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Créditos da imagem: Hollywood/Netflix

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Hollywood | O que é real e o que é ficção na série de Ryan Murphy

Produção que reimagina a indústria brinca com fatos e personagens históricos

13.05.2020, às 14H08.
Atualizada em 11.06.2020, ÀS 15H14

Hollywood, a nova série de Ryan Murphy na Netflix, é uma produção otimista e sonhadora. Ela reimagina o que teria sido o mundo se, nos anos 40, atores negros, homossexuais, ou asiáticos tivessem tido uma chance real na terra dos sonhos de Los Angeles. E enquanto a história é liderada por personagens fictícios - como o diretor Raymond Ainsley (Darren Criss), o roteirista Archie Coleman (Jeremy Pope) e a atriz  Camille Washington (Laura Harrier) - a trama é temperada por personagens que existiram e tiveram sua jornada de vida distorcida pelos padrões de Hollywood da época, mais notavelmente o ator Rock Hudson

Confira abaixo todos os personagens de Hollywood que existiram na vida real, e como a série alterou fatos históricos de suas vidas:

Rock Hudson - Jake Picking

Jake Picking em Hollywood e Rock Hudson em Seminole
Netflix/Universal Pictures/Divulgação

Em Hollywood, Rock Hudson é interpretado por Jake Picking (Sicário: Dia do Soldado), com uma personalidade sensível. No mundo real, Rock Hudson foi um dos maiores galãs de Hollywood, que estrelou mais de 70 produções e foi indicado ao Oscar por seu papel em Assim Caminha a Humanidade (1956). Hudson foi descoberto pelo agente Henry Willson (também personagem da série) através de uma carta enviada pelo ator, que não tinha nenhuma experiência no currículo e na época trabalhava como caminhoneiro. Boatos de sua homossexualidade sempre circularam durante sua carreira e eram controlados pelo seu agente, até que em 1955 Hudson se casou com a secretária de Wilson, Phyllis Gates, para desviar atenção dos relatos. O casamento durou três anos. 

Em 85, Hudson foi diagnosticado com HIV e sua doença foi reportada pela mídia, fazendo com que ele tenha se tornado uma das primeiras celebridades que teve seu diagnóstico divulgado. Ele morreu de AIDS em 85, e a discussão sobre sua homossexualidade, que já era conhecida nos bastidores de Hollywood, se tornou pública. 

Henry Willson - Jim Parsons

Jim Parsons em Hollywood e o agente Henry Wilson
Netflix/Divulgação/Netflix UK & Ireland/Reprodução

Entre os protagonistas, além de Rock Hudson, o outro personagem real é Henry Willson, interpretado por Jim Parsons (Big Bang Thoery). Os relatos sobre Willson são bastante condizentes com o que é retratado no início da série. O agente de talentos era conhecido por um portfólio de atores galãs e de aparência musculosa, que incluía Rock Hudson, Troy Donahue, Ty Hardin, Tab Hunter, entre outros. O método de Willson, conhecido por coagir atores a manterem relações sexuais em troca de papéis no cinema, tv e publicidades, era amplamente conhecido. Assim como o próprio personagem se gaba na série, Willson foi de fato um pivô na trajetória de Lana Turner em Hollywood. 

Quando sua homossexualidade se tornou assunto público em Hollywood, já no fim de sua vida, Willson perdeu seus clientes, que tinham medo de se associar com o agente. Willson sofreu de alcoolismo e abuso de substâncias e morreu em 1978, de cirrose, sem dinheiro para cobrir custos funerários. 

Ernie West (Inspirado em Scotty Bowers) - Dylan McDermott

Dylan McDermott em Hollywood
Netflix/Divulgação

O personagem de Dylan McDermott é um caso à parte em Hollywood, porque um dono de posto de gasolina chamado Ernie West não existiu, mas a figura é inspirada nas memórias de um sujeito chamado Scotty Bowers. Veterano da 2ª Guerra, Bowers foi dono de um posto de combustível que funcionava como se vê na série, e foi descrito no livro publicado por ele mesmo em 2013, Full Service: My Adventures in Hollywood and the Secret Sex Live of the Stars. Bowers descreve que seus clientes incluíam Katharine Hepburn, Vivien Leigh, Bette Davis e Cary Grant, mas seus relatos nunca foram comprovados (até porque, na época da publicação do livro, poucos nomes estavam vivos para contestar ou certificar a veracidade das histórias). Seu encontro com Vivien Leigh na casa de George Cukor também é descrito no livro do mesmo modo que é retratado na série [via Vulture].

