A oitava temporada de The Walking Dead entrou em hiato com um dos mais expressivos ganchos até agora: Carl (Chandler Riggs) foi mordido por um zumbi enquanto seu pai movia mundos e fundos para ganhar a guerra contra os impulsos tirânicos de Negan (Jeffrey Dean Morgan). Após perdas consideráveis em função dos atritos com os Salvadores - entre elas, a de Glenn (Steven Yeun) -, o evento mais impactante da temporada aconteceu, ironicamente, em função de algo alheio à guerra. Isso, é claro, é um alerta para quem esqueceu, tanto para público e personagens, dos perigos primários do mundo pós-apocalíptico.
A possibilidade de Carl se despedir da série deixou muitos fãs inconformados - não só por ser um dos cinco personagens restantes na série que estão desde a primeira temporada, mas pela importância que o herdeiro de Rick (Andrew Lincoln) passa a ter em arcos futuros dos quadrinhos. Parte dessa responsabilidade foi atribuída às decisões criativas de Scott Gimple, que assumiu a produção executiva da trama em 2013, após a saída de Glen Mazzara. Mas, ao que tudo indica, dessa vez ele pode ter acertado em suas escolhas.
Ao invés de seguir mostrando o desenrolar de conflitos pontuados por mortes, explosões e reviravoltas, o retorno da oitava temporada foca mais na reflexão dos personagens em relação a se deixarem levar pela lógica da guerra. De forma emocionantes, "Honor", nono episódio da oitava temporada, acompanha os protagonistas da trama passando por experiências-limite, que certamente serão capaz de trazê-los de volta para valores que faziam deles os heróis da série e que, ocasionalmente, acabaram se perdendo.
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Apesar das críticas que a série sofre, é preciso pontuar que a trama de The Walking Dead não é ruim quando se avallia o conjunto completo da obra, o que a atrapalha consideravelmente é a velocidade escolhida para apresentar os fatos. Há coesão na narrativa, os eventos se encaixam e a evolução dos personagens é absolutamente justificada. O problema é que, entre uma ponta e a outra, demora muito para o público entender que algo que aconteceu no primeiro episódio será relevante no penúltimo - principalmente quando o pano de fundo óbvio é a briga entre grupos antagonistas de sobreviventes, o mesmo background da série desde o terceiro ano.
Como há muito não acontece, "Honor" pode introduzir um novo cenário, rompendo definitivamente com grande parte daquilo que tem sido cansativo para os fãs até agora - ainda que essa mudança possa vir de forma agridoce para uma parcela do público. Muitos fãs podem se decepcionar com os rumos pouco óbvios que a atração optará por tomar em função de tudo o que acontece no retorno do hiato, mas, avaliando de forma racional o futuro de The Walking Dead, a série pode estar perto de romper o ciclo de repetições e voltar aos trilhos do ineditismo.
"Honor", nono episódio da oitava temporada de The Walking Dead será exibido em 25 de fevereiro. No Brasil, o canal pago Fox se encarrega da transmissão do seriado.
