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Heroes, Local, Leões de Bagdá, Pixel Media, Os Mortos-Vivos, Spirit e mais

09.07.2008, às 18H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 06H05

Na coluna irmã da LÁ FORA, o Omelete mergulha nas bancas e livrarias para comentar os principais lançamentos recentes.

Heroes - Volume Um
Por Érico Borgo

A segunda temporada da série de TV Heroes foi um fiasco. Os roteiristas demoraram uma dezena de episódios para despertar algum interesse nos fãs e toda a falação sobre o programa - cuja primeira temporada alguns apressados equivocados chegaram a dizer que era "melhor que Lost" - amainou.

Enquanto isso, porém, o site da série seguia com uma bacana linha de histórias curtas que preenchiam lacunas entre os roteiros de cada episódio. São justamente esses contos que a Panini Comics encadernou em junho numa bela edição capa dura. São 34 histórias de vários criadores, introduzidas por Masi Oka (Hiro).

Como toda compilação há histórias boas e outras nem tanto - mas o saldo é positivo, com destaque ao arco de Hana Gitelman, o mais "super-heróico" do volume e o melhor desenhado também.

Completa a edição uma coleção das capas do gibi The 9th Wonder, uma entrevista curtinha com Jeph Loeb e dois dos roteiristas do programa e algumas das pinturas de Tim Sale que foram usadas no programa como as premonições do artista-profeta Isaac.

(Heroes Volume 1) Panini Books. Formato 17x26. Colorido. R$ 52,00.

Local - Ponto de Partida
Por Érico Borgo

Nosso cozinheiro Érico Assis já elogiou a série incontáveis vezes em sua coluna Lá Fora, mas agora que ela finalmente chegou ao Brasil também tenho que dar minha opinião por aqui, especialmente porque ela é boa demais para passar com pouco alarde.

Trata-se do primeiro volume de dois de um projeto já encerrado lá fora, escrito por Brian Wood e ilustrado por Ryan Kelly. A estrutura tem todo jeitão de filme independente norte-americano. São basicamente contos sobre pessoas comuns - cada qual passado em uma cidade diferente dos Estados Unidos ou Canadá e sempre um ano distante um conto do outro. Como único ponto de ligação está a personagem Megan McKeenan, que às vezes é protagonista, às vezes mera coadjuvante em histórias cotidianas sobre maturidade e a busca de identidade própria.

Preocupado com a acuracidade visual de cada cenário, Wood e Kelly pediram aos leitores - às vezes com o auxílio de lojas de quadrinhos locais - fotos e referências das cidades deles em determinado ano. Na edição temos Portland (Oregon), Minneapolis (Minnesota), Richmond (Virginia), Missoula (Montana), Halifax (Nova Escotia, Canadá) e Brooklin (Nova York). O resultado é inspirado e bastante realista (conheço duas das seis cidades retratadas no volume um e pude reconhecer pelo menos um ou dois quadrinhos).

Cada episódio conta ainda com comentários do roteirista e do ilustrador, que contam particularidades daquela edição específica - e no melhor estilo "colunismo online" indicam suas trilhas sonoras para aquele momento.

(Local) Devir. Formato 16,5 × 24 cm. 200 páginas. PB. R$ 32,00.

Os Leões de Bagdá
Por Érico Borgo

O que aconteceria se você fundisse O Rei Leão, Soldado Anônimo e os quadrinhos de Joe Sacco? Provavelmente um enorme angú incompreensível - mas não para Brian K. Vaughn, criador de Y: O Último Homem e Ex Machina, e um dos roteiristas do seriado Lost. Em Os Leões de Bagdá ele faz um poético manifesto anti-guerra baseado em um artigo de jornal sobre como os bombardeios estadunidenses a Bagdá arrasaram o zoológico local, liberando animais no cenário desolado do conflito.

Vaughn - com a bela e bem pesquisada arte de Niko Henrichon - não apenas recria a guerra nas páginas como também é particularmente bem-sucedido em dar personalidades distintas aos quatro leões que misturam sentimentos humanos com os instintos da raça. Em alguns momentos parece até que estamos assistindo a um documentário do Animal Planet sobre os felídeos.

Trata-se de uma das histórias em quadrinhos mais simples e contundentes sobre a guerra desde a antológica Sandman 50, "Espelhos Distantes", de Neil Gaiman e P. Craig Russell - e esse é o melhor elogio que consigo conceber sobre essa indispensável obra.

(Pride of Baghdad) Panini Comics. Formato 17 x 26 cm. Colorido. R$ 19,90.

