WHEDON x WARREN ELLIS
Joss Whedon imita Warren Ellis. Mas Joss Whedon é melhor que Warren Ellis.
A gente identifica fácil quando um desenhista imita outro desenhista. Geralmente é uma cópia da composição da página, uma prova na cara. É mais difícil perceber quando um escritor copia outro. Não por roteiros idênticos, mas em termos de ritmo. E, desde que Astonishing X-Men estreou, eu tenho essa teoria: Joss Whedon chupou muita coisa dos roteiros de Warren Ellis.
Leia a Authority de Ellis. Entre no ritmo da ação: o contraste entre a narrativa rápida, com o panorama veloz das lutas entre heróis e vilões, e algumas cenas com narrativa descompressa (aquelas partes em que há vários quadros para destrinchar a cena). Passe imediatamente para um X-Men de Whedon, as edições com mais ação. É o mesmo ritmo.
Lendo o último arco de Astonishing, você tem que aceitar que Whedon superou o professor. Os X-Men, divididos, enfrentam uma nova versão do Clube do Inferno dentro da Mansão X, dominados mentalmente e, em alguns casos, sem poderes. A ação é daquelas que chamam de vertiginosa. E cada edição corre tão rápido que só lhe empolga mais pra a próxima. Para piorar, o arco acaba num cliffhanger que leva à última história de Whedon com John Cassaday.
Whedon é um roteirista experiente de cinema e TV. Ellis está há uns 10 anos nos quadrinhos, desenvolvendo significativamente sua habilidade, mas nos últimos tempos parece ter entrado em uma fase auto-centrada, em que só quer ser irônico (Nextwave) e falar dos seus vastos conhecimento sobre o mundo pós-moderno (Desolation Jones). Não faria outra Authority, por convencimento e preguiça. É por isso que Whedon o supera, fazendo de Astonishing X-Men o melhor quadrinho de super-heróis atual.
Ou, bem, talvez minha teoria seja furada e a culpa dessas similaridades seja toda de John Cassaday - que trabalha com os dois escritores. Mas é legal fazer o teste.
MANIFEST ETERNITY 6 (de 6)
Tem alguns quadrinhos que leio apenas folhando, sem paciência alguma com a profusão de textos chatos. Foi o que aconteceu com o roteiro de Scott Lobdell para esta minisérie intergaláctica. Fingi que ele não estava lá. O legal da mini é a arte de Dustin Nguyen, mostrando páginas com uma variedade de técnicas e composições que certamente supera todo seu trabalho anterior em Wildcats e Authority. Esse cara merece um projeto melhor para mostrar ao mundo sua arte.
THE LAST CHRISTMAS 5 (de 5)
Papai Noel cai matando, um Colt em cada mão, sobre uma horda de zumbis. Está é a cena emblemática de The Last Christmas, a historinha de Natal mais deturpada que você já leu.
Depois do fim do mundo, uma horda de zumbis e gangues à la Mad Max anda pela Terra atrás dos últimos sobreviventes. Assassinos matam Mamãe Noel, o que joga Papai Noel para o fundo da garrafa e a cometer hilárias tentativas de suicídio. Mas, como os duendes explicam, ele não pode morrer enquanto houver crianças que acreditam nele. E há um único garoto na Terra que ainda acredita no Papai Noel.
A premissa dos comediantes Gerry Duggan e Brian Posehn rende uma minissérie hilária para tirar a mesmice do Natal. E está fazendo sucesso de vendas nos EUA.
DAREDEVIL: FATHER 6 (de 6)
A minissérie com roteiro e desenhos de Joe Quesada, o chefão da Marvel, finalmente acabou nos EUA. Depois de dois anos! E foram dois anos pra isso?
Quesada tenta criar uma atmosfera, um prenúncio de tempestade, dando toques de que algo grandioso vai acontecer. Mas a história é totalmente sem substância. Há introdução de novos personagens, uma repetição daqueles casos jurídicos que Murdock e Nelson, de envolvimento emocional com o cliente, pegam há 40 anos... É só mais uma história do Demolidor, e das fracas.
Quesada está passando por uma transformação nos desenhos. Está cada vez mais estilizado e cartunesco, exagerando principalmente a forma humana. As capas mostram isso claramente, e nas páginas internas você vê ele esticando bastante os ombros do Demolidor para preencher as páginas. É a moda Frank Miller pegando.
EX-MACHINA / Y: THE LAST MAN / THE PRIDE OF BAGHDAD
Brian K. Vaughan está no topo. Depois de alguns Eisners, veio toda a publicidade em torno de The Pride of Baghdad, sua graphic novel sobre os leões iraquianos durante a operação militar norte-americana.
Mas Pride foi só um jeito de mostrar ele para o mundo, pois não é seu melhor trabalho. Pegue alguma boa seqüência de Y: The Last Man, como Safeword, e você vê muito mais do potencial do escritor.
Y está terminando. Nas últimas edições, começou a se desenhar uma resposta para o mistério da morte de todos os homens da Terra. Essas explicações estão tirando o ritmo fantástico que a série tinha, mas ainda restam algumas edições para ela ter um grande final.
Ex Machina, a elogiadíssima série de Vaughn na Wildstorm, perdeu o compasso. Antes planejada como série finita, avançando na carreira de Mitchell Hundred na prefeitura de Nova York, agora tem histórias da semana, com poucos avanços na história de fundo. O arco com os terroristas estava interessante, mas o último ficou com aquele gosto de mais um. O que não quer dizer que a série não seja bem escrita.
Voltando a Pride of Baghdad: é uma ótima história, inteligente e com ilustrações fantásticas (de Niko Henrichon). Mas Vaughn ainda tem que escrever sua obra-prima.