Música

Artigo

<i>Only the strong survive</i>

<i>Only the strong survive</i>

08.09.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.12.2016, ÀS 15H01

Only the strong survive
EUA, 2002
Documentário - 95 min.

Direção: Chris Hegedus e D.A. Pennebaker

Rufus e Carla Thomas

Isaac Hayes
Quando se fala em música negra americana, ali pela década de 60, a primeira imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas é a toda poderosa Motown. Com nomes como Jackson Five, The Temptations, Marvin Gaye e The Supremes no seu elenco, a gravadora foi notavelmente a de maior sucesso no estilo, tornando-se eterna na referência popular.

Poucas pessoas identificam, porém, que a Motown teve um forte rival naquela fase: o selo Stax, de Memphis, que seria absorvido mais tarde pela Atlantic Records. O Stax teve um enorme papel na popularização da soul music na sua era de ouro, entre 60 e 75, lançando clássicos como Wilson Pickett, Isaac Hayes, Carla Thomas e a dupla Sam & Dave.

E é exatamente essa turma de Memphis que é o alvo deste novo documentário dirigido por DA Pennebaker ao lado de sua esposa, Chris Hegedus. Documentarista da velha guarda, Pennebaker tem no seu currículo registros clássicos sobre a história da música, como "Dont look back", retratando uma turnê de Bob Dylan nos anos 60, e "Monterey Pop", sobre o famoso festival de californiano. É dele também o último registro de David Bowie em "Ziggy Stardust and the Spiders from Mars".

Em Only the strong survive, a dupla de diretores resolveu investigar a vida atual de alguns grandes nomes da soul music americana que, mesmo estando fora da grande mídia, ainda levam uma carreira saudável.

O ponto de partida das filmagens foi um show beneficente em Memphis, em 1999, organizado para saldar as dívidas que o cantor Luther Ingram contraíra em um transplante de rim. A partir daí, os diretores travaram contato com alguns dos grandes nomes da Stax, acompanhando suas rotinas, recolhendo depoimentos e percorrendo o circuito de reuniões e shows restritos aos amantes de soul music na região.

Pennebaker é famoso por ser um dos fundadores do estilo chamado de cinema verité, em que os documentaristas descartam coisas como narração, atuações ou roteiros, deixando a geração do filme ao deus dará, sem grandes intervenções.

E talvez seja exatamente por não focar um roteiro específico, que o filme parece se perder. A edição do documentário fragmentou os depoimentos de tal forma que eles acabam se diluindo, tornando o conteúdo do filme bem raso. Alguns trechos ótimos pipocam aqui e ali, como Wilson Pickett contando sobre Aretha Franklin ou Sam Moore, da dupla Sam & Dave, falando sobre a época em que traficava drogas, mas os não-iniciados na história do soul vão sair da sala um bocado desalinhados.

Apesar disso, Only the strong survive faz valer o ingresso pelos registros musicais, alguns deles clássicos instantâneos, como a ex-Supreme Mary Wilson cantando "Someday well be together" e "Night time is the right time" cantado por Carla Thomas e seu pai Rufus, que morreu um ano depois das gravações.

Afinal, é uma das poucas maneiras de ver uma apresentação contemporânea desses artistas que fizeram tanto sucesso há algumas décadas e agora estão relegados a guetos.

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