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Homem-Aranha: Identificação adolescente

Homem-Aranha: Identificação adolescente

06.05.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

Detective Comics 38

Jimmy Olsen 1

Página inicial da primeira
história do Superboy


Peter Parker:
Um sujeito comum...


...com problemas comuns

Entre as similaridades apresentadas por Super-Homem, Batman e Homem-Aranha, estão os elementos cruciais do gênero super-heroístico: a identidade secreta, a busca por justiça, a tragédia familiar como parte da motivação e as capacidades sobre-humanas - ou, o limite máximo da condição humana, no caso do Batman -, que definem a concretização de nossos desejos de sermos algo mais, de realizar o impossível e enfrentar qualquer problema, por mais ameaçador que seja. São sucessores diretos das personagens das pulp fictions, revistas de ficção barata que predominavam nos anos 30. Homem-Aranha e Batman, em especial, chegam a ter um ancestral comum nesses títulos, o Spider, cuja criação data de 1933. O diferencial maior, é preciso deixar claro, está no fato de o Aracnídeo ter aproximado o super-herói do cidadão comum, dos meros mortais, em suma dos apreciadores de suas aventuras.

Paradigmas do gênero, tanto Super-Homem quanto Batman eram, antes de mais nada, combatentes do crime, protetores da humanidade, infalíveis campeões da verdade e da justiça e, apenas em segundo plano, Clark Kent e Bruce Wayne. Em si, isto não é negativo. Contudo, um elo maior de identificação com o leitor, não com seus sonhos e ideais, mas com sua realidade, fez-se necessário. Sabemos que este público em grande parte é formado por jovens. Assim, Batman ganhou a companhia de Robin, o Menino-Prodígio, em Detective Comics 38, abril de 1940, dando início à tradição dos sidekicks, os parceiros adolescentes, nos gibis de super-heróis. O conceito já vigorava nas revistas pulp, seriados de cinema e até em quadrinhos de aventura, como no clássico Terry e os Piratas, de Milton Caniff. Não obstante, Robin foi o pioneiro entre os super-heróis. Em seu rastro, vieram Centelha, Bucky Barnes, Ricardito, Aqualad e muitos outros. Jimmy Olsen, o melhor amigo do Super-Homem e fotógrafo do Planeta Diário estreou também em abril de 1940 no programa de rádio do herói e ganhou revista própria em 1954. Pouco antes, no início deste ano, foi a vez do Superboy fazer sua primeira aparição na revista More Fun Comics 101, mostrando as aventuras do Super-Homem quando garoto, idéia que vinha se amadurecendo desde 1941.

Todos estes e os outros heróis adolescentes da época, entretanto, careciam de um elemento mais humano ou de maior autonomia e relevância. Foi assim até os anos 60, quando Stan Lee e Jack Kirby deram início ao Universo Marvel com o lançamento do Quarteto Fantástico, uma família de aventureiros singrando o cosmo em peripécias fenomenais, mas antes de tudo uma família com crises e personalidades não muito distantes das nossas. A cartada decisiva, obviamente, foi a concepção do Homem-Aranha, adolescente normal até ser picado por uma aranha radiativa e ganhar superpoderes. Peter Parker era o everyman, o sujeito comum que enfrentava as dificuldades típicas da adolescência, ao contrário de Clark Kent, que cresceu com poderes inimagináveis, e de Bruce Wayne, que desde criança treinou para alcançar a perfeição física e mental. Peter preocupava-se com as aulas do colégio, em descolar trocados vendendo suas fotos para o Clarim, com a saúde de sua tia May, e claro, com garotas e namoro. A tudo isso, ainda viu acrescida a responsabilidade de usar seus poderes em prol da justiça.

O conceito do super-herói deixou de ser um ideal de grandeza inalcançável, mas continuou bom, justo e cativante. A força e a agilidade proporcionais às de uma aranha, a sensação de se balançar entre os prédios de Nova York e a satisfação por derrotar malfeitores eram aspectos tão impressionantes quanto as proezas do Super-Homem e do Batman; a vida de Peter Parker, no entanto, sempre esteve mais próxima de nosso cotidiano do que a de qualquer outro justiceiro uniformizado. Por esta única e fundamental razão, o Homem-Aranha destacou-se entre seus pares e ganhou lugar de destaque no panteão das personagens que definiram este gênero de quadrinhos.

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