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CCXP22 | Aimée de Jongh lança HQ sobre refugiados

Quadrinho é um dos mais baratos no evento

02.12.2022, às 10H42.
Atualizada em 02.12.2022, ÀS 14H15

Quando a crise dos refugiados estourou, Aimée de Jongh descobriu que jornalistas não podiam entrar com câmeras nos campos que recebiam gente da Síria, Afeganistão, Iraque e outros países para buscar vida melhor na Europa. Seria um choque para o mundo ver as condições de vida nos campos. Porém, entrar com bloquinho e caneta era autorizado. Foi o que ela fez.

O primeiro resultado dessa visita foi A Sala de Espera da Europa, quadrinho que está sendo lançado pela Conrad na CCXP com a presença de Jongh – também autora de Táxi (Conrad), A Obsolescência Programada dos Nossos Sentimentos (com Zidrou, na Pipoca & Nanquim) e Dias de Areia (Nemo).

O novo trabalho é um quadrinho-reportagem sobre os sete dias que ela passou em um campo de refugiados na Grécia, acompanhada da quadrinista Mei-Li Nieuwland (que também está na CCXP).

É uma HQ curtinha, de 25 páginas. Foi produzida originalmente para o site do jornal holandês NRC. A edição brasileira é a primeira versão impressa no mundo (com tradução de Andressa Lelli). Faz parte da iniciativa HQ para Todos da Conrad, de HQs mais baratas, e custa só R$ 14,90.

(Durante o painel da editora, também foi anunciado que a HQ terá uma versão digital gratuita em português, em janeiro.)

“As pessoas nos campos não têm casas”, contou Aimée de Jongh durante o painel da quinta-feira na CCXP 22. “As famílias vivem em containers com beliches, o espaço é mínimo e tem gente que fica lá um ano ou mais.”

Ela conta que ficou chocada com os traumas de quem estava nos campos, principalmente as crianças. “Não tinha acompanhamento psicológico, não tinha médicos. O que tinha era comprimidos que davam para as pessoas se acalmarem. É o pior lugar para se viver.”

Embora a visita ao campo de refugiados tenha acontecido em 2017, ela diz que ainda está processando tudo que viu e quer transformar em uma HQ maior.

“Essa é a grande Europa e ainda temos crianças dentro de jaulas”, ela declarou durante o painel.

Aimée de Jongh está presente nos quatro dias de CCXP, com mesa no Artists’ Valley. Disse que ainda não conhece o quadrinho brasileiro, mas que está muito contente com a recepção de seu trabalho por aqui – e particularmente com a publicação de A Sala de Espera da Europa, “numa edição acessível a todo mundo.”