Furiosa e Era Uma Vez um Gênio (Reprodução)

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Artigo

Esta obra pouco vista de George Miller tem tudo a ver com o novo Mad Max

Furiosa - ao menos, pelo trailer - é continuidade artística de Era Uma Vez um Gênio

30.11.2023, às 21H24.
Atualizada em 01.12.2023, ÀS 21H14

Achou o trailer de Furiosa: Uma Saga Mad Max um arraso absoluto? Você não está sozinho! Contando a história de origem da personagem-título (Anya Taylor-Joy), começando de quando ela é raptada de sua família e levada até Immortan Joe por um mercador inescrupuloso interpretado por Chris Hemsworth (irreconhecível de nariz prostético), o filme vai cobrir 15 anos de mitologia do universo Mad Max e trazer de volta aquela energia maníaca que fez de Estrada da Fúria um dos melhores filmes de ação de todos os tempos.

Mas, se vocês me permitem a editorialização, talvez tenha um filme do currículo de George Miller que vá passar despercebido nas discussões sobre Furiosa - e não deveria. Falo de Era Uma Vez um Gênio, romance de fantasia protagonizado por Idris Elba e Tilda Swinton, que chegou no ano passado aos cinemas brasileiros sem grande alarde, apesar de passagens elogiadas por festivais europeus e da estrela inegável de seus protagonistas. Não só este é um belo filme de amor, como bem destacamos na nossa crítica, mas também é uma experiência estética que tem tudo a ver com Furiosa.

Isso porque, como os fãs de Estrada da Fúria podem ter notado, esta prequel tem muito mais cores (assim mesmo, no plural) do que o filme de 2016. Sai de cena a dominação laranja e arenosa de Estrada, tão monocromático em sua concepção que até ganhou uma versão em preto-e-branco aclamada pelos fãs e pela crítica, e entram sequências que abusam de um preto profundo (como na fuligem que cobre a cara de Taylor-Joy em sua primeira aparição), um azul noturno invernal, um horizonte distante pintado de amarelo bebê, e por aí vai. Tudo isso em menos de três minutos!

Por falar naquele horizonte, ele entrega também que Furiosa é infinitamente mais um filme de estúdio do que Estrada da Fúria. Os espaços abertos gigantescos do deserto, que marcaram a franquia Mad Max desde sua concepção, agora são pintados com o filtro irreal do CGI, num estilo onírico que lembra muito mais Era Uma Vez um Gênio do que qualquer coisa pregressa da saga.

Afinal, por mais que Mad Max esbarrasse no camp ao escalar Tina Turner em Além da Cúpula do Trovão, ou ao acelerar as acrobacias automotivas das cenas de ação como um desenho animado (o que volta a acontecer no trailer, para os nostálgicos de plantão), essa franquia sempre prosperou em sua realidade distópica. Afinal, parece que só o que se fala quando se fala em Mad Max é o quão inacreditável é o fato de que as corridas são encenadas para valer, e o quanto ele renovou o cinema de ação com sua abordagem pé-no-chão.

Bom, veja só: Furiosa tem tudo para ser o mais irreal, o mais assumidamente artificial, dessa saga. Reflexo da trajetória de um diretor que sempre foi resolutamente eclético (o cara dirigiu Babe e Happy Feet nos “intervalos” de Mad Max, pessoal!), e que encontrou na terra dos sonhos de seu romântico Era Uma Vez um Gênio uma infinitude de possibilidades que ele não pode mais ignorar. E, se é um sonho febril que ele quer nos entregar dessa vez, quem somos nós para dizer não?

CCXP23 contará com presença de diversas estrelas e paineis dos lançamentos mais aguardados dos próximos meses.

Na sexta-feira, Junji Ito passa pelo evento e Zack Snyder e o elenco de Rebel Moon sobem ao palco para a primeira exibição do filme da NetflixNo sábado, o elenco e equipe de Fallout, nova série do Prime Video, apresentam a produção, Jodie Foster e mais promovem a nova temporada de True Detective e o elenco de House of the Dragon Auto da Compadecida 2 também passam pelo Palco Thunder by Claro TV+. O evento termina no domingo após paineis de Mamonas Assassinas, Monarch - Legado de Monstros e o tradicional encerramento do Warner Studios, que conta com os elencos de Aquaman: O Reino Perdido, Duna - Parte 2 e Godzilla vs. Kong.