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Entrevista

Omelete entrevista AXEL ALONSO

Omelete entrevista AXEL ALONSO

20.09.2000, às 00H00.
Atualizada em 13.11.2016, ÀS 03H09
100 Bullets: uma das grandes
promessas da Vertigo

Nascido em San Francisco, Califórnia, em 1964, Axel Alonso trabalha há seis anos na editoria da linha Vertigo/DC. Tendo experiência como jornalista, hoje ele é o editor das mais comentadas séries da linha - 100 Bullets, HellBlazer e Transmetropolitan - e acaba de finalizar um de seus primeiros trabalhos: Preacher, que encerrou-se na edição 66.

Alonso entrou na DC como assistente do editor Lou Stathis. Quando Stathis deixou a empresa devido ao câncer que acabou tirando sua vida em 1997, Alonso teve de assumir dois projetos pesados: as mini-séries Unknown Soldier, escrita pela estrela Garth Ennis, e Weird War Tales, primeira de uma série de antologias onde diversos criadores trazem histórias curtas sobre um mesmo tema.

A partir daí, não parou de trabalhar. Deu continuidade às antologias (Gangland, Heart Throbs, Strange Adventures e a série Flinch), uniu-se a vários criadores, novos e antigos, em mini-séries aclamadas pela crítica como Human Target e Jonny Double, e atualmente desenvolve vários novos projetos, incluindo graphic novels com Richard Corben e Garth Ennis, e uma nova série, Codename: Knockout.

Mais do que tudo, Alonso é um dos nomes que mais luta pela diversificação de gêneros na Vertigo. Transmetropolitan (ou Transmet, o "apelido oficial") brinca com ficção científica e jornalismo; 100 Bullets é um dos melhores crime comics atuais; Congo Bill enveredou-se pela intriga política; e Preacher foi Preacher. Sem falar nos diversos gêneros abordados nas antologias.

Um de seus principais trunfos é a série 100 Bullets, que está se tornando o novo hit da Vertigo, e levando o nome do escritor Brian Azzarello (também em HellBlazer) às alturas.

NOTA DO EDITOR: enquanto finalizávamos a entrevista, recebemos a notícia de que Axel Alonso havia deixado a DC Comics, possivelmente para assumir outra posição editorial na Marvel. Aguarde mais notícias sobre Alonso aqui no Omelete!

:: Omelete entrevista: AXEL ALONSO ::

Pergunta feita freqüentemente, mas ao contrário: o que um editor NÃO faz entre a escolha de uma equipe criativa e a chegada da revista às bancas (e além)&qt;&

Editores são pagos pelo seu gosto e discernimento. Seu trabalho é simples: montar uma revista em quadrinhos que valha seu preço de capa. Isto significa uma boa história e boa arte para apresentá-la. Uma revista deve ser mais do que a soma de suas partes; o escritor e o artista devem inspirar um o outro.

Primeiro, um editor pega o trabalho que quer assumir (às vezes isto significa defender a publicação de um projeto no qual outros não vêem mérito). Uma vez aprovado o projeto, o escritor manda o detalhamento das páginas (para discussão). Em seguida, é redigido um roteiro (para subseqüente discussão e edição). É nesse ponto que entra o ilustrador. Este manda o lápis (para aprovação do editor), e depois a arte-final. E assim por diante...

Você poderia dar uma idéia de como é esse processo editorial, se é que há diferenças, nas antologias&qt;&

As antologias têm dois propósitos: (1) dar uma oportunidade a criadores classe A de fazer histórias curtas, geralmente experimentais, e (2) desenvolver novos talentos. Este último propósito é crucial, já que as antologias revelaram-se para mim um grande aparato para testar gente nova. [Brian] Azzarello, Robert Rodi, Scott Cunningham e Doselle Young são todos escritores que puderam por um pé na Vertigo graças às antologias, após as quais foram encaminhados para trabalhos mais duradouros. Entre os desenhistas que fizeram o mesmo estão Marcelo Frusin (HellBlazer) e Danijel Zezelj (Congo Bill e El Diablo).

O processo editorial para as histórias das antologias é basicamente o mesmo de histórias normais. O fato da história ser curta não vai fazer com que ela seja mais fácil de escrever, desenhar ou editar. Não é porque a história é curta que será mais fácil de escrever, desenhar ou editar. E como novos talentos, via de regra, requerem de um pouco mais de tempo, o trabalho de um editor pode vir a ser mais intenso. Se isto for necessário para se encontrar um Azzarello ou Frusin, é claro que vale a pena.

Você edita Preacher e algumas mini-séries há um bom tempo, mas sua carga de trabalho repentinamente explodiu ao substituir Stuart Moore em HellBlazer e Transmetropolitan. Foi, no início, intimidante ou você tinha muito tempo livre&qt;& :)

Nada é intimidante nos quadrinhos. Ler e escrever não é trabalho. Minha carga de trabalho é pesada, mas gosto muito do que faço. Certamente alguns títulos são mais difíceis de editar do que outros. Alguns requerem mais jogo de cintura e boa argumentação da minha parte. Mas é ótimo. Certamente a parte mais intensa do meu emprego é desenvolver novos talentos, encontrar gente nova, e criar novos títulos que eu acredite que as pessoas queiram ler. Como se isso não bastasse, eu sinto satisfação em levar Azzarello, Risso, Frusin e Zezelj ao leitor americano. Também me considero abençoado por ter merecido a confiança de Richard Corben, um artista que, para mim, é um dos verdadeiros gênios dos quadrinhos - um desenhista que adoro desde jovem e que, com o passar dos anos, não perdeu a majestade.

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