Divulgação

CCXP

Artigo

CCXP Worlds | Emil Ferris relembra superação na criação de premiada HQ

Autora superou paralisia e até a fome durante produção de Minha Coisa Favorita É Monstro

04.12.2020, às 16H21.

À primeira vista, é possível dizer que a carreira de Emil Ferris teve uma meteórica ascensão em 2017 com o lançamento de Minha Coisa Favorita É Monstro, publicação produzida inteiramente com canetas BIC que venceu os principais prêmios de quadrinhos nos anos seguintes. O que poucos sabem é que seu trabalho de estreia foi resultado de uma longa jornada de superação que envolveu paralisia e até fome. Durante o painel na CCXP Worlds, a autora relembrou que a HQ começou justamente como uma forma de fisioterapia.

Com uma grande carreira como designer, Ferris viu sua vida mudar drasticamente ao ser contaminada com a Febre do Nilo Ocidental, que a paralisou da cintura pra baixo e também sua mão direita. Durante o painel conduzido pela editora e jornalista Isabelle Felix, ela revelou que voltou a desenhar por incentivo de sua filha, que colou uma caneta em sua mão com fita adesiva para que pudessem produzir juntas. “Foi difícil demais e durou uma vida, mas me fez voltar. Ela fez isso por mim, ela é incrível. Foi aí que voltei a me recuperar, mas levaram anos de trabalho para recuperar”.

Após retomar seu trabalho artístico, a autora começou a trabalhar em Minha Coisa Favorita é Monstro. Ela relembrou que a produção causou diferentes sentimentos, já que estava passando por grandes problemas. “Estava sem dinheiro e no último ano de trabalho na HQ não conseguia comer a não ser que fosse ao mercado e pedisse. Estava fazendo tudo que podia para conseguir dinheiro para comer, e não queria parar”.

Afirmando que se candidatou a mais de 16 empregos, ela se viu deprimida mas seguia em frente. Em partes, por conta da sensação boa que produzir a história causava: “no fim estava muito deprimida, mas quando trabalhava me livrava desse sentimento, então apenas continuei trabalhando”.

Após concluir o quadrinho, Emil Ferris iniciou a etapa de tentar vender a publicação para editoras - que se mostrou tão difícil quanto o restante do processo. Questionada sobre as 48 editoras que recusaram a publicação, a autora se mostrou compreensiva com o medo de grandes empresas em apostar em algo tão diferente. “Acho que é da natureza humana querer fazer a mesma coisa sempre, mas sabemos que não é isso que nos faz felizes. Sabemos que é fazer algo perigoso”. Ela citou que uma de suas principais inspirações para seguir em frente foi Stephen King, que jogou o manuscrito inicial de Carrie fora e só retomou após ser incentivado por sua esposa.

Em 2017, Minha Coisa Favorita é Monstro finalmente foi publicada e o sucesso foi estrondoso. Além de um número de vendas expressivo, a HQ saiu vencedora em premiações e festivais como Eisner, Angoulême e Ignatz. Questionada sobre a sensação de vencer esses prêmios, Emil Ferris afirma que é muito bom, considerando as dificuldades e quão longe a história a levou. Porém, sua maior satisfação está mais ligada a outra questão:

“Você cria esse mundo imaginário e reza para que as pessoas queiram viver nele, porque é tudo o que você quer. E então se você tem muita sorte, como eu, as pessoas decidem viver nesse mundo que você criou e esse é o maior presente que podem dar a sua HQ”, afirmou. “Esse é o maior prêmio que eu poderia ganhar, muito obrigada por isso”.

Segundo a autora, é importante para ela contar sua jornada da forma mais sincera possível. “É assim que gosto de contar a história do meu fracasso, gosto que as pessoas entendam que não é sobre quantas vezes você cai, mas quantas você levanta”.

A CCXP Worlds: A Journey of Hope, primeira edição 100% digital do maior evento de cultura pop do mundo, acontece entre os dias 4 e 6 de dezembro de 2020. Os ingressos gratuitos e os pacotes especiais, que dão direito a atrações e brindes exclusivos, estão disponíveis no site www.ccxp.com.br.

Nesta sexta (4), a Paramount apresenta seus próximos lançamentos, incluindo a nova versão de O Poderoso Chefão 3, o elenco de The Walking Dead: World Beyond conta como a série expande o universo de TWD, e a Globo traz um elenco estrelado, incluindo Taís Araújo e Lázaro Ramos. No lado dos quadrinhos, é o dia do homenageado Neil Gaiman, além de nomes como Jeff Smith e Matt Fraction.

Acompanhe a cobertura completa no site, Twitter e Facebook do Omelete.