Peg Entwistle

Peg Entwistle
Divulgação

Uma figura que nunca aparece em Hollywood mas é uma das mais citadas é Peg Entwiste, a aspirante atriz que se jogou do H do sinal de Hollywood (que era "Hollywoodland" até 1949, quando durante uma restauração a prefeitura decidiu retirar o "Land") aos 24 anos. Entwistle, como é dito diversas vezes na série, tem uma história trágica. Ela atuou em diversas peças e seu talento como atriz era aclamado, principalmente quando contracenou com Humphrey Bogart e Billy Burke no teatro, chamando atenção do produtor David O. Selznick. Apesar de insistência de Selznick, Entwistle teve dificuldades em conseguir um papel na telona, mas no início dos anos 30 ela foi escalada no elenco de Thirteen Women. Como dito em Hollywood, seu papel no longa foi cortado de 16 para 4 minutos de tela. 

Ao contrário do que se vê em Hollywood, no entanto, Entwistle não tinha um namorado carinhoso, e na realidade foi casada por dois anos com o ator Robert Keith, mas conseguiu divórcio alegando abuso e crueldade doméstica por parte dele. 

Anna May Wong - Michelle Krusiec

Michelle Krusiec em Hollywood e Anna May Wong em Piccadily
Netflix/Reprodução/BIP/Divulgação

Anna May Wong, interpretada por Michelle Krusiec em Hollywood,é uma das personagens com o arco mais comovente da série, principalmente pela trágica carreira que teve na vida real. A atriz, considerada a primeira grande estrela chinesa americana de Hollywood, passou grande parte de sua carreira em busca de um papel que se afastasse dos estereótipos de raça de Hollywood, mas era repetidamente escalada em papéis como a mulher exótica, ou misteriosa e enganadora. Enquanto a série de Ryan Murphy busca dar à Wong um final feliz, ela passou por diversas desilusões na sua trajetória.

A maior delas aconteceu durante a seleção de atores para o filme Terra dos Deuses, de 1935, produção centrada em uma família chinesa, que é inclusive repetidas vezes mencionada na série. Wong buscava o papel da protagonista O-Lan desde a publicação do livro no qual o filme seria adaptado, em 1931, e sua escolha era apoiada pela mídia. No entanto, quando o europeu-americano Paul Muni foi escolhido para viver o marido da personagem, Wang Lung, a escalação de Wong se tornou impossível. Naquela época, era proibido qualquer beijo interracial nas telas, e o papel de O-Lan foi para a atriz branca Louise Renner, que inclusive ganhou um Oscar pelo trabalho. 

Hattie McDaniel - Queen Latifah

Hattie McDaniel em ...E O Vento Levou e Queen Latifah em Hollywood
MGM/Netflix

Hattie McDaniel é uma das melhores personagens de Hollywood, interpretada por Queen Latifah (Chicago). A primeira mulher negra a ganhar um Oscar, por seu papel como Mammy em ...E O Vento Levou, McDaniel é retratada em sua intimidade em Hollywood por causa dos boatos de sua bissexualidade (nunca comprovados) mas ela também serve como mentora da personagem de Camille, principalmente pela triste história de sua presença no Oscar. McDaniel ficou em uma mesa afastada da premiação da qual saiu vitoriosa em 1940, sentando em um depósito onde as estatuetas eram armazenadas, porque o hotel que promoveu a cerimônia não permitia a entrada de negros no local. Ainda, ao contrário da história fictícia de Hollywood, foram mais 50 anos até que uma outra mulher negra levasse a estatueta (quando Whoopi Goldberg ganhou por Ghost em 1990).

