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Conheça Record of Ragnarok, o anime de lutas entre deuses e celebridades reais

Quem precisa de história quando podemos ver um torneio com Nikola Tesla, Zeus e Nostradamus?

16.06.2021, às 16H16.

Para quem conhece o mito do fim do mundo nórdico, a história do anime Record of Ragnarok pode apresentar uma releitura bem estranha dos fatos. No lugar de deuses cabeludos conduzindo a humanidade ao fim do mundo, a nova animação japonesa da Netflix apresenta o evento como um torneio disputado entre um panteão de deuses e humanos célebres.

Com estreia prevista para o dia 17 de junho, a série animada de Record of Ragnarok promete uma quantidade elevada de ação, músculos, poderes megalomaníacos e quase nada de trama por trás de tudo isso.

Deuses contra humanos

Netflix/Divulgação

A história de Record of Ragnarok (ou Shuumatsu no Valkyrie, caso prefira o nome original) começa com um grande encontro de todos os deuses existentes. A cada mil anos essas divindades se reúnem para decidir o destino da humanidade, e em uma votação (que mais parece uma sessão da Câmara de Deputados) fica decidido que os humanos serão extintos. Para a nossa sorte, a valquíria Brunhild intervêm e aponta uma regrinha escrita no rodapé do livro dos deuses: a humanidade tem direito a uma última chance de sobreviver, basta vencer um torneio de luta contra os deuses.

As regras do Ragnarok, o nome da tal competição, são mais simples que qualquer Torneio de Artes Marciais de Dragon Ball: os deuses escolhem 13 representantes, e as valquírias são responsáveis por selecionar 13 seres humanos famosos, de qualquer época. Os combates são sempre um contra um, e o time que conquistar 7 vitórias primeiro vence o Ragnarok.

Claro que é uma disputa injusta, afinal deuses são criaturas muito poderosas, mas Brunhild dá seus pulos para garantir uma equidade para os humanos. Ela convoca 13 valquírias capazes de se transformarem em armas mágicas, e isso fará com que os humanos possam lutar um pouco mais em pé de igualdade. As armas sempre se adaptam ao usuário, então podem variar de uma espadona até um soco inglês potencializador de golpes na velocidade da luz.

O grande destaque de Record of Ragnarok é a seleção de personagens. Os deuses da trama vêm das mais diversas mitologias da história da humanidade, e aparecem na trama divindades dos egípcios, dos gregos, romanos, nórdicos e inclusive dos cristãos. Ou seja, espere ver Zeus, Belzebu, Thor, Shiva e Anúbis convivendo e interagindo como se fossem colegas em uma "reunião do terceirão".

Netflix/Divulgação

A história de Record of Ragnarok já seria muito interessante se os autores criassem seres humanos poderosos para enfrentar os deuses, mas aí está o diferencial desta série: os 13 representantes dos humanos são na verdade celebridades históricas que conhecemos muito bem. Logo na primeira luta, Brunhild convoca o guerreiro chinês Lü Bu para enfrentar o Thor, e a lista de famosos selecionados pela valquíria é de fazer inveja a qualquer festa do Luciano Huck. Para se ter uma ideia, já estão confirmadas as participações de Jack o Estripador, Kojiro Sasaki (o samurai rival de Musashi), Nikola Tesla (o inventor), Nostradamus, Rei Leônidas (aquele de Esparta) e até mesmo Adão, o primeiro homem!

É só luta mesmo?

Muitas séries de ação feitas no Japão não são apenas tramas com porrada sem qualquer contexto, há todo um trabalho dos autores em colocar alguma mensagem ou pensamento por trás das ações daqueles personagens, dando uma riqueza à trama. Pois bem, esse é o oposto de Record of Ragnarok, uma série sem qualquer intenção de discutir ou debater algum tema nas entrelinhas, a série existe apenas para mostrar porrada sem limites.

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Mesmo lidando com temas como o fim do mundo ou questionamento de deuses, o único propósito de Record of Ragnarok é mostrar personagens excessivamente musculosos participando de lutas sempre muito intensas e superlativas. A cada golpe dado, a cada movimento desferido, a cada grito da plateia, existe apenas o desejo dos autores de levar apenas um entretenimento sem qualquer tipo de profundidade. E é justamente isso que torna Record of Ragnarok uma obra bastante divertida.

