Caleidoscópio

Créditos da imagem: Netflix/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Com ritmo ágil e bons personagens, Caleidoscópio é quebra-cabeça divertido

Série da Netflix segue cartilha das histórias de grandes roubos em trama de vingança

Omelete
4 min de leitura
07.01.2023, às 14H22.

Por mais charmosa que seja, a história de um grande roubo ambicioso e arriscado, executado por um grupo de ladrões habilidosos, já é velha conhecida do público. Caleidoscópio, que estreou dia 1º na Netflix, sabe bem disso e usa a seu favor o fato de o público identificar bem as convenções do gênero, que já rendeu sucessos como o fenômeno La Casa de Papel no mesmo serviço de streaming. A produção criada por Eric Garcia entrega tudo que o espectador espera nesse caso: reviravoltas, intriga e suspense. Além disso, oferece um atrativo extra, ao incentivar que os assinantes embaralhem a ordem dos episódios e criem suas próprias jornadas série adentro. O recurso divertido é bem-vindo para quem quer se sentir montando um quebra-cabeça, mas só funciona porque tem base sólida na construção de personagens e de suas motivações. 

A trama gira em torno de um roubo a um dos cofres mais seguros dos Estados Unidos, que contém nada menos que sete bilhões de dólares. A fortuna, armazenada em Nova York, está aos cuidados da empresa de segurança SLS, liderada por Roger Salas (Rufus Sewell) e que tem a competente Hannah (Tati Gabrielle) na equipe. Já a ação criminosa é liderada por Leo Pap (Giancarlo Esposito), que convoca para seu time de especialistas Stan (Peter Mark Kendall), Judy (Rosaline Elbay), Bob (Jai Courtney), Ava (Paz Vega) e RJ (Jordan Mendoza). Alguns já se conhecem e carregam, inclusive, alguma rivalidade. Os novos membros do grupo provocam desconfiança. No encalço dos criminosos está a obstinada agente do FBI Nazan (Niousha Noor). Pronto, está formada a receita para nos entreter dali por diante, com confrontos que podem colocar tudo a perder a qualquer momento.

Os oito episódios são nomeados por cores e disponibilizados em ordem apenas sugerida. Quem quiser acompanhar a trama na ordem cronológica pode começar pelo episódio violeta, que nos transporta para 24 anos antes do roubo. Quem estiver ansioso para saber se o plano deu certo, pode pular para os episódios vermelho e pink, que mostram as consequências do crime na manhã seguinte e seis meses depois, respectivamente. 

Mas, se você preferir, também é possível ir e voltar no tempo, colhendo uma informação aqui, descobrindo um detalhe importante ali. O amarelo, por exemplo, funciona bem como uma introdução, porque nos dá um panorama geral da ação, com o time de Leo sendo reunido, mas instiga ao deixar muitas perguntas sem resposta e apresentar boas pistas falsas envolvendo o membro infiltrado da gangue na empresa de segurança. O público, já acostumado a acompanhar narrativas não lineares na TV e no cinema - como os flashbacks e flashforwards de Lost, só para citar um exemplo -, vai juntando as peças e direcionando sua torcida por um personagem ou outro conforme compreende melhor tudo que está em jogo.

Para manter o mistério até o final, o episódio branco, que mostra o roubo em si, é o mais recomendado para ser assistido por último. Assim como em Cães de Aluguel, filme de 1992 escrito e dirigido por Quentin Tarantino, não saber exatamente o que acontece na hora H deixa o público em constante estado de tensão: vimos o plano em detalhes, conhecemos as intenções de cada um e sabemos que algo dá errado. Mas por quê? Algumas respostas são mais surpreendentes que outras, mas nem toda reviravolta funciona. Podemos dizer que um dos principais plot twists reservados para o episódio é frustrante, embora não comprometa a história como um todo.

Em Caleidoscópio, não é bem a ordem dos fatores que altera o produto, mas é o acúmulo de cada fragmento que vai moldando a imagem final. Construída com ritmo ágil, a série cresce quando a trama deixa de ser, em um certo nível, sobre o roubo e passa a ser sobre vingança. Leo é um personagem complexo e cheio de camadas, mas que se revela aos poucos. Até por isso, uma das fraquezas mais gritantes da série é na parte técnica: a escolha por manter o elenco principal ao mostrar eventos que se passam décadas antes do roubo é comprometida pela caracterização ruim, em especial de Giancarlo Esposito. Ótimo ator, ele fica quase sem expressão em cenas importantes e bastante emotivas do passado.

Apesar de ser apresentada pelo serviço de streaming como uma minissérie, Caleidoscópio deixa pontas soltas no final que podem se desdobrar em uma segunda temporada. Com um bom ponto de partida e alguns desfechos impactantes, a atração tem tudo para render uma nova leva de episódios e garantir mais um pouco de entretenimento para os fãs do gênero.

Nota do Crítico
Bom
Caleidoscópio
Encerrada (2022- )
Caleidoscópio
Encerrada (2022- )

Criado por: Eric Garcia

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
Oferecido por

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