ali, para espanto de todos, um boneco de Frankenstein de cerca de três metros de altura que persegue os músicos.

"Poison", outra música marcante do grupo, também faz todos pularem e levantarem os punhos. Em "Wicked Young Man", Alice entra com traje militar preto e um chicote. Segue cantando e atuando dessa forma até "Killer", quando é pego e guilhotinado diante de todos. A falsa e perfeita cabeça guilhotinada é segurada e exposta por seu carrasco durante "I Love The Dead".

Já chegando ao final da apresentação, com uma cartola e uma jaqueta de brilhante, Cooper anuncia "School’s Out". Do alto caem sobre a platéia enormes bexigas coloridas cheias de confete. O público brinca e comemora a canção. O refrão de "Another Brick In The Wall", do Pink Floyd, é puxado pela banda e acompanhado por muitos, complementando o contexto de crítica à educação e encerra o show.

Ao retornar para o bis, com "Elected", Alice entra com a bandeira do Brasil e ensaia seu discurso político: “Brasil tem seus problemas, mas não me importa”. Então caem milhares de papeizinhos brancos. Para fechar, o cover de Hendrix, "Fire", acendeu o último fogo da noite e Cooper com a camisa da Seleção Brasileira.

Foram 95 minutos de música quase sem intervalos, em que o grupo não deixou de envolver o público. A banda de estética e conteúdo carregados une as linguagens teatral e musical, oferecendo uma boa dose de rock com músicas de peso e bem executadas. Na casa cheia, entre fãs de todas as idades, nota-se a transcendência do som de Alice Cooper e a marca de um artista que vive sua música.

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