Séries e TV

Entrevista

Omelete entrevista: Denis O’Hare, de True Blood

Vampiro Rei do Mississipi fala sobre seu personagem, a moda dos vampiros na TV e cinema e mais

29.08.2010, às 20H03.
Atualizada em 13.12.2016, ÀS 17H05

Nosso site parceiro Collider teve a oportunidade de conversar com Denis O'Hare, o principal antagonista da terceira temporada de True Blood, série da HBO criada por Alan Ball, que também criou A Sete Palmos e escreveu Beleza Americana.

Na entrevista, O'Hare falou sobre seu personagem, Russell Edgington, o vampiro Rei do Mississipi, e sua origem (cuidado com os spoilers!), o relacionamento dele com o vampiro Talbot, as febres de vampiro no mundo do entretenimento e até as dificuldades de atuar usando os avantajados caninos vampirescos.

Jantar: Russell, Talbot e Bill

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Jantar: Russell, Talbot e Bill

Russell com cara de sanguinário

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Com sede de sangue

True Blood

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3ª temporada é exibida aos domingos na HBO

Russell, Talbot

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Russell e Talbot

Russell no cavalo

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Russell imponente no seu cavalo

O ator começou falando sobre sua afinidade com as histórias de vampiro e como assegurou seu lugar no elenco de True Blood. "Eu já era um fã da série, mas comecei a assistir meio tarde, quando já estava no oitavo episódio. Ouvi falar da série e pensei, 'Ai, Deus, vampiros. Li Drácula no colegial, já conheço vampiros há séculos. O que pode ter de bom nessa série?' Mas eu amo Alan Ball e era muito fã de A Sete Palmos (...) Não fiz teste para este papel. Eles começaram a procurar atores para o Rei do Mississippi em julho do ano passado, e eu estava filmando The Eagle of the Ninth em Budapeste. Um dos meus agentes ligou para a HBO e disse, 'Vocês deveriam contratar o Denis O’Hare,' e eles disseram, 'Essa é uma boa ideia'. E foi assim, me ofereceram o papel", contou o ator.

Sobre a profusão de vampiros no entretenimento hoje, O'Hare não demonstrou surpresa. "Tenho 48 anos, e amo vampiros desde os seis. Nasci em 1962, então já passei por umas três ou quatro ondas de vampiros. Já convivo com vampiros há tanto tempo que perdi a noção de qual momento estamos vivendo na febre de vampiros. Quando estava crescendo, tínhamos filmes e séries de vampiros, mas estávamos lidando com Bela Lugosi, Boris Karloff e os vampiros de Christopher Lee. E também teve o Frank Langella no Drácula da Broadway, que foi a primeira vez que tivemos um vampiro sexy. Depois veio o Barnabas Collins da novela Dark Shadows. Li os livros da Anne Rice e adorei, então participei da febre de Entrevista com o Vampiro. Sempre me surpreendo como isso ainda tem poder e ainda atrai interesse. Charlaine Harris fez uma coisa muito diferente e única com a inovação de um sangue sintético. Então agora podemos falar sobre as interações entre humanos e vampiros e a integração entre eles. Isso é fascinante," declarou o ator. Naturalmente, o assunto da conversa chegou na relação entre True Blood e Crepúsculo e onde a série se encaixa nesse cenário. "Eu assisti aos filmes da Saga Crepúsculo. Gostei do primeiro, não gostei muito do segundo e não assisti o terceiro, mas entendi totalmente. É uma coisa completamente apaixonada, mas de um jeito estranho e casto, quase do século 19, o que definitivamente não é True Blood. Somos um rally de caminhoneiros comparado com aquilo - o que eu adoro."

Quando questionado sobre o processo de criação de seu personagem, O'Hare mencionou a série de livros The Southern Vampire Mysteries - mais conhecida como The Sookie Stackhouse Chronicles -, que originaram True Blood. No entanto, revelou que eles tiveram pouca influência sobre o Russell Edgington que estamos acompanhando nas telas. "Li dois dos livros, porque quando me ofereceram o papel ainda não havia roteiro. Então li os livros em que Russell aparece. O interessante da relação entre os livros e a série do Alan Ball é que eles parecem ter uma relação simbiótica que não é, exatamente, paralela uma a outra. O mundo é o mesmo e, às vezes, os personagens são muito parecidos, mas em outros momentos eles divergem radicalmente. Lendo sobre Russell percebi que para a trama tudo fazia muito sentido, mas o personagem era completamente diferente. Não achei que os livros me ajudaram muito porque estávamos fazendo algo completamente diferente. Mas quis ler mesmo assim para sentir o tom e ver se havia detalhes interessantes. Quando você está criando um personagem, precisa de informação. Nos livros, Russell não é bem-desenvolvido. Charlaine [Harris, a autora] não tinha muito interesse nele, enquanto Alan está muito interessado no Russell. Deram a ele muito poder sobre a trama, é o Russel que conduz a história nessa temporada," explicou.