Vivien Leigh - Katie McGuinness

Vivien Leigh em ...E O Vento Levou/Katie McGuinness em Hollywood
MGM/Netflix

A protagonista e ...E O Vento Levou, Vivien Leigh, também tem seus momentos em Hollywood, que incluem uma recriação das falas da personagem Scarlett O’Hara logo na primeira cena do clássico. Interpretada por Katie McGuinness, a atriz é retratada em Hollywood como uma diva frágil, prestes a ter um ataque de nervos, que foi retirada do relato de Scotty Bowers no livro Full Service. A interpretação até que faz sentido com a realidade, já que Leigh sofria de transtorno bipolar. Em Hollywood, a atriz aparece logo após seu grande papel em ...E O Vento Levou, de 1939, e ensaiando para a peça Um Bonde Chamado Desejo, na qual estreou em 1949 em Londres. A versão da peça para o cinema, que foi lançada em 1951, é considerado outro de seus grandes papéis. 

Eleanor Roosevelt - Harriet Sansom Harris

Eleanor Roosevelt e Harriet Sansom Harris em Hollywood
Netflix/Divulgação

Claro que a Primeira Dama Eleanor Roosevelt também foi retirada da vida real. Esposa do presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt (que serviu entre 1933 a 1945), ativista, diplomata e delegada da ONU, na série a Primeira-Dama aparece para incentivar a escalação de Camille em Meg. Enquanto nada do tipo realmente aconteceu em sua vida, Roosevelt teve um caso de interferência na indústria de Hollywood. Em 1940, Roosevelt incentivou seu filho, James (que trabalhava na United Artists), a distribuir o filme britânico e anti-nazismo O Mártir nos EUA, porque outras produtoras o consideraram controverso demais. 

Seria ingênuo imaginar que, como a personagem da série faz em seu discurso, a Primeira-Dama realmente poderia considerar o cinema mais importante do que o governo na mudança da sociedade. Mas em 1947, Roosevelt escreveu sobre a importância do setor para a disseminação de ideias [via ERP]: “A indústria cinematográfica é uma grande indústria, cheia de possibilidades boas e ruins. Seu primeiro propósito é entreter as pessoas. Mas, ao mesmo tempo, ela pode fazer muitas coisas. Pode popularizar certos ideias e fazer a educação palatável”. 

Na série, Eleanor Roosevelt é interpretada por Harriet Sansom Harris, que atuará como a Primeira Dama também em sua próxima série, Atlantic Crossing.

George Cukor - Daniel London

George Cukor nos bastidores de Minha Bela Dama e Daniel London em Hollywood
Warner Bros/Netflix

A série traz uma coleção de personagens coadjuvantes que representam pessoas reais, principalmente quando caminha pelos corredores da festa promovida por George Cukor. O diretor, vencedor do Oscar por Minha Bela Dama, era conhecido por suas festas luxuosas, que contavam com a presença de diversas celebridades e jovens rapazes, trazidos de diferentes locais. Interpretado na série por Daniel London (O Relatório) Cukor era secretamente gay e dirigiu uma série de clássicos do cinema, como À Meia-Luz e Nasce Uma Estrela, a versão com Judy Garland.

Tallulah Bankhead - Paget Brewster

Tallulah Bankhead em Mulher Infiel e Paget Brewster em Hollywood
MGM/Netflix

Nas festas de George Cukor, uma das celebridades que mais se destaca em Hollywood é Tallulah Bankhead, atuada na série por Paget Brewster (Community). Conhecida principalmente por seu papel em Um Barco e Nove Destinos, de Alfred Hitchcock, Bankhead era conhecida por sua defesa por direitos civis e por falar abertamente de questões consideradas tabu, como sua própria sexualidade. 

Noël Coward - Billy Boyd

O dramaturgo, ator, diretor, cantor e compositor Noël Coward aparece em Hollywood interpretado por Billy Boyd (O Senhor dos Anéis), também na festa de George Cukor. Na vida real, também secretamente homossexual, Coward escreveu inúmeras peças, como The Vortex, Hay Fever e Vidas Íntimas, e ganhou um Oscar honorário por Nosso Barco, Nossa Alma, produzido, dirigido e atuado por ele. 

