A graphic novel Um Contrato com Deus e Outras Histórias de Cortiço, de Will Eisner, é o motivo de mais uma rodada de críticas a bibliotecas e ao governo. Educadores de São Paulo e Paraná pediram que a obra, distribuída pelo Ministério da Educação a escolas públicas, fosse retirada das bibliotecas.
O motivo: Um Contrato com Deus mostra cenas de violência e sexo (sexo adúltero, como sublinham alguns), incluindo estupro e sugestão de pedofilia. Segundo os educadores, o livro está em escolas com alunos de quinta série, com média de idade de 11 anos - e o conteúdo seria impróprio para a faixa etária.
Contrato com Deus
Em São Paulo, o livro foi apontado como problemático em reportagem do jornal Agora e no telejornal SPTV 1ª edição. No Paraná, segundo reportagem do jornal Gazeta do Povo, foi o vereador e professor Jair Brugnago, da cidade de União da Vitória, que solicitou que a HQ fosse retirada das bibliotecas municipais. Brugnago também pediu que livros do escritor brasileiro Dalton Trevisan, conhecido por tramas relacionadas a erotismo, também fossem tirados das bibliotecas.
A polêmica chegou inclusive a blogs religiosos, que já tratam a obra como coisa do demônio. "Infelizmente, por ser PASSIVA (não confundir com pacífica), a sociedade brasileira tem deixado o Poder das Trevas colocar em execução tudo o que foi planejado nas profundezas do inferno e simplesmente, diante de tudo isto, tem dormitado em berços esplêndidos", diz o blog Holofote.
Vale lembrar que a polêmica vem na sequência do caso com a antologia Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol e repete quase perfeitamente casos já registrados nos EUA. Além disso, é um reflexo da maior entrada dos quadrinhos nas bibliotecas públicas, como política do Programa Nacional Biblioteca na Escola do Ministério da Educação.
Um Contrato com Deus é considerada um marco na história dos quadrinhos maduros e também na carreira de Eisner, que resolveu na época investir em quadrinhos para o público adulto. Lançada originalmente em 1978, foi uma das HQs que gerou o termo "graphic novel" ("romance gráfico") no mercado e na imprensa dos EUA para destacar o novo requinte das narrativas sequenciais.
Já existe versão do clássico até para iPhone.