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Lei que proíbe mangás com cenas de sexo causa controvérsia no Japão

Editoras ameaçam boicotar convenção promovida pelo governo

15.12.2010, às 00H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 23H03

Esta semana entra em votação em Tóquio o “Decreto para Desenvolvimento Juvenil Saudável”, nova lei que vai regulamentar a produção e venda de quadrinhos, animes e games na região da capital japonesa. A lei já foi aprovada e a votação final acontece na quarta-feira.

A regulamentação não é vista com bons olhos, principalmente pela indústria de quadrinhos japonesa, que a considera uma espécie de perseguição. O principal argumento é que a lei exige que passem para a seção adulta de mangás (para maiores de 18 anos) as revistas “com representações extremas de estupro, incesto e outros crimes sexuais, com imagens injustificavelemente exaltadas ou exageradas” – mas não se opõe a material com fotografias, filmagens ou descrições em texto das mesmas cenas. A lei se aplica somente a imagens desenhadas, pintadas, geradas em computador etc.

Manga

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A primeira reação da indústria foi o boicote à Tokyo Anime Fair, convenção promovida pelo próprio governo para estimular a indústria. As dez maiores editoras de mangá japonesas, segundo o site Bleeding Cool, anunciaram que não vão participar se a lei continuar em discussão.

Já antevendo a força da nova lei, o site Sankaku Complex relata o caso da quadrinista Yaoi Shouko Takaku, que recebeu ordens de sua editora para parar de usar personagens com uniforme de colegial – um dos maiores clichês dos mangás eróticos.

Enquanto em alguns países, como os EUA, é processado o estabelecimento que vende o material proibido, no Japão a própria editora/produtora também pode ser processada. Complica mais o fato dos artigos da lei serem vagos, abrindo possibilidade para muita coisa virar motivo de processo.

Analistas do mercado japonês – que anda em baixa, como toda a economia japonesa – veem que a nova lei pode ser um “último prego no caixão” da indústria do mangá.

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