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Assassin's Creed | O que esperar do filme

Descrevemos trechos do longa e contamos mais detalhes sobre a produção; cuidado com os possíveis spoilers!

07.05.2016, às 13H53.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H26

Vindo dos elogiados Snowtown e Macbeth, Justin Kurzel não se diz interessado em participar de uma nova era dos filmes baseados em games. Seu objetivo em Assassin’s Creed, afirma, é apenas criar uma rica experiência cinematográfica. Porém, a julgar pelo trailer e pela sequência inicial do longa exibida em um evento especial da Fox, o diretor fará as duas coisas.

Usando uma história inédita - Callum Lynch, o personagem de Michael Fassbender, é descendente do assassino espanhol Aguilar, que viveu na Espanha no século XV - a produção consegue manter a fidelidade ao espírito da franquia, sem criar uma caricatura do game. Assim como Desmond, o primeiro protagonista nos consoles, Lynch vai descobrir que é descendente da sociedade dos assassinos e vai aprender as técnicas do clã por meio das memórias genéticas de seu ancestral. Uma fórmula que deve funcionar para os fãs da série e para o público que sequer ouviu falar do jogo.

O trailer, que ainda não tem previsão para ser divulgado para o público, começa com Lynch na prisão, seguindo para o seu despertar aos olhos da Dra. Sophia Rikkin (Marion Cotillard) em uma sala da Abstergo, a mega corporação comandada pelos templários. Ela comunica que ele foi declarado morto, que oficialmente não existe mais. Diálogos em off situam a trama, enquanto a montagem simula a entrada na Animus. Entra em cena Aguilar De Nehra, acompanhado pela assassina Maria (Ariane Labed) na Espanha da Inquisição, em uma montagem rápida de ação, com perseguições e parkour por cenários do século XV. A prévia também revela o conceito do longa de manter Lynch em movimento dentro da Animus, que funcionará como um palco tridimensional, por onde ele vai correr, escalar, saltar...A ideia é intercalar a parte histórica com o ambiente de ficção científica do presente. O vídeo termina com o "Leaph of Faith" e movimentos de câmera vertiginosos como no game.

As promessas do trailer se concretizam na sequência inicial do longa, exibida ainda na sua versão crua. Assassin’s Creed começará na infância de Callum Lynch, que descobre em uma tragédia que “seu sangue não é seu”. Passados 28 anos, ele está no corredor da morte, prestes a ser executado por ter matado um homem em uma violenta briga de bar. Descrito por um guarda como um prisioneiro calmo, ele passa seus dias desenhando “figuras de horror de outros tempos”. Ao receber um padre em sua cela, Lynch mostra pouco interesse em orações, preferindo escutar um trecho de “After Apple-Picking”, de Robert Frost (poema sobre sono e sonhos que sua mãe recitava para ele). A montagem segue para a execução, com a preparação da morte sendo intercalada com uma entrevista de Alan Rikken (Jeremy Irons), diretor da Abstergo e pai da Dra. Sophia Rikken, que diz estar prestes a desvendar o DNA da violência.

Lynch é observado pela Dra. Rikken ao receber a injeção fatal. Imagens da sua vida são intercaladas com cenas de violência, em uma montagem rápida. Ele desperta em Abstergo, onde ela explica o plano para removê-lo da prisão e promete responder todas as dúvidas que Lynch carrega desde a infância, desde que ele aceite ajudá-la, participando dos seus experimentos. Ele foge. Ainda sobre o efeito de drogas pesadas, deixa a sala se arrastado pelo chão, reunindo aos poucos forças para correr. A Dra. Rikken ordena que ele não seja perseguido.

Da sala de segurança, um guarda observa pelos monitores, enquanto Alan Rikken vê tudo de seu luxuoso escritório. Lynch atravessa corredores, cruzando o caminho de outros que parecem estar na mesma situação como prisioneiros/pacientes. A paleta de cores é formada por brancos, cinzas e beges. Ele chega em uma sala com vegetação, onde encontra um grupo trabalhando nas plantas e uma mulher fazendo tai chi.

São membros da irmandade dos assassinos como ele, segundo a descrição oficial dos personagens: Moussa (Michael Kenneth Williams), descendente de um assassino do Caribe, que usa veneno Voodoo contra os seus inimigos; Nathan (Callum Turner), cujo descendente esteve envolvido em alianças entre os templários e os assassinos, o que o alimenta a sua desconfiança de tudo e de todos; Lin, uma assassina precisa e mortal cuja origem genética na irmandade remete a China do Século XVI; Emir (Mathias Verala), descendente de um assassino do Oriente Médio; e a jovem Lara (Coco König), favorita de Alan Rikken, que desenha imagens das sessões de outros “prisioneiros” na Animus e guarda segredos sobre a verdadeira busca da Abstergo.

Lynch se equilibra na borda de uma janela. Um prédio moderno contrasta com a paisagem de Madri. A Dra. Sophia Rikken o convence a não pular, mas é traída pelos guardas, que atiram tranquilizante no prisioneiro. O trecho termina deixando claro que as intenções da médica contrastam com as do seu pai. Enquanto ela busca “melhorar a humanidade”, ele esconde seu interesse em um misterioso artefato, que daria aos templários poder sobre os assassinos e cujo paradeiro estaria escondido nas memórias de Lynch.

Em outra sequência, uma cena de perseguição pela Espanha do século XV mostra Aguilar e Maria em ação. A câmera se mantém próxima aos personagens, que passam por corredores estreitos. Os movimentos são rápidos, quase frenéticos. Durante uma luta, Aguilar saca o arco e flecha com a câmera assumindo rapidamente a primeira pessoa. A sensação é de imersão, mesmo sem o controle dos movimentos como no game.

Ainda não finalizado na pós-produção, o trecho mostra uma das formas como Kunzel pretende misturar passado em presente. Em sequências de salto e escalada, por exemplo, vemos Aguilar historicamente paramentado começar o movimento, que é executado por Callum Lynch, em uma sala cinza, com uma simples regata branca. A cena termina com a dupla subindo uma catedral em construção, prometendo outro cenário clássico dos jogos.

Os vídeos e o material oficial sobre o filme entregue a imprensa também revelam como outros elementos do game serão incorporados. A águia é uma presença constante, aparecendo desde a abertura, como uma ligação entre os trechos da história. Termos como dessincronização e “bleeding effect” estão presentes, mostrando os perigos da Animus, que pode levar seus usuários a insanidade. Além disso, a parte histórica não foi deixada de lado, contando com a consultoria dos especialistas da Ubisoft. A escolha pelo período da Inquisição Espanhola permitirá interações interessantes, tendo Tomás de Torquemada como um templário usando a violenta tentativa de manter o catolicismo na região para os seus próprios fins.

Kurzel, que confessa nunca ter tido contato com o game até receber o convite de Fassbender para comandar o longa, parece ter a distância necessária para levar para a tela todo o potencial da franquia Assassin’s Creed. O pouco visto foi empolgante, uma sensação de encantamento parecida com a despertada pelo jogo na sua primeira versão, em 2007. Um novo universo se revela para o cinema, com possibilidades criativas para a narrativa e para a ação. Que venha a era de ouro dos games nas telas.

Assassin’s Creed chega aos cinemas no dia 21 de dezembro nos EUA e em 19 de janeiro de 2017 no Brasil. O Omelete ainda vai publicar diversos conteúdos sobre o longa, incluindo a nossa visita ao set. Fique ligado!