Alan Moore, em sua coluna para o The Guardian

Créditos da imagem: The Guardian/Reprodução

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Alan Moore diz que o fandom se tornou uma "praga grotesca" na sociedade

Autor comentou sobre as mudanças que ocorreram desde o início das HQs até os dias atuais

Omelete
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28.10.2024, às 21H35.

Um dos artistas mais importante das história em quadrinhos, Alan Moore sempre teve opiniões forte sobre a indústria do entretenimento e tudo o que a cerca. Desta vez, em sua nova coluna, publicada no The Guardian, o autor comentou sobre declarações que ele deu, comparando o fandom a políticos fascistas. Com um tom mais consciliador, Moore usou alguns pontos e contrapontos, contando a própria história para tecer um comentário mais profundo:

"Deixe-me deixar minha posição clara: acredito que o fandom é um órgão maravilhoso e vital da cultura contemporânea, sem o qual essa cultura acaba por estagnar, atrofiar e morrer. Ao mesmo tempo, tenho certeza de que o fandom às vezes é uma praga grotesca que envenena a sociedade ao seu redor com suas obsessões maldosas e um senso ridículo e imerecido de direito".

Ainda na coluna, Moore relembra a infância e juventude, quanto se tornou fã de quadrinhos e acabou participando do fandom britânico, mas com a entrada para o lado oposto da mesa, como criador, ele respondeu ao comentário do início deste texto:

"Sem jamais ter buscado uma relação de celebridade pop com os leitores, fui me retirando aos poucos do lado social dos quadrinhos, adquirindo assim minha fama de eremita furioso e enigmático. E quando olhei para trás, após o advento da internet e algumas décadas, o fandom era um animal muito diferente. Um animal mais velho, para começar, com uma idade média por volta dos 40 anos, alimentado, presumivelmente, por uma nostalgia da qual sua versão mais enérgica era jovem demais para sofrer".

Ainda nesta comparação do início das HQs com o momento atual da indústria, o autor de Watchmen, levanta alguns pontos que mudaram e, para ele, ajudaram a chegar no ponto atual do fandom:

"Enquanto as histórias em quadrinhos eram originalmente oferecidas às classes trabalhadoras, os preços altos das edições acabaram excluindo qualquer público que não fosse mais afluente, gentrificando um bairro cultural antes agitado e vibrante. Esse aumento na idade e status do fandom talvez explique seu atual senso de privilégio, sua tendência a criticar e reclamar em vez de contribuir ou criar".

O artista ainda conclui:

"Um entusiasmo que é fértil e produtivo pode enriquecer a vida e a sociedade, assim como deslocar frustrações pessoais em ataques venenosos sobre seu hobby de infância pode desvalorizá-los. Gostar bastante de algo está bem. Não precisa do facão nem do megafone. Para ser honesto, para mim, leitores sempre teriam sido mais que suficientes".

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