Tiros. Um corpo no chão. Uma tragédia capaz de mudar a vida de Bruce Wayne. Não, não se trata da zilionésima versão dos eventos que levaram à criação do Batman, mas de Officer Down, uma saga em sete partes que promete abalar as estruturas de Gotham City em janeiro (nos EUA, é claro). A série começa em Batman 587, quando o comissário James Gordon é baleado com três tiros nas costas ao sair de uma festa em sua homenagem. A partir daí, a trama se desenrola pela maioria dos bat-títulos do mês (Robin 86, Birds of Prey 27, Catwoman 90, Nightwing 53, Detective Comics 754 e Gotham Knights 13, com reflexos também em Batgirl 12). As capas de todas as edições (exceto Batgirl) terão arte pintada de Durwin Talon.
A exemplo dos fatos de Terra de Ninguém (mega-saga do Homem-Morcego que mostra a destruição de Gotham e está sendo publicada pela Abril), os eventos de Officer Down trarão drásticas mudanças no status das principais personagens da série, alterando definitivamente suas vidas. É o que garante o editor Bob Schreck, que falou com exclusividade ao Omelete sobre os motivos que levaram à concepção da série. Officer Down nos dá oportunidade de reexaminar esta relação-chave que foi um dos cânones de Batman por tanto tempo. A saga abala as coisas e obriga os leitores a verem aspectos tanto de Batman quanto de Gordon que podem ter passado despercebidos no passado. Schreck faz segredo sobre o destino final de Jim Gordon e a identidade de seu eventual sucessor à frente do Departamento de Polícia de Gotham City, mas garante que as mudanças serão grandes e muito definitivas.
O pontapé inicial da série, em Batman 587 - a cargo do escritor Greg Rucka, com arte de Rick Burchett e Rodney Ramos -, mostra quando Gordon é baleado pelas costas ao deixar um bar. A Mulher-Gato é vista na cena do crime e torna-se a principal suspeita. Em Robin 86, escrita por Ed Brubaker com arte de Pander Bros., começa a caçada à criminosa felina, enquanto o comissário encontra-se em condição crítica no hospital e Batman toma conhecimento da difícil situação de seu velho amigo.
Em Birds of Prey 27 - texto de Chuck Dixon, arte de N. Steven Harris e John Nyberg-, Bárbara Gordon, a Oráculo, reúne Robin, Asa Noturna, Azrael e Batgirl para encontrar a Mulher-Gato antes que a polícia o faça. Quando isso ocorre, em Catwoman 90 - texto de Bronwin Carlton, arte de Mike Lilly e Wayne Faucher -, a criminosa revela informações que podem mudar todas as convicções estabelecidas sobre o caso.
Em Nightwing 53 - texto de Devin Grayson, arte de Joyce Chen e John Lowe -, Asa Noturna e Oráculo dão novos rumos à investigação e revelam a verdade sobre o autor do atentado. Em Detective Comics 754 - texto de Nunzio DeFilipps, arte de Michael Collins e Jesse Delperdang -, a polícia finalmente encontra a pessoa que estava procurando, mas o tempo está contra eles, e mesmo o Batman falha em trazer o pretenso assassino à justiça. Gotham Knights 13, escrita por Greg Rucka com arte de Burchett e Ramos, conclui a série, com James Gordon enfrentando seu destino, e o Homem-Morcego precisa encarar a possibilidade de perder um de seus mais valiosos aliados.
Personagem surgiu junto com o herói
O comissário Gordon é o mais antigo coadjuvante da série do Batman. A personagem estreou junto com o herói em maio de 1939, na revista Detective Comics 27. No começo, sua meta era prender o Homem-Morcego, por não saber se de que lado da lei ele estava. Logo, porém, uma poderosa aliança foi formada, tornando o veterano policial um dos mais importantes pontos de apoio da série por mais de 60 anos.
A personagem passou a receber mais destaque individual a partir do mega-sucesso O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns, 1986), de Frank Miller, que ressaltou a importância de Gordon para a cruzada do Batman. Mas o reconhecimento também marcou o início do inferno astral do chefe do Departamento de Polícia de Gotham. Ele viu seu casamento ir por água abaixo, enterrou o irmão, a cunhada e a ex-esposa, viu o Coringa balear e aleijar sua filha adotiva, foi seqüestrado, torturado, sofreu um infarto, assistiu à destruição de sua cidade e de seu segundo casamento. Agora, parece que a fama cobra seu preço final. Parafraseando o Engenheiros do Havaí, o pop não poupa ninguém.
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