O disfarce faz um herói como Assane Diop (Omar Sy). Quer esteja tramando um roubo mirabolante ou apenas tentando se aproximar da sua família sem colocar ninguém em perigo, o ladrãosempre precisa se camuflar na multidão. Para o protagonista de Lupin, esse jogo de aparências soa muito natural, porém ele é bem mais trabalhoso do que a ficção dá a entender. Para que todos os disfarces sejam críveis, desde os mais elaborados aos mais simples, a figurinista Camille Janbon precisou lançar mão do seu próprio arsenal de truques. Em entrevista ao Omelete, ela revelou os principais deles:
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INVISIBILIDADE
Na Parte 3, se misturar entre os parisienses significava garantir que a roupa falasse mais alto do que qualquer peruca e bigode falso. Afinal, o rosto de Assane passou a ser conhecido em toda a França. Janbon, então, precisou criar um manto de invisibilidade para o ladrão, e uma das suas estratégias com o criador George Kay foi apostar nos uniformes.
“Se você vê um eletricista ou um jardineiro, você vê sua roupa. Se alguém te pedir para descrever seu rosto, provavelmente você se lembrará mais do seu uniforme. Você o vê, mas não o vê realmente”, revelou a figurinista. Um raciocínio semelhante justificou alguns dos figurinos mais chamativos da temporada, como o conjunto formal roxo que Assane veste na ópera ou, mesmo, o traje militar cheio de pompa. A roupa fica gravada na memória, mas os traços do ladrão e seus acessórios, não.
SUPER-HERÓI
A silhueta do ladrão de casaca moderno segue inconfundível, mas dessa vez Janbon propôs algumas atualizações que enfatizaram o heroísmo do personagem. “A gente não queria mudar tudo, porque os figurinos das Partes 1 e 2 foram tão icônicos que você poderia ver só a sombra e saber que era Assane”, explicou. “Então, agora, ele tem um casaco mais ou menos no mesmo modelo, mas que eu fiz com um patchwork de nylon bem leve. Então, com o vento, é como se fosse uma capa, sabe? Como se ele fosse um super, mas ainda normal, porque ele anda nas ruas.”
A evolução no estilo do personagem também passou pela introdução de outros tecidos. Então, mesmo mantendo modelos em que seus ombros ficassem retos, ela se inclinou para jaquetas bem ajustadas em tweed e índigo. “Para dar uma leveza para ele”, segundo a figurinista. “Introduzimos novas peças para tentar definir uma nova silhueta, que espero que seja tão memorável quanto a primeira.”
O FATOR OMAR SY
O ator Omar Sy se envolve mesmo nas decisões criativas da série, a ponto de ter sido ele o responsável pelo disfarce mais elaborado do ladrão até aqui: o técnico de basquete Alex. “Ele estava muito apegado a essa ideia, porque queria que Assane tivesse cenas conversando com a Claire, sem que ela soubesse que era ele”, contou Kay. “É claro que a Claire não é burra e consegue desvendar isso. Então, no fundo, quem caiu num truque foi Assane.”
Com direito a próteses, esse disfarce foi tão elaborado que Janbon teve que redefinir toda a silhueta do ator. “Ele era um cara diferente até para mim. A voz, a mão, o visual era diferente, foi muito bizarro”, lembrou. “De repente tive que repensar as proporções, porque seu rosto era um pouco maior. Era quase outro ator mesmo.” Só assim, por exemplo, ela introduziu no guarda-roupa de Assane algumas jaquetas puff.
Deu trabalho, mas o resultado foi recompensador para a figurinista. “Espero que tenhamos mais [disfarces] como esse, porque é muito interessante trabalhar com todas essas maquiagens e próteses. É um processo longo, mas ótimo.”
Além disso, Janbon também adora colaborar com Sy, mesmo quando ele quer levar embora os figurinos. “Ele presta muita atenção nas roupas. Não pela marca, mas pelo que representam. Ele está sempre aberto a descobrir novos lados do personagem. Ele se transforma a cada vez que troca de roupa. É muito interessante ir com ele nesse processo, porque ele tem muita noção de moda.”