"Alan tinha ideias muito fortes sobre alguns aspectos. Ele disse, 'Russell é um cavalheiro sulista. É muito importante que ele tenha um sotaque. E ele é muito, muito charmoso e muito, muito mortal'. Isso foi ótimo, foi o suficiente para começar. A partir daí, contratei um instrutor de dialetos e fiz minha própria pesquisa. Perguntava pro Alan coisas como 'Qual a idade dele? De onde você acha que ele é?'. Ele tem 2800 anos, então o nome dele não é Russell Edgington. Eu sei qual é o nome verdadeiro dele. Não posso contar, mas ele tem outro nome. Ele veio de um lugar diferente e falou muitas outras línguas antes de chegar aos Estados Unidos e começar a falar inglês. Se você era um vampiro antes da Revelação, você tinha que se esconder. Então ele se adaptou à cultura, adotou outro nome, outro sotaque e outra língua. Mas a verdadeira pessoa dele é algo bem mais profundo e sombrio. Na série, às vezes, eu falo um dialeto em alemão, que é uma das personas que ele tem há mais tempo. A verdadeira identidade dele é celta. Ele era um druida pagão das Montanhas Carpátias, mas provavelmente viveu na Europa entre 300 ou 400 D.C. até 1300 D.C., então a língua original dele seria germânica," revelou o ator.

O'Hare também falou sobre o relacionamento entre Russell e seu consorte Talbot, vampiro interpretado por Theo Alexander. "Theo e eu trabalhamos muito nessa relação. Nos encontramos antes das filmagens e começamos a discutir aquele relacionamento. Conversamos no telefone e nos encontramos em Los Angeles. Fizemos muitas caminhadas em LA, passeios e tentamos criar o nosso passado. Quando chegamos na primeira leitura de roteiro, já estávamos muito confortáveis um com o outro. Logo no começo eu disse pra ele, 'Você precisa ter autoridade sobre mim e eu preciso ter autoridade sobre você. Você precisa se sentir à vontade para colocar sua mão em qualquer lugar do meu corpo - minha cabeça, meu pescoço, meu peito, minha bunda, não importa. Precisamos ser donos um do outro, de certa maneira, e estar completamente confortáveis'".

"Por termos passado tanto tempo juntos, quando chegamos no set já eramos o melhor amigo e maior aliado um do outro. Conversamos antes das cenas e depois das cenas e fazíamos as refeições juntos. Quando você investe todo esse tempo, fica nítido. Mesmo que você não faça a cena, a relação está lá. Russell é o criador do Talbot, então consegue ler a mente dele, e Talbot consegue sentir o estado emocional do Russell porque ele é seu criador. Além disso, dá para conhecer bem uma pessoa em 700 anos," comentou.

O'Hare também enfrentou desafios mais banais ao viver Russell nas telas, como falar os diálogos usando os caninos de vampiro. "Cada pessoa tem uma experiência diferente com os dentes. Eu diria que não fui um gênio, mas também não fui um fracasso. Tive que fazer alguns exercícios e treinar meus 'esses' para dizer coisas como Sookie Stackhouse, que já são difíceis de pronunciar de qualquer maneira, ainda mais com presas na boca. Não é impossível, mas você precisa falar com clareza. O espectador tem que entender cada palavra. Então, você tem que treinar com as presas e limpar os diálogos. Elas também machucam, podem cortar seu lábio porque são muito, muito afiadas," explicou.

O ator também comentou como é viver um vilão nas telas e como preparar-se para esse tipo de papel. "Ao interpretar um personagem, acho que você não pode julgá-lo. Todos os personagens estão certos. Eles não se vêem como o antogonista, mas sempre como o protagonista. Russell tem razões incrivelmente válidas para fazer tudo que está fazendo. Ele tem uma moral diferente, uma moral muito antiga. Coisas que podem parecer cruéis para quem vê de fora, são completamente justificadas do ponto de vista dele. Ele vê a si mesmo como um guardião de valores antigos que, para ele, estão sendo aniquilados. O que eu faço é tentar entender, na trama, por que Russell se colocou em uma determinada situação e justificar isso," explicou O'Hare.

"Quando um personagem está sozinho, sentado numa sala ou olhando pela janela, acho que é uma questão de saber 'Para onde a cabeça dele vai?'. Quais são seus medos e desejos mais íntimos? Isso é caráter. Russell tem muita energia e paixão pela vida - o que é irônico já que ele está morto. O incrível do jeito que esta temporada se desenrola é que as defesas do Russell são arrancadas e ele fica muito exposto emocionalmente. Algumas cenas que fizemos para o episódio 9 e 10 são realmente emotivas e pertubadoras para ele. Ele perde a compostura, definitivamente. A partir do episódio 9 [exibido no Brasil em 22/08], ele se torna um personagem completamente diferente. Ele se exalta e reverte para um eu pagão, perde o controle e a máscara cai. Termino a temporada em um lugar muito diferente, com um visual bem diferente," entregou.

De acordo com o ator, o arco de seu personagem não será encerrado nesta temporada, deixando espaço para o retorno de Russell no ano que vem. Quanto a projetos futuros, O'Hare declarou que pretende buscar outros tipos de personagem. "Não quero ficar preso a um tipo de papel. Amo Russell e me diverti muito interpretando-o, mas não quero fazer outro vilão durante algum tempo".

A terceira temporada de True Blood está sendo exibida no Brasil aos domingos, às 22 horas, no canal pago HBO.

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