Mickey Cohen - Frank Crim

Mickey Cohen em Alcatraz e Frank Crim em Hollywood
Divulgação/Netflix

Em uma cena curta, o agente Henry Willson é visto conversando com um sujeito suspeito, responsável por fazer o escândalo da ACE Studios sair de publicação. Aquele rapaz no restaurante é Mickey Cohen, interpretado por Frank Crim (How I Met Your Mother). Cohen é conhecido como um ex-boxeador que se tornou gângster, e comandou a máfia de Los Angeles.

A situação toda, inclusive, de Willson e seu “jeitinho” para tirar certas matérias dos jornais, também é conhecida em Hollywood. Supostamente, o agente trocou escândalos de seus ex-clientes - Rory Calhoun e Tab Hunter - para impedir que a imprensa circulasse matérias de que Rock Hudson era gay. 

Luise Rainer - Camille Natta

Luise Rainer e Camille Natta em Hollywood
MGM/Netflix

Luise Rainer, conhecida como a primeira atriz a ganhar mais de um Oscar, é interpretada em uma curta cena de Hollywood por Camille Natta (Kissing Strangers). De origem alemã, Rainer venceu o Oscar por Terra dos Deuses, longa em que interpretou uma mulher chinesa (sua outra estatueta foi por Ziegfeld, o Criador de Estrelas). Rainer é um caso peculiar da indústria, já que desde seu 2º Oscar nunca mais conseguiu um papel de destaque.

Guy Madison - Anthony Coons

Guy Madison em Noite na Alma/Anthony Coons em Hollywood
RKO Pictures/Netflix

O ator Guy Madison aparece em Hollywood interpretado pelo iniciante Anthony Coons, em uma curta cena em que discute sua forma física com o agente Henry Willson. Madison é conhecido por protagonizar a série Adventures of Wild Bill Hickok entre 51 e 58 e ganhou um Globo de Ouro especial por Melhor Estrela do Faroeste em 1954.

Irving Thalberg - Timothy Dvorak

Irving Thalberg e Timothy Dvorak em Hollywood
Divulgação/Netflix

Quando Dick Samuels (Joe Mantello) relembra a história de escalação de Terra dos Deuses, ele cita o influente produtor Irving Thalberg, que aparece na tela interpretado por Timothy Dvorak (A Garota do Tempo). Um dos pilares do estúdio MGM, Thalberg foi responsável por diversas produções do estúdio e na formação de dezenas de estrelas, incluindo Joan Crawford, Clark Gable e Greta Garbo.

George Hurrell - Aidan Bristow

George Hurrell e Aidan Bristow em Hollywood
Divulgação/Netflix

O lendário fotógrafo das estrelas de Hollywood, George Hurrell também aparece na série de Ryan Murphy, interpretado por Aidan Bristow (American Horror Story). Hurrell foi levado à MGM por Irving Thalberg e ajudou a criar o imaginário de glamour de Hollywood com fotos cheias de sofisticação e brilho. Sua carreira inclui fotografias glamourosas de estrelas como Robert Montgomery, Jean Harlow, Joan Crawford, Bette Davis, Errol Flynn, Olivia De Havilland, Lauren Bacall e Humphrey Bogart. Mais tarde em sua carreira, Hurrell foi responsável por fotos de capas de álbuns do Tom Waits (Foreign Affairs), Queen (The Works) e Paul McCartney (Press to Play).

Hedda Hopper (Holly Kaplan) e Robert Montgomery (Mitch Eakins)

Robert Montgomery em Conquistador Irresistível/Mitch Eakins e Holly Kaplan em Hollywood/Hedda Hopper
MGM/Netflix/Divulgação

Estas duas personalidades tem pouco em comum, mas aparecem uma ao lado da outra durante a cerimônia do Oscar do último episódio. A jornalista Hedda Hopper, interpretada por Holly Kaplan (Better Call Saul), escrevia colunas de fofoca e era uma das grandes defensoras da Lista Negra de Hollywood, que censurava o trabalho de atores considerados simpatizantes da esquerda. O ator Robert Montgomery, por sua vez, interpretado por Mitch Eakins (#FreeRayshawn), conseguiu entrada em Hollywood ao contracenar com George Cukor em uma peça, e foi indicado ao Oscar duas vezes em sua carreira, por Que Espere o Céu e A Noite Tudo Encobre. Ele também era um grande defensor do Comitê de Atividades Anti-americanas dos EUA, que investigava cidadãos e suas ligações com o comunismo. 

