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Os lançamentos de HQs no Brasil

03.07.2006, às 00H00.
Atualizada em 18.11.2016, ÀS 02H09
XIII - Vol 1
Jean Van Hamme / William Vance (Panini Comics)
5 ovos!
Pocket Panini - Mulher-Hulk
(Panini Comics)
5 ovos!
Clic
Milo Manara
(Conrad Editora)

5 ovos!
O Incal
Moebius e Alejandro Jodorowsky

(Devir)
5 ovos!

Antes de começarmos a falar dos lançamentos recentes nas bancas e livrarias brasileiras, uma pequena pausa contemplativa. Veja só você, fiel omelenauta... de quatro lançamentos destacados neste coluna três são publicações oriundas do mercado franco-belga - considerado um dos melhores e mais maduros do planeta -, que passou décadas sem encontrar tamanho espaço por aqui. Hoje, todas as principais editoras de quadrinhos brasileiras estão lançando publicações do mercado europeu. Parece que chegou a hora de pararmos com as lamúrias. Afinal (quem diria?), a nona arte do Velho Continente finalmente cruzou de vez o Atlântico. Celebremos lendo esses excelente álbuns. Pra acompanhar, uma taça de vinho francês é recomendada (no caso da Mulher-Hulk, uma Coca-Cola serve).

XIII - Volume 1

XIII - O dia do Sol Negro é a primeira história em quadrinhos européia a ser lançada no Brasil pela Panini Comics - casa da Marvel e DC no país. Trata-se de um início acertadíssimo, pois a história reúne elementos que devem atrair diversos públicos - e não apenas o leitor de quadrinhos habitual.

A revista reúne os dois primeiros álbuns de uma HQ seriada de suspense, espionagem e ação que tem como inspiração o romance A identidade Bourne, de Robert Ludlum. Mas as semelhanças ficam apenas nas primeiras páginas, que começam com um sujeito sendo encontrado inconsciente numa praia por um casal de idosos. Com a ajuda de uma ex-médica, o homem se recupera, apenas para se deparar com uma assustadora condição: ele não sabe quem é. Suas únicas pistas sobre o passado são a tatuagem no pescoço - XIII - e uma chave costurada na roupa. Começa então uma desesperada fuga em busca de respostas, pois homens fortemente armados tendem a surgir no caminho no protagonista. Felizmente ele está longe de ser indefeso. Apesar de não lembrar-se de sua vida passada, o homem não perdeu suas habilidades - e é um combatente notável.

A série foi criada pelo roteirista Jean Van Hamme e pelo ilustrador William Vance, ambos belgas, em 1984. Desde então foram publicados dezessete álbuns (a série deve acabar no próximo, o décimo oitavo). As histórias da dupla são muito bem amarradas e têm um ritmo surpreendente. Já o traço é bastante convencional, mas de extrema qualidade e solidez.

O formato escolhido para a linha européia da Panini é agradável e encontra-se num meio termo entre as revistas comuns de banca e os álbuns de luxo que andam saindo por aí. Um formato bastante interessante, que não encarece tanto a publicação - algo importante considerando que boa parte da produção franco-belga de quadrinhos no Brasil só está disponível em importadoras e chega a preços exorbitantes.

(XIII 1, XIII 2) Formato: 20,5 x 27,5cm. 100 páginas. Preço: R$ 22,90. Editora Panini Comics.

Mulher-Hulk - Pocket Panini

Este é, sem dúvida, o gibi mais engraçado do ano!

Comecei a leitura com desconfiança, já que sempre detestei versões femininas de super-heróis (tem uma tal Wolverina por aí, a tal X-23, que devia ser proibida por lei). Mas bastaram poucas páginas para entender que o roteiro do excelente Dan Slott é diferente de tudo o que existe na Marvel Comics e recupera o espírito da amalucada série antiga da personagem, capitaneada por John Byrne.

Na história, a vingadora Mulher-Hulk é despedida da equipe por badernar demais nas instalações do grupo. Assim, resta a ela procurar outro lar... e outro emprego. Entra em cena então a identidade secreta da personagem, a advogada Jennifer Walters, que começa a trabalhar num escritório famosíssimo de direito. O que ela não sabe é que ela foi contratada para cuidar de casos relacionados a superpessoas, pela experiência que tem no meio.