Pixel Media
Por Érico Borgo

Foram TANTOS lançamentos bons da Pixel Media em junho que eu nem me atrevo a falar de um por um, ou precisaria de uns três dias pra escrever sobre todos. Assim, opto por uma preguiçosa vista aérea do panorama da editora que só melhora, aproveitando uma bem-vinda mudança editorial nela: A chegada da segunda revista de linha às bancas!

Fábulas Pixel chega para dividir espaço com a irmã mais velha Pixel Magazine. A primeira segue com títulos mais ficção "pé-no-chão" (Freqüência Global, DMZ, Constantine, Y - O Último Homem...), enquanto a novidade absorve as histórias mais super-heróicas e fantásticas da Vertigo/Wildstorm (Astro City, Fables, Sandman Apresenta, Promethea...). Enquanto isso, seguem os especiais e encadernados de Authority (Choque de Realidades 1/2, Terra Infernal e outras histórias) e 100 Balas (Parlez Kung Vous 2).

Perdoem-me se não consigo apontar um ou outro título específico como indicações de consumo. É tudo simplesmente bacana demais. Como optar entre ler o que está acontecendo no mundo das Fábulas (a brilhante criação de Bill Willingham) ou a empolgante história de ação de Freqüência Global que fecha a edição 15 da Pixel Magazine? Eu sei, eu deveria ao menos tentar, afinal comprá-las todas sairia por R$ 59,50 (fora tudo o que você também quer da Panini, Devir, HQ Maniacs...) - mas não dá não. Desculpe.

Os Mortos-Vivos 3 - Segurança Atrás das Grades
Por Érico Borgo

Estava ficando preocupado - bem preocupado - que essa excelente série de Robert Kirkman (Invencível) parasse de sair por aqui. Afinal, ela não tem exatamente um apelo super comercial e o tempo entre o volume 2 e o volume 3 me fez pensar que a editora tivesse cancelado seus planos de seguir com a publicação. Cheguei a pegar os encadernados lá fora para comprar, mas tinha outras coleções pra completar, então esperei mais um pouco. Felizmente, minha espera foi recompensada e a editora trouxe às lojas especializadas o arco de histórias "Segurança Atrás das Grades".

O gibi, como todos os outros da série, é obviamente inspirado na obra de George A. Romero, mas agora aproveitando idéias do terceiro filme da série dos mortos do mestre: Dia dos mortos (Day of the dead, 1985). Como no filme, em que os sobreviventes buscam uma edificação segura para viverem, um complexo militar, aqui eles chegam a uma penitenciária de segurança máxima. Novamente, assim como na trama do cinema, a única ameaça não são os desmortos. Diferente da pentalogia zumbi do cineasta, porém, este não é considerado o capítulo mais fraco da saga. Afinal, o grupo liderado pelo policial Rick Grimes tem aqui algumas de suas maiores provações, tudo contado com a habitual dramaticidade gore de Kirkman.

(The Living Dead 3) Editora HQM. Preto e branco. 148 páginas. Formato: 16,5 x 24 cm. R$ 29,90.

FOLHEADA
Por Érico Borgo

The Spirit 1

Depois do medíocre crossover (não são todos?) entre a criação super-heróica de Will Eisner e o Batman, a Panini coloca nas bancas a minissérie exclusiva do mascarado Spirit. Em seis partes, essa série tem a nostalgia inocente da criação de Eisner de um jeito que apenas Darwyn Cooke conseguiria reproduzir. Pra melhorar, o traço dele está cada vez melhor, assim como as cores de Dave Stewart. A edição tem duas histórias completas: "Onde está Ginger Coffee?" e "Mulher Fatal". Excelente ponto de partida para quem está acompanhando as notícias da adaptação para as telas por Frank Miller e não faz a menor idéia sobre quem é Denny Colt.

Crônicas de Lankhmar

Em sua contra-capa a edição da Devir promete uma "aventura que definiu ao lado de Conan o gênero espada e feitiçaria" e se dá tapinhas nas costas exaltando a raridade dessas histórias "compiladas aqui pela primeira vez" e aperta em uma página um montão de nomes de escritores consagrados. Expectativa demais pra edição bem dispensável. As aventuras de Fafhrd & Gatuno podem até ter conseguido tais feitos em 1939, mas nessa versão por Howard Chaykin e Mike Mignola são mesmo é bastante truncadas e cheias de cortes incompreensíveis. O escaneamento capenga consegue ainda detonar a arte de Mignola, a única coisa digna de nota da edição. Dispense e exija melhor qualidade editorial e menos falação.

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