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25 anos de Pokémon | Relembre os episódios mais polêmicos da animação

Caso de epilepsia, representações ofensivas e episódios sobre terremoto: já teve de tudo no anime de Pokémon

27.02.2021, às 15H00.

A franquia Pokémon já tem 25 anos nas costas e carrega consigo uma grande quantidade de curiosidades em diversas mídias, como jogos e animações. A série televisiva, responsável pela febre no ocidente, possui várias histórias inusitadas, pois vários episódios foram modificados em alguns países por tratarem de assuntos delicados.

Para celebrar o aniversário da franquia, relembramos abaixo algumas dessas histórias polêmicas e curiosas, então vamos lá!

E no Brasil?

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Felizmente, até o momento não tivemos qualquer caso de episódio de Pokémon que deu dor de cabeça no Brasil. Claro, alguns não foram exibidos porque já vieram cortados dos EUA, mas nenhum veto exclusivamente brasileiro foi imposto ao anime.

Mesmo assim, na época do estouro, muitos religiosos bradavam que Pokémon era algo satanista, além de demonizarem o anime e o jogo de card game. Porém, quem acabou pagando o pato mesmo foi Yu-Gi-Oh!, mas isso é assunto de uma outra matéria (que você pode ler aqui no Omelete).

O caso da epilepsia

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Talvez o mais famoso caso envolvendo o anime de Pokémon seja o episódio protagonizado pelo monstro eletrônico Porygon. Ao final de "Soldado Eletrônico Porygon", da primeira temporada, Pikachu usa seu famoso golpe para impedir a aproximação de alguns mísseis.

Na época, era comum os animadores de Pokémon usarem uma rápida repetição de cores para um melhor impacto visual, porém dessa vez a ideia se revelou um desastre: nesse episódio, o tal efeito visual fez parte do público passar mal, e cerca de 700 pessoas foram hospitalizadas com sintomas de epilepsia.

Por conta do infeliz ocorrido, a transmissão de Pokémon no Japão foi interrompida e levou algum tempo para o anime voltar ao ar. Esse episódio também virou notícia internacional, até mesmo o William Bonner contou sobre o ocorrido no Jornal Nacional, e muitos pais ficaram com pé atrás quando o desenho animado estreou no Brasil.

Para evitar casos semelhantes, principalmente com o anime chegando ao ocidente, a produção escureceu cenas de brilho intenso nos episódios anteriores e deixou de usar esse efeito visual mais intenso. Outra medida, talvez para não reviver o assunto, foi impedir novas aparições de Porygon e suas evoluções no anime.

O caso de Pokémon influenciou também outros animes, pois emissoras de televisão no Japão criaram uma mensagem padrão para exibir antes dos episódios dos animes pedindo para as pessoas se sentarem longe da televisão e assistirem ao programa em um ambiente iluminado.

O caso dos seios e da violência

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É importante lembrar que Pokémon era originalmente focado no público japonês, e por isso parte do humor e das situações podem parecer estranhas para o público ocidental. Quando o anime foi licenciado para exibição nos EUA, país com muitas restrições sobre o que pode ou não aparecer em animações infantis, alguns episódios acabaram sendo cortados.

O caso mais famoso foi 18º capítulo da primeira temporada, intitulado "A Bela e a Praia" (em tradução livre). Nele, as personagens femininas participam de um concurso de trajes de banho, e James se inscreve vestindo um par de seios infláveis. O personagem ainda debocha dos seus "dotes avantajados" em comparação aos de Misty. Anos depois o episódio ganhou uma exibição nos EUA, mas a cena foi cortada.

Outro episódio famoso por ter sido vetado na versão ocidental foi o 35º, "A lenda de Dratini". O motivo da vez foi por exibir armas de fogo realistas usadas por um senhor chamado Kaiser, que chegou até a apontar uma pistola para Ash. Como se não fosse o bastante, a Equipe Rocket também surge ameaçando o senhor com revólveres.

A retirada dos dois episódios causou alguns furos de roteiro. Cenas do concurso de biquíni aparecem em flashback vários capítulos depois, e foi no episódio do Dratini que o Ash capturou uma manada de Taurus, ou seja, o público ocidental nunca viu como o protagonista conquistou seu companheiro bovino.

O caso Jynx

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A questão envolvendo a personagem Jynx começou em 2000, quando a jornalista norte-americana Carole Boston Weatherford escreveu um artigo chamado O Pokémon Politicamente Incorreto (Politically Incorrect Pokémon, no original). Carole estava em uma loja de brinquedos, comprando um cartucho de Pokémon Snap para seu filho, e viu a Jynx através de uma televisão. A aparência do Pokémon assustou Carole: "Jynx parecia uma versão 'drag queen' do personagem Little Black Sambo, um estereótipo racista de um antigo livro já retirado das bibliotecas", detalhou Weatherford sobre o Pokémon de gelo. Ela explicou que a personagem "ofendia os afro-americanos, especialmente as mulheres negras".

Desde então, os responsáveis pela marca Pokémon tomaram algumas decisões envolvendo a personagem polêmica. Nos jogos e nos card games Jynx foi mantida, mas teve sua coloração trocada: ela deixou de ter a pele na cor preta e passou a ser roxa. Já na animação, todos os episódios com a presença da Jynx foram banidos no ocidente, entre eles o "Feriado Olá-Jynx", presente no começo da segunda temporada e exibido no Brasil em meados dos anos 2000.

