Lucifer and the Biscuit Hammer/Reprodução

Mangás e Animes

Lista

Chama o Procon! Animes de 2022 que prometeram e não cumpriram

Preocupados com a quantidade de propaganda enganosa nos animes, listamos as séries de 2022 que mais nos enganaram

15.12.2022, às 09H57.

Um anime não se vende apenas pela sua animação bonita ou por uma historinha bacana, o marketing está aí para gerar expectativa com um trailer bem feito ou uma equipe de nomes importantes. Só que a expectativa é a mãe da roubada, porque às vezes você vai assistir a um anime que estava prometendo muita coisa e, no fim, acaba decepcionado.

Nesse ano de 2022 tivemos muitos animes que prometeram algum padrão de qualidade e acabaram desiludindo os fãs, então nessa lista vamos relembrar essas produções, até para evitar que voltemos a cair nessas propagandas enganosas. Vamos à lista!

Sabikui Bisco

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Baseado em uma light novel não muito conhecida por aqui, Sabikui Bisco prometeu com seu trailer entregar um anime bem diferente do comum. Em tempos de isekais e animes de garotas fofas fazendo coisas cotidianas, Sabikui Bisco apresentou um mundo meio steampunk coberto por areia e fuligem, personagens com design bem arrojado e também caranguejos gigantes e muitos fungos. Mas se visualmente o anime se destacava, quem tentou assistir pode ter sofrido mais que a Juliette para entender o fio da meada.

Um bom visual não é o bastante para salvar um anime, e Sabikui Bisco se perdeu totalmente na história. O ritmo era estranho, os personagens foram mal desenvolvidos e o grande antagonista da história foi bastante criticado por quem conseguiu sobreviver até depois do episódio 5. O resultado final ainda ficou no mediano, uma nota cinco, mas não podemos ignorar as altas expectativas geradas pelo primeiro episódio.

Attack on Titan: The Final Season (Parte 2)

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Aqui temos um claro exemplo de anime no qual poderíamos acionar o CONAR. Por estar caminhando para sua reta final, com direito à “coringada” de Eren Yeager, os produtores do Attack on Titan pensaram “e se a gente colocasse um ‘the final season’ no pôster do anime?”. O texto, que significa “a temporada final” em inglês, poderia servir como chamariz aos fãs e ainda criar um sentimento de obrigatoriedade para que todos assistissem ao desfecho desse anime tão querido. Só que havia um detalhe muito importante ignorado por todos da produção: o anime estava MUITO longe de acabar.

Ainda havia muita história a ser contada, e a tal temporada “final” chegou ao fim em 2021 sem o bendito final. Rapidamente eles anunciaram uma “parte 2” da temporada final e, mais uma vez, todo mundo se comprometeu emocionalmente com a nova leva de episódios em 2022, já sabendo que finalmente veríamos o final do anime… só que não rolou de novo! Estamos sendo enrolados há anos com três temporadas que se chamam “a temporada final” mas que nunca terminam a história.

Dizem que teremos a temporada final pra valer em 2023, mas podemos confiar mesmo na palavra de quem já nos enganou tantas vezes? Quando vão entregar esse final que tanto nos prometeram? Fica a pergunta no ar.

Requiem of the Rose King

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Foi uma grande surpresa quando o mangá Requiem of the Rose King, criado por Aya Kanno (de Otomen), teve um anime anunciado. A obra, uma livre adaptação de peças shakespereanas, usa tintas fortes para contar uma história repleta de guerras e disputas por trono com a participação de personagens não binaries. Porém foi o anime estrear que percebemos a roubada que nos metemos: a série animada é bem ruim.

Para adaptar os 17 volumes de mangá (cada um com umas 200 páginas) em apenas 24 episódios alguns sacrifícios foram feitos, e um dos elementos eliminados foi o próprio fio da meada. A quantidade de cortes na trama não só dificulta nos conectarmos aos dramas dos personagens como também impossibilita compreender a história. Se você leu o mangá ainda pode se divertir vendo trechos memoráveis em uma versão (pouco) animada, mas um leigo vai sair do episódio sem nem entender o que acabou de assistir.

Dr. Stone: Ryusui

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Por mais que seja uma boa adaptação para anime de um mangá da Shonen Jump, Dr Stone sofre por períodos de hiatos inconstantes e temporadas com tamanhos bem diferentes. Após uma primeira leva de episódios com dois cour (ou seja, durando o equivalente a duas temporadas japonesas) e depois uma rápida guerra adaptada em apenas 11 episódios, os fãs foram pegos de surpresa quando rolou o anúncio de um OVA para a série. Como o próprio nome indicava, a ideia de Dr Stone: Ryusui era adaptar o arco do Ryusui, porém a promessa foi para o ralo.

O especial é divertido e mantém todo o padrão da série, mas tem uma história sem “fim”. O arco de introdução do personagem navegador não tem conclusão, a abertura do especial indica situações que estão longe de acontecer e, para piorar, o nome da próxima temporada (Dr Stone: New World) faz referência a uma história bem além do que esperamos ver na próxima leva de episódios. Resumindo: esse OVA prometia um arco curto e entregou uma história incompleta (mas sempre bom rever nossos “cienceiros” favoritos).

Classroom of the Elite - Temporada 2

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Um dos grandes sucessos de 2017 foi a primeira temporada de Classroom of the Elite, anime sobre uma escola na qual os alunos podem fazer qualquer tipo de trapaça ou plano para ascender socialmente e ferrar os colegas de turma. Após uma longa espera os fãs finalmente puderam acompanhar os novos desafios encarados por Kiyotaka Ayanokoji e Suzune Horikita, mas o sonho logo virou pesadelo por motivos diversos. Para começar, a produção foi muito conturbada e entregou uma animação de centavos, repleta de erros básicos de continuidade e composição. Para piorar a situação do anime, a trama correspondente a essa segunda temporada era terrível (sendo bem bonzinho), com situações forçadas e flashbacks dramáticos capazes de te arrancar risos.

