"Adorável" não é o primeiro termo que vem à mente quando o assunto é Sheila Rubin, a protagonista de Physical. Muito pelo contrário: a personagem de Rose Byrne já foi odiável tantas vezes desde que a série estreou no Apple TV+ que é difícil não considerá-la o que no bom português chamamos de “c*zona”. Curiosamente, esta é parte da razão para que a ambiciosa instrutora de aeróbica seja tão cativante — tanto para o espectador, quanto para os roteiristas.
“Como uma contadora de histórias, o desafio de redimir alguém incrivelmente difícil é apenas irresistível”, explicou Annie Weisman, a criadora da série, ao Omelete. “São personagens que te atraem apesar de tudo. E são esses ‘apesares’ que fazem uma boa história”. Não à toa, este perfil de protagonista se tornou uma tendência de uns anos para cá na TV norte-americana. No entanto, Physical se apresenta como um ponto fora da curva por um simples fato: ela tem uma mulher no centro da trama.
“Todas as séries que eu amo têm esses personagens, mas na sua maioria eles são homens. Família Soprano, Breaking Bad, Mad Men. [...] Queria criar uma personagem assim, mas que fosse uma mulher. E uma mulher que não tivesse constrangimento de ser mulher, que fosse feminina no tom, nas suas preocupações e interesses”.
E ela o fez. É verdade que há muito mais em Sheila do que sua capacidade de ser “c*zona”. Como bem colocou Weisman, esse tipo de personagem tem camadas e camadas para serem exploradas, e por trás das atitudes da heroína de Byrne existe muito mais do que a suposta pose de esposa/mãe/mulher "exemplar". A segunda temporada da série, inclusive, começa a revelá-las mais explicitamente.
Novos episódios de Physical chegam ao Apple TV+ todas as sextas-feiras. A primeira temporada completa já está disponível na plataforma.
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