O mangá original tem seus capítulos lançados mensalmente na Comic Zenon, e sua maior particularidade é o fato de ter sido produzida a seis mãos. Enquanto Shiniya Umemora cuida da trama e da pesquisa a respeito as figuras histórias, Takumi Fukui é o responsável por transformar aquele roteiro em um esboço mais desenhado. Por fim, o artista Ajichika pega esse rascunho produzido em conjunto pelos dois roteiristas e o transforma em um espetáculo visual cheio de linhas de ação e homens excessivamente musculosos, uma anatomia quase de quadrinho de herói dos EUA.

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Record of Ragnarok faz parte da demografia seinen, ou seja, é destinado ao público adulto e permite um palavreado mais pesado e cenas mais chocantes. Em momento algum os autores se preocupam com eventuais pudores: as páginas de Record of Ragnarok sempre estão privilegiando a ação com uma quadrinização bastante cinematográfica, é quase como ler um storyboard bem detalhado.

Superlativo é a palavra ideal para se falar da série, pois a série não tem qualquer limite ao mostrar os combates entre deuses e humanos. Assim como manda o clichê dos shonens de lutinha como Cavaleiros do Zodíaco e Yu Yu Hakusho, as batalhas são repletas de técnicas cada vez mais espalhafatosas, golpes sonoros e um desenho bastante detalhado. Quando um movimento não dá certo, pode ter certeza que o lutador vai tirar do éter alguma nova habilidade para provar sua força na próxima oportunidade. Logo na primeira luta, após Thor ficar em desvantagem contra Lü Bu, toda a espectativa é revertida quando o galã nórdico revela estar escondendo um poder ainda mais apelativo de seu martelo Mjolnir. A arma lendária ganha uma aparência de músculo e se torna um desafio extra para Lü Bu.

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Entre uma cena de luta e outra, a série é recheada de flashbacks sobre a vida anterior dos combatentes (com uma ou outra liberdade criativa), comentários da platéia do Ragnarok e cenas de humor muito espirituosas. Adão tem uma aparição bastante espalhafatosa e cômica: seu vulto surge em meio a um desfile de animais do Paraíso cristão, e o primeiro humano aparece no centro da arena com a mesma pose do quadro A Criação de Adão, de Michelangelo. Inclusive o próprio artista italiano faz uma ponta na cena, se mostrando encantado pela figura perfeita do primeiro filho do Deus cristão.

Se a história de Record of Ragnarok buscasse a coerência acima de tudo, seria bastante difícil os humanos se equipararem aos deuses mesmo com a força dada pelas armas das valquírias. Por sorte, os autores estão ali apenas pela bagunça e confusão, pois logo descobrimos que, tal qual a Casa dos Artistas do SBT, a única regra do Ragnarok é não existir qualquer regra. Em um determinado momento da luta entre Thor e Lü Bu a arena é invadida pelo fiel cavalo do general chinês, o que garante uma clara vantagem ao combatente. Os demais personagens, no entanto, relevam a ajudinha e ainda tentam justificar: "eles são praticamente uma única pessoa, então tudo bem", e ficou por isso mesmo. O importante mesmo é a porrada.

A animação de Record of Ragnarok ficou a cargo do diretor Masao Okubo, que na função já participou de alguns longa-metragens. Já a trilha sonora é de Yasuharu Takanashi, compositor de Fairy Tail, Naruto Shippuden e Sailor Moon Crystal (inclusive o filme é da Netflix), uma pessoa experiente para a tarefa. Por causa do foco quase exclusivo nos combates, o anime exigiria um estúdio de animação capaz de dar conta da espectativa, e o trailer mostrado pela Netflix parece revelar que houve um esforço nos combates. O estúdio Graphinica pode ter poucos animes em seu catálogo, mas trabalhou em alguns episódios de Hellsing Ultimate, de 2012.

Como acompanhar?

Felizmente os brasileiros terão várias oportunidades de acompanhar o torneio de Record of Ragnarok. Para começar, o anime estreará sua primeira temporada no dia 17 de junho na Netflix, com direito a dublagem em português. Entre as vozes conhecidas estão Alexandre Marconato (o Tenshinhan de Dragon Ball Z) como Thor e Francisco Junior (o Sir Crocodile de One Piece) como Lü Bu.

Já a versão em mangá também já tem data para chegar no Brasil e será lançada ainda este ano pela NewPOP Editora. A série, com o título original Shuumatsu no Valkyrie, foi anunciada no começo deste ano durante as comemorações de aniversário da editora de mangás e foi muito bem recebida pelos aficionados por mangá.