Depois de roubar a cena com sua performance em The White Lotus, o ator Murray Bartlett voltou à TV na última sexta-feira (3) com a estreia da segunda temporada de Physical. Seu novo personagem, Vinnie Green, é um guru fitness de sucesso e, portanto, uma inspiração (e um concorrente) para a ambiciosa protagonista de Rose Byrne. Só com base nesse breve perfil já dá para perceber que Vinnie não compartilha as dores de cabeça do gerente de hotel Armond, que precisava fingir respeito com hóspedes arrogantes e mimados. No entanto, sem dúvidas há um ponto em comum entre os personagens — além, é claro, do carisma do seu intérprete. Tanto um, quanto o outro não tem embaraço em deixar transbordar seus sentimentos mais profundos e sombrios. E, para o ator, ter a oportunidade de interpretar papéis como esses é sempre um prazer.
“Particularmente agora, nesse momento bizarro no mundo, interpretar personagens que dão vazão para seus traumas e seus demônios é, de alguma forma, terapêutico. E me pergunto se isso tem a ver com o motivo de nos conectarmos tanto com eles. É certamente a razão para eu ter me relacionado com o personagem em The White Lotus. Ver alguém fazendo aquele tipo de coisa nos permite vivê-la em algum grau. [Pensamos] ‘é, isso é insano… mas eu gostaria de cagar na mala de alguém’ [risos]”.
Bartlett sabe que é raro encontrar papéis tão hipnotizantes quanto esses. “Ambos são tão bem escritos, me sinto muito sortudo. Mike White escreveu um personagem incrivelmente complicado em White Lotus e, do mesmo modo, Annie Weisman criou em Vinnie Green uma figura complexa e espetacular. Sabe, esses personagens não caem no seu colo todo dia”.
Physical/Apple TV+/Reprodução
DE VOLTA AOS ANOS 1980
Tendo crescido nos anos 1980, o ator já estava familiarizado com gurus fitness como o seu Vinnie Green e, por isso, não teve problema em encontrar referências para sua performance. “Definitivamente assisti muitos vídeos do Richard Simmons, e também do Ron Popeil, que foi uma espécie de rei dos infomerciais por aqui”, contou. Mas Bartlett admite que não precisava ter feito nada disso. “Muito já estava lá, no roteiro, então não tinha a necessidade de mergulhar assim nesse universo. Eu fiz porque era divertido [risos]. E eu recomendo. Eles são criaturas fascinantes, meio exageradas.”.
Revisitar os anos 1980, no entanto, também significou reencontrar uma sociedade ainda muito distante de aceitar pessoas LGBTQIA+. Isso porque seu personagem em Physical precisa esconder sua sexualidade para ser bem-sucedido. E, mesmo assim, isso não impede que as fofocas circulem nos bastidores e ele sofra com preconceitos. “Vinnie é um ótimo exemplo de um homem carismático, que você não tem certeza sobre como ele se identifica ou qual é sua sexualidade — e isso era comum com muitas figuras públicas na época. Elas eram amadas e celebradas por sua energia. Mas talvez fosse mais ‘fácil’ [deixar no ar a dúvida] do que se identificar como uma pessoa queer”.
Estrelados por Bartlett e Byrne, novos episódios da segunda temporada de Physical chegam ao Apple TV+ todas as sextas-feiras.
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