Certo, já estávamos acostumados a Classroom of the Elite entregar uma história de mediana para baixo, mas a galerinha do Ayanokoji se superou nessa temporada. Além de um ritmo confuso em momentos de “jogos mentais” (confesso estar perdido até agora nas regras do jogo realizado no navio), a história sofreu uma queda brusca após o final da temporada anterior no qual o protagonista se revela frio e calculista. Se antes a personalidade do Ayanokoji nos deixava intrigados, dessa vez ele abandonou de vez as sutilezas e só faltou dar uma risada maligna quando seus planos ocorriam como o planejado. Miraram no Light Yagami e acertaram na Nazaré Tedesco.

Tokyo Mew Mew New

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Nos anos 2000 muitas séries como Sailor Moon e Card Captor Sakura se popularizaram no Brasil, mas ali escondidinho na programação do Cartoon Network havia um anime que representava a “série B” dos animes de demografia feminina: As Super Gatinhas. Imagine uma série de garotas mágicas, só que cada uma ganhando poderes de animais diferentes e enfrentando os desafios comuns da adolescência. O nome original deste anime é Tokyo Mew Mew, e seu relativo sucesso no Japão fez com que em 2022 fosse lançado um reboot da franquia, agora com o infame título Tokyo Mew Mew New (ou “Novo Tokyo Mew Mew”).

Tokyo Mew Mew New é mais um caso de anime que poderia ter ficado ali na sua memória afetiva mesmo, porque o que o original tinha de criativo e carismático essa versão transformou em algo blasé. Os designs de personagens ficaram bem diferentes (e bem menos criativos) e a equipe até tentou ao máximo homenagear o anime clássico, mas não o bastante para se tornar uma aventura que oferecesse um quentinho no coração. No máximo Tokyo Mew Mew New deixou a sensação de uma rinite alérgica causada por pelo de gato.

Lucifer and the Biscuit Hammer

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Satoshi Mizukami não é tão conhecido quanto um Akira Toriyama ou um Eiichiro Oda, mas este homem carrega há muito tempo uma legião de fãs por causa de suas obras. Questionador, profundo e com um excelente senso de humor, seu mangá Lúcifer e o Martelo é considerado quase uma obra cult que utiliza uma paródia de shonen de lutinha como meio para discutir a dificuldade de crescer e chegar à vida adulta. Com tantas linhas de elogio, era de se esperar que Lucifer and the Biscuit Hammer, anime que adapta a obra de Mizukami, faria um esforcinho para ser memorável, né?

De certa forma o anime acabou sendo memorável, pois ele é lembrado como uma das adaptações mais mambembes desse ano de 2022. Com um orçamento de um cento de salgado na padaria, o estúdio NAZ (de Thermae Romae Novae) precisou se virar nos 30 para entregar um anime minimamente funcional. Deu certo? Não! As cenas de luta são muito ruins e o anime nem ao menos tenta disfarçar sua baixa qualidade. Uma pena, porque o negócio se sustenta apenas pela boa interpretação dos atores de voz e pela história fantástica de Mizukami.

Bônus #1- Dragon Ball Super: Super Hero

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Aqui nesse primeiro item bônus nosso objetivo é mostrar outros tipos de propaganda enganosa, como foi o caso de Dragon Ball Super: Super Hero. Não que o segundo longa da franquia Super seja ruim, muito pelo contrário (temos até uma crítica aqui no Omelete falando o quão divertido ele é), mas o filme cometeu um deslize de marketing: o Goku quase não participa do filme. Embora sua ausência não seja sentida pelo público, é muito estranho ver Goku e Vegeta estampando boa parte das peças promocionais do filme.

Inclusive é bem provável que os rápidos 10 minutos de participação dos principais guerreiros no longa seja uma forma de “acalmar” a base de fãs de Dragon Ball que pode ter ido ao cinema acompanhar uma história sobre os dois. Não é o caso, pois o protagonista moral do filme acabou sendo o Piccolo e temos também forte presença do Gohan porque né, se não tivesse um único saiyajin entre os principais da história os fãs fariam uma genki-dama contra a Toei Animation.

Bônus #2- One Piece Film: Red

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O nosso segundo bônus da lista é para uma outra publicidade enganosa em filme da Toei, dessa vez o mais recente filme de One Piece. Com uma história menos divertida e bem mais caótica (temos crítica desse filme também aqui no Omelete), o filme se vendeu por oferecer uma nova personagem “canônica”, a cantora Uta. As aspas estão aí porque, no fim das contas, é tudo um truque antigo da produtora: nos últimos filmes de One Piece eles têm prometido fagulhas de cânone para atrair os fãs mais hardcore da franquia e, no fim, tudo não passa de um grande filler disfarçado.

O filme tenta a todo momento agradar os fãs, seja com lutas protagonizadas pelo Shanks ou por dezenas de personagens aleatórios da série que aparecem por poucos segundos, mas o que fizeram com a Uta foi bem chato. Tanto o anime da TV quanto a campanha promocional vendeu a garota como a filha do Shanks, como se ela fosse adicionar camadas à história original, mas no fim ela acabou sendo tão irrelevante para One Piece quanto, sei lá, o figurante com voz de Silvio Santos que vende Den Den Mushi. Aceitamos histórias filler sem problemas, só não tentem vendê-las como algo a mais.