Com o desenho limpo do competente Juan Bobillo, o gibi é uma comédia de primeira. Tem coadjuvantes engraçados (o oficial de justiça metamorfo Ditto e o office-boy andróide Assombroso Andy são os melhores), casos com soluções estapafúrdias, muita ação e referências divertidas ao universo Marvel. Além disso, o formatinho tijolão é perfeito para a história e garante horas de entretenimento, já que reúne doze gibis da série. Agora é torcer para que tenhamos continuações!

(She-Hulk 1-12) Formato 13 x 20. 276 páginas. R$ 18,90. Editora Panini Comics.

Clic

Ninguém desenha mulheres como Milo Manara. O italiano de Bolzano é famoso justamente por elas. Lábios sedutores, cabelos cacheados, figuras longilíneas, curvas perfeitas... Manara é um mestre no desenho de figuras femininas.

Clic, que chegou recentemente às livrarias brasileiras pela Conrad como parte de sua coleção Eros, é o álbum que escancarou essa característica ao mundo na década de 1970 e o tornou famoso - abrindo caminho para parcerias com Federico Fellini, Neil Gaiman e Alejandro Jodorowsky, entre outros.

A história... Bem, a história é tão importante no álbum quando é em filmes pornôs... Aqui - como lá - ela é mera desculpa para muita, mas muita nudez e sexo, sem falar nos deliciosos diálogos cafajestes. Mas ela existe, então deve ser comentada: a estonteante Claudia Christiani é uma fina e sexualmente reprimida dama da alta sociedade. Essa personalidade faz com ela tenha verdadeira aversão pelo assédio dos homens, especialmente ao do vilanesco doutor Fez, um amigo de seu marido. Cheio de ódio pela repulsa da bela mulher, o safado implanta em Claudia uma máquina experimental, que dá a ele o controle sobre o desejo de Claudia. Assim, com um clic de um botão ele faz com que ela se descontrole, fazendo com que não faltem travessuras com homens, objetos e até um cão (!) para que ela se satisfaça.

Se Manara é um gênio em desenhar o exterior das mulheres, prova com seu trabalho como roteirista que não está nem um pouco interessado em sua alma (um controle remoto pra mulheres? Quer mais provas de que ele as vê como objetos?). Mas alguém tem coragem de culpá-lo? O homem desenha muito!!!

(Clic) Formato 20,5 x 27 cm. 50 páginas. 23 reais. Editora Conrad.

Incal - Volume 1

Passei boa parte da minha adolescência lendo e ouvindo por aí como O Incal era genial... No entanto, nunca consegui encontrar um volume sequer da série para comprar e conferir. Quer dizer, até consegui encontrar, mas comprar eram outros tantos. Os álbuns europeus, quando apareciam nas lojas especializadas, custavam pequenas fortunas. Assim, tive que me contentar com outras histórias em quadrinhos de Moebius, como a excelente e completamente maluca Garagem hermética, essa sim publicada em versão nacional.

Quinze anos depois, foi com entusiasmo que abri a edição de O Incal que foi recentemente publicada pela Devir. E - ufa! - não fiquei decepcionado. A história do chileno Alejandro Jodorowsky é uma louvável e imaginativa mistura de vertiginosa ficção científica e bem-humorada fantasia, potencializada pelo sempre magnífico traço do francês Jean Girard, o Moebius.

A história acompanha o medíocre detetive particular John Difool, que inadvertidamente toma posse de um poderosíssimo artefato milenar - o misterioso Incal. A descoberta o leva a uma sucessão de acidentes que o colocam bem no meio de um conflito épico. De um lado o Meta-Barão, o maior guerreiro da galáxia (e protagonista de outra popular série de Jodorowsky). Do outro, o fanático Tecno-Papa.

A edição caprichada soma dois álbuns da série, O Incal negro e O Incal luminoso, e tem a máxima recomendação desta coluna, que termina aqui com grande satisfação. Afinal, só tivemos quadrinhos cinco ovos hoje! Tomara que a Aqui Dentro da próxima quinzena também esteja assim... Até lá!

(LIncal Tome 1, L´Incal Tome 2) Formato 20,5 x 27 cm. 46 páginas. 42 reais. Editora Devir.

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