Em alguns países orientais o episódio ainda se encontra disponível, mas a cor da pele da Jynx foi colorida digitalmente para roxo.

O caso dos desastres naturais

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Por conta de sua localização geográfica, o Japão é atingido com uma certa frequência por alguns tremores, causando abalos sísmicos. Alguns episódios de Pokémon foram cancelados no Japão porque deram o azar de ter uma trama sobre destruições em uma data próxima a algum desses terremotos. O episódio 101 da fase Advanced, cujo nome previsto era "Batalha na Ilha do Tremor", foi cancelado por conta de terremotos naquela mesma época.

Algo parecido aconteceu em março de 2011, quando um episódio duplo da fase Branco e Preto teve sua exibição cancelada. Na história, a Equipe Rocket (a organização, e não a dupla de vilões atrapalhados) enfrentaria a Equipe Plasma, o grupo de malvados da região de Unova. Como seriam exibidas cenas de uma cidade destruída, quiseram evitar comparações com o tsunami ocorrido no Japão alguns dias antes.

Por outro lado, o episódio intitulado "Um especialista em pescaria em uma competição de pesca" também apresentava acidentes aquáticos, mas ele foi só adiado para meses depois do originalmente planejado. Alguns trechos foram redesenhados e tiveram que criar uma nova cena ao final do episódio para não afetar a continuidade da série.

O caso da rixa entre Japão e Coreia do Sul

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O Japão e a Coreia do Sul tiveram muitos conflitos no passado, e por esse triste histórico as produções japonesas eram proibidas na Coreia do Sul até meados do século passado. Pela proximidade com o fim do veto, essa relação tumultuosa causou alguns problemas para episódios de Pokémon.

Embora o desenho seja ambientado em um mundo fictício, qualquer episódio com traços da cultura japonesa era vetado na Coreia do Sul. Por isso não foram exibidos os capítulos "O Desafio do Samurai", "Os Poderes do Poké-Ninja" e muitos outros que mostravam personagens usando quimonos ou praticando sumô. Os vetos ao anime dos monstrinhos duraram até a fase Johto, e atualmente são transmitidos sem qualquer problema no país.

O caso do 11 de setembro

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O atentado terrorista às torres do World Trade Center, em setembro de 2001, levou ao cancelamento temporário de alguns episódios das duas primeiras temporadas. "Tentacool e Tentacruel" deixou de ser exibido momentaneamente por mostrar a criatura gigante do título destruindo prédios, e o episódio "A Torre do Terror" foi banido porque o título poderia remeter ao terror ocorrido nos prédios em chamas.

Já o episódio "Um Susto no Ar" teve o título trocado temporariamente para "Espíritos no Céu". Uma decisão curiosa, pois a temática do episódio tem muitos elementos que poderiam remeter ao atentado, já que a trama mostra Ash, Misty e Brock sequestrados pela Equipe Rocket dentro de um aeronave desgovernada.

O caso da representação racial

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Assim como a Jynx levantou um debate sobre representação racista no anime, a personagem Lenora da fase Preto e Branco levantou uma discussão parecida. A líder do ginásio de Nacrene originalmente vestia um avental tanto no jogo quanto no anime, mas a vestimenta não foi bem vista deste lado do globo.

Quando essa fase chegou ao ocidente, a The Pokémon Company mudou o figurino de Lenora para uma camisa com bolsos, e o avental virou uma espécie de "capa". A troca foi feita para evitar comparações com o arquétipo racista da "mammy", um estereótipo de mulher negra que trabalhava em casa de família de pessoas brancas, algo bastante comum no passado, principalmente ao sul dos Estados Unidos.

O caso da alusão ao nazismo

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O episódio "Tudo Lindo e Brilhante" teve duas edições para evitar polêmicas no ocidente. Para começar, um trecho em que um treinador usa uma Jynx foi cortado por conta do já citado problema envolvendo o Pokémon (e essa foi a última vez que a Jynx apareceu no anime com a cor de pele preta no lugar da roxa). Mas o maior problema do episódio foi uma referência ao nNazismo.

Em uma cena bem rápida, a Equipe Rocket aparece sendo saudada por vários soldados rasos da organização, e todos estão com o braço direito estendido. Esse gesto é muito parecido com a saudação nazista, e por isso a cena foi editada na versão ocidental: a 4Kids redesenhou todos os soldados com suas mãos abaixadas, mudou a posição da mão do James e ergueu os dois braços da Jesse.

O caso do aparente blackface

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O caso mais recente aconteceu na fase Sol e Lua do anime e mexe com um assunto bem controverso no ocidente. No episódio 64 da temporada, Ash encontra um grupo de Passimian e, no decorrer da trama, o protagonista se veste como os símios.

A The Pokémon Company nem precisou pensar muito e logo cortou o episódio da versão americana, pois o protagonista de Pokémon parecia usar um blackface. Como se sabe, o blackface é uma forma racista de se representar pessoas negras, e banimentos parecidos já foram feitos em animações ocidentais.