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A Busca | Crítica

Em seu longa-metragem de estreia, Luciano Moura cria parábola sobre gerações

14.03.2013, às 19H30.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H24

"Seu pai sabe que você está aqui?", pergunta Theo, comprimindo em uma fala o abismo entre gerações. "Aqui, exatamente, eu espero que não", é a resposta da menina.

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Na sua estreia em longa-metragem, o diretor Luciano Moura escolheu transformar essa distância geracional em uma parábola sobre família e amadurecimento. Em A Busca, para encontrar Pedro (Brás Antunes), que foge de casa dias antes de completar 15 anos, seus pais precisam percorrer o sinuoso caminho (físico e emocional) que os separa do filho. Vendido como suspense, o filme passa longe das ocorrências policiais, e se prova um complexo drama de relacionamento. O desespero pela ausência de Pedro logo é preenchido por um processo de descoberta, da mãe (Mariana Lima), Branca, que reencontra o filho e o marido nos vazios da casa, e do pai (Wagner Moura), Theo, que conhece o filho, e a si mesmo, refazendo os passos da fuga.

O roteiro, escrito por Elena Soarez e Luciano Moura, cria uma estrutura onde nada surge gratuitamente, onde cada ação ou interação é carregada de significado. Das pequenas e constantes alegorias que representam a situação emocional da família - a piscina vazia, símbolo do lar desfeito pelo divórcio, ou uma cadeira quebrada, sinal da distância de Theo em relação ao próprio pai (Lima Duarte), por exemplo -, aos personagens que permeiam a busca por Pedro e às paisagens, urbanas e rurais, que compõe a jornada.

Apesar de abundantes, essas significações não se sobrepõem à narrativa, mas contribuem de forma calculada para o desenvolvimento de seus protagonistas. Wagner Moura é o maior responsável por não deixar o filme se perder nessa sua ânsia por encontrar alguma coisa. Comprovando seu posto entre os grandes do cinema nacional, assim como foram Paulo José, Othon Bastos, Geraldo Del Rey ou Paulo César Pereio em outros tempos, sua atuação sustenta o arco do seu personagem, que é a alma do filme em si, mesmo nos momentos mais frágeis da trama, quando tudo poderia desandar para o dramalhão.

Entre tantas comédias vazias, A Busca se prova um suspiro de alívio no cinema comercial brasileiro. Ancorado pela experiência na publicidade, Luciano Moura sabe como vender, mas sem subestimar seu público. Entrega um produto final complexo, sem cair no hermetismo. Um filme fantástico em alguns pontos, com um roteiro muitas vezes embalado pelo destino, mas emocionalmente verossímil. Não é de espantar que o longa tenha começado sua carreira entre os independentes no Festival de Sundance para depois, com o apoio da Globo Filmes, emocionar BBBs em exibição especial no reality show. Prova absoluta de que o filme tem vocação para agradar a todos os públicos.

 

 

Nota do Crítico
Ótimo
A Busca
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A Busca

Ano: 2010

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 96 min

Direção: Luciano Moura

Elenco: Wagner Moura, Lima Duarte, Mariana Lima, Brás Antunes

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