Celebridades na Cerimônia do Oscar

Ashley Wood, Michael Saltzman, Brett Hollan, Marie Oldenbourg e David Gilchist em Hollywood
Netflix/Reprodução

Outras personalidades reais que aparecem na festa do Oscar de Hollywood, mas não recebem grande destaque são Loretta Young (Ashley Wood), Ernert Borgnine (Michael Saltzman), George Murphy (Brett Holland), Susan Hayward (Marie Oldenbourg) e Donald Crisp (David Gilchrist). Todos estes nomes receberam uma estatueta após os fictícios eventos de Hollywood. Murphy recebeu um Oscar honorário em 1951, Crisp levou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Como Era Verde o Meu Vale em 1942, Borgnine ganhou como Melhor Ator por Marty (1955) e Hayward, depois de quatro indicações, levou o Oscar de Melhor atriz por Quero Viver! em 59. 

Loretta Young, por sua vez, recebeu o Oscar em 1948 pela atuação em Ambiciosa. É interessante que em Hollywood Young apareça indicada exatamente por este filme, mas nos eventos da série, ela perde a estatueta para a personagem Camille Washington. 

Cole Porter (Darren Richardson)

Cole Porter e Darren Richardson em Hollywood
Divulgação/Netflix

Descrito perfeitamente por Ermit como “o tesouro nacional Cole Porter, o músico aparece apenas por um relance, como um cliente recusado pelo personagem de Jack Costello (David Corenswet). Interpretado na série por Darren Richardson (The Baxters), Cole Porter compôs algumas canções universalmente conhecidas, como "Night and Day", "I Get a Kick Out Of You" e  "I've Got You Under My Skin". Sua homossexualidade era conhecida, mas ele foi casado desde 1919 até a morte de sua esposa Linda Lee Thomas em 1954. Ele era conhecido por uma vida luxuosa e extravagante, cheia de festas escandalosas por atividades bissexuais, homossexuais e drogas recreativas.

Bônus - A fictícia personagem de Mira Sorvino, Jeanne Crandall

Mira Sorvino em Hollywood
Netflix/Divulgação

Existe uma personagem peculiar em Hollywood, com uma história tão específica que pareceria real. O papel de Mira Sorvino como a atriz Jeanne Crandall não é retirado do mundo real, mas é uma construção de um tipo de atriz de Hollywood, cuja resolução remete à história da própria Sorvino. 

Crandall tem uma trajetória de uma atriz promissora, que recebeu boas oportunidades coadjuvantes no auge de sua beleza jovial, e viu suas possibilidades diminuírem com o tempo, remetendo à nomes de Hollywood como Veronica Lake ou Ann Sheridan. Apesar de estabelecidas e bem-conhecidas, Lake e Sheridan são exemplos de atrizes que viveram mulheres sedutoras nas telas mas não conseguiram se manter no estrelato com o passar dos anos, chegando apenas na beira do 1º escalão de Hollywood. A própria Sorvino comparou Crandall à Lana Turner, como uma atriz que sempre foi elogiada mais pela sua beleza do que pelo seu talento. 

Em Hollywood, a personagem de Mira Sorvino tem um longo caso com o dono do estúdio, Ace Amberg, e após relatar a traição à esposa do executivo, sente que sua carreira estaria acabada. Mas a redenção de Crandall, que finalmente é escalada em um papel de destaque, inevitavelmente remete como uma correção na trajetória da própria intérprete da personagem. Sorvino é conhecida por ser uma das atrizes que entraram na lista negra de Harvey Weinstein por ter resistido aos abusos do dono da Miramax, e após vencer o Oscar em 95, não teve papéis de grande destaque no cinema. Anos mais tarde, Peter Jackson revelou que a Miramax barrou o teste de Sorvino para O Senhor dos Anéis, confirmando sua interferência na carreira da atriz. Ver a personagem de Mira Sorvino receber uma grande oportunidade mesmo que tardiamente em sua carreira soa como um conto alternativo para as atrizes que viram suas carreiras prejudicadas por abusos de Hollywood. 

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