Matt Reeves dirige Robert Pattinson no set de Batman (Reprodução)

Filmes

Artigo

Quem é Matt Reeves, o diretor do novo Batman?

Antes do filme do Homem-Morcego, americano fez Cloverfield e Planeta dos Macacos

22.02.2022, às 10H14.
Atualizada em 25.02.2022, ÀS 12H49

Matt Reeves é um dos nomes mais quentes do momento. Enquanto a estreia do seu Batman se aproxima (é em 3 de março!) o nativo de Long Island, nos EUA, se vê diante do maior holofote de sua carreira - em muitos sentidos, a culminação de uma jornada que começou aos 8 anos de idade, quando ele ganhou uma câmera dos pais e começou a fazer filmes estrelados por seus amigos e parentes.

Conheça mais sobre o diretor (seus filmes, sua vida e algumas curiosidades) abaixo:

Amizade de longa data com J.J. Abrams

Matt Reeves com o amigo J.J. Abrams (Reprodução/YouTube)

Reeves conheceu outro cineasta famoso de sua geração, J.J. Abrams, quando os dois tinham 13 anos de idade. Unindo forças, os adolescentes gravaram alguns curtas-metragens que foram exibidos pela estação de TV local Z Channel, e chamaram a atenção de Steven Spielberg, que os contratou inicialmente para restaurar alguns vídeos antigos que havia gravado em Super 8.

Após se formar em cinema pela Universidade da Califórnia (onde foi pupilo do roteirista e quadrinista Jeph Loeb, futuro chefe da Marvel Television), Reeves se reuniu com Abrams para criar a série Felicity, que ficou no ar entre 1998 e 2002, e catapultou a carreira de ambos. Apesar de alguns elementos fantasiosos, incluindo os feitiços da colega de quarto gótica de Felicity (Keri Russell), a série era largamente um (ótimo) drama universitário, bem distante do material pelo qual Reeves e Abrams ficariam conhecidos no futuro.

Tinha um Cloverfield no meio do caminho…

É até difícil explicar, para quem não acompanhou, o frisson causado por Cloverfield: Monstro (2008, disponível no Telecine e no Paramount+) nos meses antes e depois de seu lançamento nos cinemas. A campanha viral orquestrada pelo produtor J.J. Abrams e pela Paramount foi genial, com um teaser sem título incluído em sessões de Transformers pelo mundo, um ano antes do lançamento de fato do longa, e materiais relacionados (até uma prequel em mangá rolou!) para atiçar a especulação da internet.

É a direção de Reeves que faz Cloverfield funcionar, no entanto. Idealizado em formato found footage, estilo conhecido por seu uso em filmes mais voltados para o terror, como A Bruxa de Blair e [Rec], Cloverfield cria uma Nova York claustrofóbica e genuinamente perigosa, tudo enquanto nos dá uma mitologia em pedacinhos e nos faz procurar cada frame de cada cena por um vislumbre do monstro do título, pouco visto mas muito ouvido pelos personagens.

O cineasta também produziu as duas continuações do filme: Rua Cloverfield, 10 (2016, disponível no Prime Video e no Telecine) e O Paradoxo Cloverfield (2018, disponível na Netflix).

Ave, Caesar!

O segundo grande projeto de Reeves pré-Batman foram os dois filmes finais da franquia Planeta dos Macacos da Fox. Empurrando a história dos macacos inteligentes iniciada pelo diretor Rupert Wyatt em Planeta dos Macacos: A Origem às últimas consequências em O Confronto (2014) e A Guerra (2017), ele criou uma das sagas blockbuster mais elogiadas e bem-sucedidas da memória recente - são mais de US$ 1,2 bilhão de bilheteria entre os dois filmes.

Ambos os títulos foram indicados ao Oscar de melhores efeitos visuais, embora os fãs quisessem mesmo uma indicação inédita para Andy Serkis por seu trabalho de captura de performance como Caesar, o líder dos macacos nos filmes. A trilogia completa está disponível para streaming no Star+.

Vampiros e projetos cancelados

Fora dessas duas grandes franquias, a carreira de Reeves é bem diversificada: ainda em 1996, ele fez a comédia romântica O Primeiro Amor de um Homem, estrelada por David Schwimmer e Gwyneth Paltrow; enquanto em 2010 comandou o ótimo remake de Deixe-me Entrar (disponível no NOW), romance teen de vampiros com Chloë Grace Moretz e Kodi Smit-McPhee, um dos poucos filmes americanos inspirados em sucessos europeus que são tão bons quanto os originais.

Ainda mais interessantes são os projetos dele que nunca viram a luz do dia, lista que inclui uma versão para o cinema da clássica série antológica Além da Imaginação, desenvolvida entre 2011 e 2012 pela Warner, que depois decidiu retornar a franquia para a TV; e uma adaptação de Mouse Guard, a violenta HQ sobre ratinhos medievais do quadrinista David Petersen - este filme foi cancelado por causa da compra da 20th Century Fox pela Disney, já que o estúdio do Mickey não queria um conteúdo “não familiar” em seu nome.

Bat-fã

Quando a Warner Bros. abordou Reeves para fazer o seu filme do Batman, a ideia ainda era manter Ben Affleck no papel - e, inclusive, filmar um roteiro escrito pelo astro, que focava na ação e no aspecto detetivesco do personagem. Como fã de longa data do Homem-Morcego, Reeves reconheceu que esta era uma visão válida do herói, mas precisou recusar o trabalho.

Eu disse que, para mim, teria que ser pessoal. Eu teria que saber dentro de mim para onde ir com a história, e como queria filmá-la", comentou ele à Esquire. "Para minha surpresa, a Warner simplesmente disse: 'Quer saber? Realmente queremos que você faça isso, e vamos esperar'".

O resultado foi não só o filme que vai sair em março, como todo um novo universo para explorar. Reeves já anunciou duas séries derivadas para a HBO Max, uma focada no Pinguim (Colin Farrell) e outra no departamento de polícia de Gotham City, e deu a entender que a Mulher-Gato (Zoë Kravitz) também pode ganhar seu próprio projeto solo.

"É claro que eu quero criar um Bat-verso completo", admitiu ele à EW. "É difícil porque, quando você escreve uma história, não quer escrevê-la pensando: 'Esse é só o capítulo 1'. Talvez você não tenha oportunidade de fazer um capítulo 2, então é melhor que a história se sustente sozinha. Mas o mundo de Batman é tão rico que é impossível ir chegando ao final de sua história e não começar a pensar no que vem a seguir".